Ribeirão Preto, Domingo, 13 de Fevereiro de 2011

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Jovem arrisca a vida em rodeio clandestino

Arenas improvisadas, que não têm estrutura e segurança para público e novos peões, são usadas em Ribeirão

Depois de montar num evento irregular na cidade, peão de 19 anos foi pisoteado por touro e ficou 22 dias em coma

Márcia Ribeiro/Folhapress
Competidor monta um touro num rodeio clandestino da Companhia de Rodeio Guri, na estrada do Piripau, em Ribeirão

HÉLIA ARAUJO
DE RIBEIRÃO PRETO

"O sonho do meu filho era ser peão famoso em Barretos", conta o auxiliar de pedreiro Carlos Alberto Tavares, 46. Mas um acidente num rodeio clandestino acabou com as esperanças de Éder Luís Lima Tavares, 19.
Há quase um mês, ele está internado num hospital após ter sido pisoteado por um touro pesando mais de 500 quilos. Os médicos, segundo o pai, dizem que ele não vai mais poder montar.
Éder é apenas um das dezenas de jovens que se arriscam nesses rodeios. As montarias ocorrem todos os finais de semana sem estrutura mínima de segurança.
Não há ambulatórios nem ambulâncias que possam prestar socorro caso algum peão se acidente.
No caso de Éder, ele foi levado à Unidade de Emergência do HC (Hospital das Clínicas) de Ribeirão no carro de um dos organizadores do rodeio. Ficou 22 dias em coma.
O golpe do boi atingiu o abdômen de Éder, que teve uma grave ruptura de fígado e da artéria hepática. O pai diz que o jovem vai sobreviver, mas com sequelas.
"Fico triste pelo sonho dele, mas farei o possível para que ele esqueça esse mundo dos rodeios", disse Tavares.

IMPROVISO
A Folha esteve, no último domingo, em dois locais onde os rodeios são realizados em Ribeirão. Num deles, nos fundos de um bar na estrada do Piripau -zona rural da cidade-, Éder sofreu o acidente. No outro, no Jardim Porto Seguro, a situação é similar.
Pior: o diretor de rodeio da associação Os Independentes, de Barretos, Marcos Abud Wohnrath, afirma que o problema é generalizado. Pode ser achado em várias cidades do Estado, principalmente nas menores e mais próximas da capital.
Os próprios organizadores admitem que não têm autorizações para realizar os eventos, mas não veem riscos para a prática.
Mas a reportagem constatou o contrário. Até o público corre riscos, já que as arenas são improvisadas -uma delas é cercada por ripas finas de madeira.
Os touros também são vítimas, pois ficam horas confinados em corredores estreitos e são maltratados com socos e chutes com esporas antes e após entrar na arena.
No entanto, nada disso parece preocupar os peões que frequentam os eventos.
A maioria, amadores, não usa equipamentos de segurança, como coletes e capacetes, e conta com a sorte quando caem do touro.
Num dos rodeios, eles pagam R$ 10 cada um para competir e, em datas especiais, disputam prêmios, como motocicletas.


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