|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Saiba como foi feito o estudo do Ilanud/USP
da Redação
O Ilanud (órgão ligado à ONU),
com sede na Costa Rica, atua na
América Latina na divulgação de
informações para controlar e prevenir crimes, além de difundir os
direitos humanos nos países.
O relatório "Homicídios de
Adolescentes no Município de Ribeirão Preto: 1995-98" foi produzido em parceria com o Departamento de Psicologia e Educação
da USP de Ribeirão.
A pesquisa analisou os dados de
101 processos de assassinatos de
jovens em Ribeirão (a Promotoria
acrescentou mais seis à ação impetrada ontem).
Ouviu também oito adolescentes na Febem.
"Iniciamos o estudo porque
percebemos que o homicídio doloso (intencional) entre adolescentes cresceu 40 vezes entre 86 e
96 em Ribeirão", disse Sérgio Kodato, professor de psicologia da
USP.
Pior do que isso, diz o psicólogo, as ocorrências entre os jovens
não apenas cresceram quantitativamente. Elas também aumentaram qualitativamente. "Os crimes
envolvendo esses adolescentes
deixaram de ser apenas de furto e
roubo de objetos. Passaram a incluir, além dos homicídios, tráfico
de entorpecentes e latrocínios",
afirma.
Para ele, hoje, o menor infrator
de Ribeirão pode ser comparado
ao do Rio de Janeiro, pois ele não
mais porta revólver calibre 38,
mas sim pistola automática e metralhadora.
Kodato e sua equipe acompanharam também a convivência de
menores internados na Febem de
Ribeirão. Segundo ele, a banalização da violência está impregnada
na instituição.
"Na Febem, quem mata tem o
"status' valorizado. Quem vai parar na instituição apenas por um
furto, tem de inventar histórias
para ser valorizado."
Exclusão
De acordo com o estudo do Ilanud/USP, os jovens infratores não
têm lugar na sociedade.
"Os atestados de óbito das vítimas diziam: "Não era eleitor, não
era reservista, não deixou filhos,
não deixou bens, teve morte não
natural'. Isso mostra que o sujeito, na verdade, teve uma trajetória
marcada pelo "não'. É um excluído", disse.
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|