Ribeirão Preto, Segunda-feira, 15 de Março de 2010

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Volume de crédito chega a R$ 14,5 bilhões

Montante emprestado no ano passado por bancos das dez maiores cidades da região supera em mais de R$ 10 bi o total de 1999

Crescimento econômico e mudanças na legislação tornaram a concessão de crédito menos arriscada para as instituições
Silva Junior/Folha Imagem
A auxiliar de limpeza Luizete do Nascimento, com a filha Poliana, sai da financeira Ibi, em Ribeirão

JEAN DE SOUZA
DA FOLHA RIBEIRÃO

Os bancos da região de Ribeirão Preto nunca viram sair tantos bilhões de seus cofres como no ano passado. Em uma década, o valor emprestado na região aumentou em mais de R$ 10 bilhões, mostra levantamento da Folha feito a partir de dados do Banco Central.
Em 2009, R$ 14,5 bilhões foram emprestados nas dez maiores cidades da região para alavancar novos negócios, financiar carros, casas, parcelar compras ou simplesmente remediar situações de emergência. Dez anos antes, em 1999, o montante foi de R$ 3,3 bilhões.
As explicações para o "boom" no crédito, segundo especialistas, vão do crescimento econômico nos últimos anos a reformas nas leis, que tornaram os empréstimos menos arriscados e os bancos, menos ariscos para concedê-los.
Além disso, nesse intervalo, a taxa de juros no Brasil atingiu seu piso histórico, o que tornou o dinheiro mais barato.
Para o presidente do BRP (Banco Ribeirão Preto), Nelson Rocha Augusto, a escalada dos empréstimos aponta para o dinamismo da economia local, que tem se aproveitado do aumento da renda da população para alavancar o crescimento.
As locomotivas dessa expansão, segundo Rocha, foram setores como construção civil, agronegócio e serviços de saúde e educação. O aumento do crédito só foi possível, porém, porque as empresas estão mais estruturadas para receber os recursos, disse Rocha.
Entram na equação também os consumidores que aproveitaram os juros mais baixos e a maior disponibilidade de dinheiro na praça para adquirirem bens como eletrodomésticos, carros e imóveis, segundo o diretor do Instituto de Pesquisas Sociais da ACI-RP (Associação Comercial e Industrial de Ribeirão Preto), Antonio Vicente Golfeto.
Um dos ribeirão-pretanos beneficiado pela onda crescente do crédito é a auxiliar de limpeza Luizete do Nascimento Ferreira, 28.
Há sete anos, ela teve acesso a seu primeiro cartão de crédito. Hoje, utiliza o recurso que o banco Ibi lhe disponibiliza para suprir a lacuna entre as idas ao supermercado e a chegada do salário. Paga R$ 300 de parcela, mas admite que já extrapolou seu limite e teve de renegociar dívidas com o banco.
Na ciranda do crédito, o consumo em alta de pessoas como Elizete anima os empresários a investirem mais, provocando a demanda por dinheiro para novas plantas, equipamentos e transporte, entre outros.
No caso da Simisa-HPB, empresa criada recentemente em Sertãozinho para disputar a liderança no mercado de caldeiras do Brasil, 70% dos R$ 60 milhões que serão investidos nos próximos cinco anos vão ser captados com bancos.
Segundo o diretor-superintendente da Simisa-HPB, José Luiz Aguiar, mais linhas de financiamento de instituições como o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) facilitaram o acesso ao crédito nos últimos anos. O nível de exigência dos bancos para disponibilizar o dinheiro, contudo, continua alto, na opinião dele.
Apesar do montante recorde de dinheiro emprestado na região, Rocha, do BRP, acredita que há ainda bastante espaço para o avanço do crédito. O crescimento da economia brasileira projetado para 2010 - acima dos 5%- irá impulsionar essa alta, afirmou ele.
O nível de endividamento, contudo, deve ser visto com cautela para não provocar uma onda de inadimplência e contaminar outros setores da economia, afirmou Golfeto.


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