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CULTURA ALTERNATIVA
Repertório vai do simbolismo ao concretismo
Grupo faz de bares e postos o seu palco
CLAYTON FREITAS
FREE-LANCE PARA A FOLHA RIBEIRÃO
Poesias de Carlos Drummond
de Andrade e Arnaldo Antunes
declamadas e encenadas em bares, postos de combustíveis, ruas
e até portas de supermercados de
Franca (88 km de Ribeirão). Essa
é a proposta do grupo de teatro
Poetas Sabáticos, que, de forma
independente, procura levar arte
e cultura aos locais mais inusitados da cidade.
Eles apresentam esquetes (cenas curtas) em que abordam temas como crítica de costumes,
política e situações que envolvem
diferenças sociais e cotidiano.
A idéia partiu de um grupo de
oito amigos, que trata o teatro como um hobby. Isso porque todos
precisam trabalhar durante o dia
para viver.
Eles se conheceram em oficinas
culturais e trabalhos realizados
em outros grupos de teatro de
Franca e decidiram formar o Poetas Sabáticos durante uma conversa, após a exibição de um título
de Luis Bruñel, num videoclube
alternativo.
"Nossa principal intenção é divulgar a poesia e propagar essa arte tão sufocada com a massificação da modernidade", afirmou à
Folha Rita de Cássia Lemes, 38, a
única "profissional" do elenco.
Ela trabalha há 20 anos com teatro, tendo estudado durante três
anos em São Paulo. Atualmente
lida com doentes mentais em hospitais psiquiátricos.
O que faz é aliar técnicas dramáticas ao trabalho de terapia ocupacional para, com isso, motivar a
ressocialização dos doentes.
A opção por integrar um grupo
"mambembe" veio como exercício para aprimorar as técnicas de
teatro, mais especificamente o
método de teatro-educação desenvolvido pela teórica Viola Spolin.
As cenas são realizadas de forma improvisada -o principal alvo de estudo da teatróloga e a base
de pesquisa do elenco.
"Muitas vezes não sabemos para onde iremos ou mesmo o que
vamos fazer, nem para qual público. No final, tudo acaba dando
certo", afirmou Rita.
Patrocínios
As atividades do Poetas Sabáticos são mantidas pelos próprios
integrantes.
"Já pensamos em "passar o chapéu" nos locais onde nos apresentamos. Isso inclusive é uma prática muito comum em alguns pontos da Europa, como a Espanha,
mas por aqui ainda não é assim",
afirmou.
Não existe uma estimativa de
quanto eles gastam mensalmente
com a confecção de figurinos e
maquiagens, usados durante as
apresentações, mas o grupo diz
preferir propagar a cultura no
município.
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