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Chuva "assombra" início da safra de cana
Precipitação em excesso prejudicou safra passada e foi responsável pela alta do preço do álcool nos postos nos últimos dias
Presidente de associação de plantadores diz que açúcar recuperável por tonelada foi o pior da história na safra colhida em 2009/10
JEAN DE SOUZA
DA FOLHA RIBEIRÃO
A safra 2010/11 de cana-de-açúcar na região Centro-Sul do
país começou "assombrada"
pelo mesmo excesso de chuvas
que prejudicou a safra passada
e que foi responsável pelo aumento do preço do etanol nos
postos de combustíveis da região nos últimos dias.
O começo ruim para a atual
safra está ligado à sua antecipação, para que pudesse ser colhida a cana que sobrou nas lavouras do período de colheita anterior, bastante afetada por um
período de chuvas atípicas.
"A safra deste ano, a rigor, é a
safra que não aconteceu no ano
passado em termos de volume
de cana e produtividade da matéria-prima", disse o diretor da
Unica em Ribeirão, Sérgio Prado. O preço do álcool na usina
subiu 18,7% em uma semana.
Mas começar a cortar e moer
mais cedo significou para os
produtores enfrentar, de novo,
as chuvas, desta vez as que marcam o final do verão, em março.
Dados da Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar) divulgados ontem apontam que,
no mês passado, foram moídas
11,5 milhões de toneladas de cana. Do total, 6,5 milhões pertencem à nova safra -o resto é
da safra anterior.
O fechamento da safra
2009/10 mostra que a produção de cana no Centro-Sul foi
7,32% maior que a obtida na safra 2008/09. O total processado, no entanto, foi corroído pela qualidade do produto. Na safra que se encerrou em 2010, o
índice de ATR (Açúcar Total
Recuperável) foi de 130,25 quilos por tonelada, queda de
7,07% na comparação com a safra que terminou em 2009.
De acordo com o presidente
da Canaoeste (Associação dos
Plantadores de Cana do Oeste
do Estado de São Paulo), Manoel Ortolan, a taxa de ATR da
safra recém-finalizada foi a menor da história da lavoura.
Como os produtores recebem pelo peso do açúcar extraído, ele avalia a safra encerrada
como "muito ruim, em que o
produtor perdeu muito".
A questão da produtividade
tem persistido na safra atual,
mas o problema é outro. Segundo Ortolan, a cana que sobrou
nos canaviais tem menor qualidade por causa de brotação irregular e problemas com fungos,
por exemplo. "É uma cana mais
pesada, com mais massa, mas
de qualidade ruim", disse. Aliados ao regime chuvoso, esses fatores fizeram o ATR cair desde
o início da safra. Na primeira
quinzena de março, a taxa de
açúcar ficou em 101,22 por tonelada, índice que caiu para
98,33 na segunda quinzena.
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