Ribeirão Preto, Domingo, 13 de Maio de 2001

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CULTURA ALTERNATIVA
Repertório vai do simbolismo ao concretismo

Grupo faz de bares e postos o seu palco

CLAYTON FREITAS
FREE-LANCE PARA A FOLHA RIBEIRÃO

Poesias de Carlos Drummond de Andrade e Arnaldo Antunes declamadas e encenadas em bares, postos de combustíveis, ruas e até portas de supermercados de Franca (88 km de Ribeirão). Essa é a proposta do grupo de teatro Poetas Sabáticos, que, de forma independente, procura levar arte e cultura aos locais mais inusitados da cidade.
Eles apresentam esquetes (cenas curtas) em que abordam temas como crítica de costumes, política e situações que envolvem diferenças sociais e cotidiano.
A idéia partiu de um grupo de oito amigos, que trata o teatro como um hobby. Isso porque todos precisam trabalhar durante o dia para viver.
Eles se conheceram em oficinas culturais e trabalhos realizados em outros grupos de teatro de Franca e decidiram formar o Poetas Sabáticos durante uma conversa, após a exibição de um título de Luis Bruñel, num videoclube alternativo.
"Nossa principal intenção é divulgar a poesia e propagar essa arte tão sufocada com a massificação da modernidade", afirmou à Folha Rita de Cássia Lemes, 38, a única "profissional" do elenco.
Ela trabalha há 20 anos com teatro, tendo estudado durante três anos em São Paulo. Atualmente lida com doentes mentais em hospitais psiquiátricos.
O que faz é aliar técnicas dramáticas ao trabalho de terapia ocupacional para, com isso, motivar a ressocialização dos doentes.
A opção por integrar um grupo "mambembe" veio como exercício para aprimorar as técnicas de teatro, mais especificamente o método de teatro-educação desenvolvido pela teórica Viola Spolin.
As cenas são realizadas de forma improvisada -o principal alvo de estudo da teatróloga e a base de pesquisa do elenco.
"Muitas vezes não sabemos para onde iremos ou mesmo o que vamos fazer, nem para qual público. No final, tudo acaba dando certo", afirmou Rita.

Patrocínios
As atividades do Poetas Sabáticos são mantidas pelos próprios integrantes.
"Já pensamos em "passar o chapéu" nos locais onde nos apresentamos. Isso inclusive é uma prática muito comum em alguns pontos da Europa, como a Espanha, mas por aqui ainda não é assim", afirmou.
Não existe uma estimativa de quanto eles gastam mensalmente com a confecção de figurinos e maquiagens, usados durante as apresentações, mas o grupo diz preferir propagar a cultura no município.


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