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Policiais de Ribeirão antecipam fim da greve
Atendimento foi normal ontem em delegacias da cidade; oficialmente, paralisação só termina na próxima terça-feira
"Hoje, não só a elaboração de boletins, mas também as investigações, estão funcionando 100%", disse o delegado titular do 2º DP
ROBERTO MADUREIRA
DA FOLHA RIBEIRÃO
Os distritos policiais de Ribeirão Preto decidiram "antecipar" por conta própria o fim
da greve da Polícia Civil, que
deve ter encerramento oficial
apenas na próxima terça-feira,
após votação em assembléia.
Ontem, segundo a Folha apurou, eles atenderam normalmente a população.
As lideranças regionais do
movimento, que hoje completa
60 dias, decidiram, no entanto,
manter o cronograma e não antecipar o fim da paralisação
mesmo após o STF (Supremo
Tribunal Federal) decidir que a
paralisação é ilegal e ordenar a
volta ao trabalho.
"Aqui, fizemos um acordo
entre os quatro delegados e já
voltamos ao normal faz algum
tempo, desde quando a greve
apresentou sinais de fraqueza.
Hoje, não só a elaboração de
boletins, mas também as investigações, estão funcionando
100%", disse o delegado titular
do 2º DP de Ribeirão, Odacir
Cesário da Silva.
No 1º DP, onde uma funcionária confirmou o atendimento normalizado, a reportagem
acompanhou vítimas que foram registrar boletins de ocorrência sem gravidade: todas foram atendidas.
"Só não consegui registrar o
BO porque a pessoa ameaçada
não pôde vir, mas os policiais
falaram que estava tudo normal", disse a dona-de-casa Maria Maroto, 45, que buscou
atendimento na DDM (Delegacia da Mulher).
Segundo ela, pessoas estão
usando seu nome para ameaçar
uma vizinha por mensagens de
telefone celular. Casos piores,
como agressões e ameaça de
morte, não foram registrados
na mesma delegacia nos dois
últimos meses.
Para a dirigente regional do
Sindipol, Maria Alzira Corrêa,
o enfraquecimento do movimento não deve manchar os
dias em que esteve no auge.
"Todo movimento é assim:
tem um início, um pico e um
fim. Como estamos nessa última fase, é normal termos um
arrefecimento", disse.
Os setores de investigação e
o trabalho de emissão de documentos da Ciretran ainda não
foram totalmente normalizados, o que deve acontecer a
partir de segunda-feira.
Segundo dirigentes, a decisão de manter a greve até a semana que vem não é afronta ao
STF, que ordenou ontem o fim
do movimento.
"Absolutamente. Sabemos
que há um trâmite burocrático
até a ordem chegar às lideranças", disse Haroldo Chaud, representante da Adpesp (Associação dos Delegados de Polícia
do Estado de São Paulo).
O projeto enviado pelo governador José Serra (PSDB) à
Assembléia Legislativa propõe
reposição salarial de 6,5% em
2009 e o mesmo índice em
2010. Os sindicatos admitem
terminar a greve com a expectativa de que duas emendas serão aprovadas: a antecipação
do primeiro reajuste de novembro para agosto de 2009 e a
exigência de curso superior para escrivães e investigadores.
Punições
Agora, as entidades sindicais
pretendem tentar evitar punições aos policiais que aderiram
ao movimento grevista -o primeiro da Polícia Civil de São
Paulo, segundo as entidades
sindicais- que prejudicou cerca de 250 mil pessoas.
Para a Secretaria da Segurança Pública, haverá um prejuízo nas estatísticas e nos planejamentos porque grande
parte da população que deixou
de registrar boletim de ocorrência não deverá procurar novamente uma delegacia para
fazer sua queixa. Não há, porém, segundo o órgão, como dimensionar quanto tempo levará para o trabalho das delegacias estaduais ser normalizado.
Para a Segurança, houve adesão ao movimento de 10% do
efetivo na capital e Grande SP e
30% no interior. Os manifestantes apontam adesão de 80%
e 100%, respectivamente.
Colaborou ROGÉRIO PAGNAN
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