Ribeirão Preto, Domingo, 13 de Maio de 2001

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QUESTÃO AGRÁRIA
Confronto entre grupos já provocou a detenção de 46 pessoas e a destruição parcial de um ônibus
Disputa revela "movimento violento"



DA FOLHA RIBEIRÃO

A ocupação do MLST e a consequente disputa de espaço entre dois grupos em Barretos demonstrou o lado violento do movimento pela reforma agrária na região de Ribeirão Preto.
Desde a invasão da fazenda Queixada, pelo menos 46 pessoas foram detidas, um ônibus foi parcialmente destruído e uma arma de fogo foi apreendida com um líder de grupo.
As ameaças, até de morte, são feitas abertamente pelos líderes do MLST e sem-terra ligados ao Sindicato de Trabalhadores Rurais de Barretos.
O comando do MLST acusa a direção do MST em Barretos de ser a responsável pelo início do conflito durante uma tentativa de invasão à fazenda ocupada na madrugada da última terça.
De acordo com o coordenador nacional do MLST, Bruno Maranhão, o grupo possui estratégias para resistir a novas tentativas de invasão de qualquer movimento.
"Eu participei na luta armada na época do regime militar e falo: aqui, eles [o grupo rival" não entram. Há dois dias, eles tentaram entrar pelos fundos da fazenda. Foram duas horas de troca de tiros, mas não entraram", afirmou.
Maranhão esteve anteontem no acampamento de Barretos, onde participou de uma assembléia com o grupo para decidir se irão cumprir a ordem judicial de reintegração de posse. O prazo para a saída das famílias encerra hoje.
Antes da reunião, os coordenadores regionais afirmaram que a posição do grupo era resistir até mesmo à tropa de choque. "Essa é a nossa filosofia: resistir. Em Uberlândia (MG), colocamos fogo no carro da polícia, foi o maior pau", afirmou Jean Gomes, 23, coordenador regional do MLST de Barretos.

Consequência
Um grupo de alunos da Unesp (Universidade Estadual Paulista) de Franca, que vinha prestando apoio às famílias, suspendeu os trabalhos em razão da luta entre os grupos. "Enquanto não houver uma definição, os trabalhos estarão suspensos. Não tomaremos partido, pois não sabemos quem tem razão", disse Marcos Rogério Souza, coordenador do centro acadêmico.


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