Ribeirão Preto, Quinta-feira, 15 de Abril de 2010

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Padre diz que é inocente e não vai renunciar

Suspeito de pedofilia, José Afonso Dé, 74, de Franca, disse que seu "modo afetivo" pode ter gerado denúncias dos adolescentes

Religioso foi indiciado por suspeita de estupro, após denúncias de garotos; caso deve ser enviado à nunciatura e ao Vaticano


PAULO GODOY
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA RIBEIRÃO

Na iminência de enfrentar processo judicial sob acusação de prática de pedofilia, o padre José Afonso Dé, 74, da paróquia São Vicente, em Franca, reafirmou sua inocência ontem. Primeiro, o padre foi denunciado por quatro adolescentes com idades entre 13 e 16 anos, que afirmaram que ele os beijava e passava a mão em seus genitais.
Novas denúncias surgiram e, na segunda, o padre foi indiciado por estupro pela polícia. Ontem, cercado por advogados, que, segundo eles, terão os custos da defesa pagos por amigos do religioso, o padre Dé aparentava tranquilidade.

 

PERGUNTA - A respeito das acusações, o que o senhor tem a dizer?
PADRE JOSÉ AFONSO DÉ
- Fiquei perplexo, mas vamos até o fim.

PERGUNTA - O senhor tem o hábito de pegar nas pessoas, dar beijos?
PADRE DÉ
- Tenho isso desde pequeno. Sou afetivo, gosto de abraçar as pessoas, beijá-las. Ainda mais depois que nasceram meus netos (18, de 10 filhos adotivos). É meu modo de ser. Pode acontecer que esse meu jeito tenha gerado alguma interpretação diferente.

PERGUNTA - E quanto a tocar nas partes íntimas desses garotos?
PADRE DÉ
- Isso rodou por aí, mas nunca aconteceu. Eu nunca cheguei perto de um menino com desejo sexual por ele.

PERGUNTA - Frequentavam sua casa com assiduidade?
PADRE DÉ
- Eles, de janeiro ou fevereiro para cá, iam tomar um café com o padre Dilermando Freitas, que era meu hóspede. Eles gostavam muito do padre, porque passavam a tarde com ele tomando Coca-Cola, mexendo no computador. O padre comprava doce, chocolate.

PERGUNTA - O senhor cogita pedir afastamento?
PADRE DÉ
- Não sou eu que peço afastamento. É o bispo quem manda na gente. A igreja não é democrática, é hierárquica.

PERGUNTA - Se o senhor perceber que o processo será acolhido pela Justiça, pode renunciar?
PADRE DÉ
- Não se renuncia ao sacerdócio. Ele é eterno. Se por acaso acontecer isso, eu vou evangelizar onde eu estiver.

PERGUNTA - Seu caso será enviado à nunciatura apostólica, chegando ao Vaticano. Isso o preocupa?
PADRE DÉ
- O bispo tem a obrigação de levar a denúncia para o núncio apostólico.


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