Ribeirão Preto, Quinta-feira, 13 de Outubro de 2011

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Prefeitura intensifica 'limpeza' de moradores de rua em Ribeirão

Site do governo afirma que maioria dos mendigos vem de cidades como Uberaba e Uberlândia

Medida, com apoio da PM, é 'higienista, fascista e covarde', diz padre da Pastoral de Rua de São Paulo

Reprodução/Carlos Natal/Prefeitura de Ribeirão Preto
Assistente social, ao lado de guardas-civis e da PM, aborda moradores de rua no centro

JULIANA COISSI
DE RIBEIRÃO PRETO

Uma das mais ricas cidades do Estado, Ribeirão Preto vai usar a Polícia Militar e outros órgãos para reforçar o serviço de coibir a permanência de moradores de rua no centro. Para a Pastoral de Rua de São Paulo, a medida é "higienista" e "covarde". Além da Guarda Civil Municipal e da PM, órgãos da prefeitura começaram nesta semana a fazer o que está sendo chamado de 1ª Ação Integrada para intensificar a remoção desses moradores.
Segundo a prefeitura, foram retirados das ruas 30 moradores anteontem, que foram levados para o Cetrem (central de triagem para migrantes) ou para o Creas-pop, (entidade social voltada para a população de rua local).
A Secretaria da Assistência Social diz que o morador não é obrigado a entrar na perua e sair das ruas, mas admite que a presença da PM "impõe respeito" a quem resiste.
Para a coordenadora de abordagens do Creas-pop, Renata Corrêa da Silva, não se trata de "limpeza urbana". "Não vejo assim. São seres humanos, que devem ser respeitados".
Antes, as assistentes sociais -e, algumas vezes, guardas-civis- abordavam por dia de 15 a 20 moradores. Com a Ação Integrada, o trabalho será feito também com a PM e guardas ao menos duas vezes por semana. Junto com eles, atuarão nessas ações a coordenadoria de Limpeza Urbana -para recolher colchões e roupas que esses moradores de rua deixam pela cidade- e o centro de zoonoses, por causa dos cachorros e gatos pertencentes aos mendigos.
Funcionários da Fiscalização-Geral tentarão coibi-los a não atuarem como flanelinhas de carros, o que a prefeitura diz ser proibido. A administração afirma, em seu site, que a maioria dos moradores de rua que estão em Ribeirão vem de cidades mineiras próximas, como Uberaba, Uberlândia, Passos e São Sebastião do Paraíso.
À Folha informou que há mendigos da região, como Sertãozinho e São Carlos.
A assessoria de São Carlos diz ser "deselegante" citar cidades, porque todo município tem população de rua. Como em outros municípios, Ribeirão paga a passagem de ônibus para quem quiser voltar para sua cidade.

'HIGIENISTA'
"Uma operação higienista, desumana, fascista, inconstitucional, que trata as pessoas como dejeto." Assim definiu a ação o padre Júlio Lancelotti, há 35 anos na Pastoral de Rua da capital. Para ele, a abordagem que visa conseguir criar confiança deve ser feita por técnicos, sem aparato policial.


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