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Padre diz que é inocente e não vai renunciar
Suspeito de pedofilia, José Afonso Dé, 74, de Franca, disse que seu "modo afetivo" pode ter gerado denúncias dos adolescentes
Religioso foi indiciado por suspeita de estupro, após denúncias de garotos;
caso deve ser enviado à nunciatura e ao Vaticano
PAULO GODOY
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA RIBEIRÃO
Na iminência de enfrentar
processo judicial sob acusação
de prática de pedofilia, o padre
José Afonso Dé, 74, da paróquia
São Vicente, em Franca, reafirmou sua inocência ontem. Primeiro, o padre foi denunciado
por quatro adolescentes com
idades entre 13 e 16 anos, que
afirmaram que ele os beijava e
passava a mão em seus genitais.
Novas denúncias surgiram e,
na segunda, o padre foi indiciado por estupro pela polícia.
Ontem, cercado por advogados, que, segundo eles, terão os
custos da defesa pagos por amigos do religioso, o padre Dé
aparentava tranquilidade.
PERGUNTA - A respeito das acusações, o que o senhor tem a dizer?
PADRE JOSÉ AFONSO DÉ - Fiquei
perplexo, mas vamos até o fim.
PERGUNTA - O senhor tem o hábito
de pegar nas pessoas, dar beijos?
PADRE DÉ - Tenho isso desde
pequeno. Sou afetivo, gosto de
abraçar as pessoas, beijá-las.
Ainda mais depois que nasceram meus netos (18, de 10 filhos
adotivos). É meu modo de ser.
Pode acontecer que esse meu
jeito tenha gerado alguma interpretação diferente.
PERGUNTA - E quanto a tocar nas
partes íntimas desses garotos?
PADRE DÉ - Isso rodou por aí,
mas nunca aconteceu. Eu nunca cheguei perto de um menino
com desejo sexual por ele.
PERGUNTA - Frequentavam sua casa com assiduidade?
PADRE DÉ - Eles, de janeiro ou
fevereiro para cá, iam tomar
um café com o padre Dilermando Freitas, que era meu hóspede. Eles gostavam muito do padre, porque passavam a tarde
com ele tomando Coca-Cola,
mexendo no computador. O padre comprava doce, chocolate.
PERGUNTA - O senhor cogita pedir
afastamento?
PADRE DÉ - Não sou eu que peço
afastamento. É o bispo quem
manda na gente. A igreja não é
democrática, é hierárquica.
PERGUNTA - Se o senhor perceber
que o processo será acolhido pela
Justiça, pode renunciar?
PADRE DÉ - Não se renuncia ao
sacerdócio. Ele é eterno. Se por
acaso acontecer isso, eu vou
evangelizar onde eu estiver.
PERGUNTA - Seu caso será enviado
à nunciatura apostólica, chegando
ao Vaticano. Isso o preocupa?
PADRE DÉ - O bispo tem a obrigação de levar a denúncia para
o núncio apostólico.
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