Ribeirão Preto, Sexta-feira, 14 de Novembro de 2008

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Policiais de Ribeirão antecipam fim da greve

Atendimento foi normal ontem em delegacias da cidade; oficialmente, paralisação só termina na próxima terça-feira

"Hoje, não só a elaboração de boletins, mas também as investigações, estão funcionando 100%", disse o delegado titular do 2º DP

ROBERTO MADUREIRA
DA FOLHA RIBEIRÃO

Os distritos policiais de Ribeirão Preto decidiram "antecipar" por conta própria o fim da greve da Polícia Civil, que deve ter encerramento oficial apenas na próxima terça-feira, após votação em assembléia.
Ontem, segundo a Folha apurou, eles atenderam normalmente a população.
As lideranças regionais do movimento, que hoje completa 60 dias, decidiram, no entanto, manter o cronograma e não antecipar o fim da paralisação mesmo após o STF (Supremo Tribunal Federal) decidir que a paralisação é ilegal e ordenar a volta ao trabalho.
"Aqui, fizemos um acordo entre os quatro delegados e já voltamos ao normal faz algum tempo, desde quando a greve apresentou sinais de fraqueza.
Hoje, não só a elaboração de boletins, mas também as investigações, estão funcionando 100%", disse o delegado titular do 2º DP de Ribeirão, Odacir Cesário da Silva.
No 1º DP, onde uma funcionária confirmou o atendimento normalizado, a reportagem acompanhou vítimas que foram registrar boletins de ocorrência sem gravidade: todas foram atendidas.
"Só não consegui registrar o BO porque a pessoa ameaçada não pôde vir, mas os policiais falaram que estava tudo normal", disse a dona-de-casa Maria Maroto, 45, que buscou atendimento na DDM (Delegacia da Mulher).
Segundo ela, pessoas estão usando seu nome para ameaçar uma vizinha por mensagens de telefone celular. Casos piores, como agressões e ameaça de morte, não foram registrados na mesma delegacia nos dois últimos meses.
Para a dirigente regional do Sindipol, Maria Alzira Corrêa, o enfraquecimento do movimento não deve manchar os dias em que esteve no auge.
"Todo movimento é assim: tem um início, um pico e um fim. Como estamos nessa última fase, é normal termos um arrefecimento", disse.
Os setores de investigação e o trabalho de emissão de documentos da Ciretran ainda não foram totalmente normalizados, o que deve acontecer a partir de segunda-feira.
Segundo dirigentes, a decisão de manter a greve até a semana que vem não é afronta ao STF, que ordenou ontem o fim do movimento.
"Absolutamente. Sabemos que há um trâmite burocrático até a ordem chegar às lideranças", disse Haroldo Chaud, representante da Adpesp (Associação dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo).
O projeto enviado pelo governador José Serra (PSDB) à Assembléia Legislativa propõe reposição salarial de 6,5% em 2009 e o mesmo índice em 2010. Os sindicatos admitem terminar a greve com a expectativa de que duas emendas serão aprovadas: a antecipação do primeiro reajuste de novembro para agosto de 2009 e a exigência de curso superior para escrivães e investigadores.

Punições
Agora, as entidades sindicais pretendem tentar evitar punições aos policiais que aderiram ao movimento grevista -o primeiro da Polícia Civil de São Paulo, segundo as entidades sindicais- que prejudicou cerca de 250 mil pessoas.
Para a Secretaria da Segurança Pública, haverá um prejuízo nas estatísticas e nos planejamentos porque grande parte da população que deixou de registrar boletim de ocorrência não deverá procurar novamente uma delegacia para fazer sua queixa. Não há, porém, segundo o órgão, como dimensionar quanto tempo levará para o trabalho das delegacias estaduais ser normalizado.
Para a Segurança, houve adesão ao movimento de 10% do efetivo na capital e Grande SP e 30% no interior. Os manifestantes apontam adesão de 80% e 100%, respectivamente.


Colaborou ROGÉRIO PAGNAN


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