Ribeirão Preto, Sábado, 14 de agosto de 1999

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A VERSÃO DA POLÍCIA
'O ECA foi feito para a Suíça', diz delegado

da Folha Ribeirão

As autoridades policiais de Ribeirão Preto consideram o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), que serviu como uma das bases para a ação do Ministério Público, como "coisa de Primeiro Mundo".
O delegado regional de Ribeirão, Ivan Roberto Mendes Costa, disse que a polícia encontra muita "dificuldade" em conviver com o estatuto.
"O ECA foi feito para países de Primeiro Mundo, que possuem toda uma estrutura de acompanhamento que nós não temos aqui no Brasil", disse.
Para Costa, o estatuto fez com que o adolescente brasileiro tenha mais direitos do que uma pessoa adulta.
"É como se existisse uma utopia, uma coisa de "para eles, tudo. Para nós, nada'. É necessária uma reformulação", disse.
Segundo o major Dario Lázaro da Silva, subcomandante da Polícia Militar em Ribeirão, já que a lei não pune o adolescente infrator, deveria haver um local adequado para que eles fossem colocados e recuperados.
"O ECA foi feito para a Suíça", disse o delegado-seccional Alexandre Jorge Daur.
O promotor da Infância e da Juventude, Marcelo Pedroso Goulart, autor da ação, não concorda. "A polícia não pode abusar", disse.
O estudo do Ilanud, que faz parte da ação, cita a Ronda Escolar como exemplo positivo de policiamento na cidade.

Acusações
Tanto a PM quanto a Polícia Civil negam a existência de violência policial contra adolescentes em Ribeirão.
"Não existe nenhum policial civil envolvido em assassinato de menores", afirmou Costa. Ele disse que seus policiais não agridem os adolescentes.
"Não tenho recebido queixas, nem tenho conhecimento de violência de PMs contra jovens na cidade", afirmou Silva.

Opinião
O delegado geral de Polícia Civil do Estado de São Paulo, Marco Antonio Desgualdo, 49, disse que irá acompanhar o desenvolvimento das investigações sobre a denúncia de envolvimento de policiais nos assassinatos.
"Nós não compactuamos com o desmando dos policiais e temos um trabalho rígido de fiscalização", disse.
Ele afirma que o índice de homicídios esclarecidos pela polícia de Ribeirão é alto (cerca de 60%) e que, por isso, não acredita que policiais civis estejam envolvidos.
(ALESSANDRO BRAGHETO e ALESSANDRO SILVA)



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