Ribeirão Preto, Domingo, 15 de Agosto de 2010

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Alfândega e pista travam polo de aviões

São Carlos quer se tornar novo centro aeronáutico do país, mas a cidade ainda esbarra em entraves estruturais

Mão de obra qualificada é o trunfo de uma das principais cidades da região, onde há curso de engenharia aeronáutica

Fotos Silva Junior/Folhapress
Aviões passam por consertos em hangar no centro de manutenções da TAM, em São Carlos; falta de alfândega dificulta a importação de materiais

DO ENVIADO ESPECIAL A SÃO CARLOS

São Carlos tem "pernas" para ser um grande polo aeronáutico. A cidade e a região têm universidades formadoras de mão de obra, empresas para absorver essa força de trabalho e a localização pode atrair ainda mais companhias do setor.
Para ganhar asas e chegar a um patamar equivalente ao polo de São José dos Campos, o maior do Brasil, no entanto, São Carlos precisa vencer algumas amarras que travam um desenvolvimento mais acelerado da indústria de aviões na região.
Entre os principais entraves, estão a ausência de uma estrutura alfandegária para otimizar a importação de materiais e a capacidade limitada da pista do aeroporto Mário Pereira Lopes, que tem cerca de 1.700 metros.
Essas soluções e também a maior divulgação do potencial que a cidade já tem dependem basicamente de vontade política, segundo os diversos agentes atuantes no setor, inclusive de acordo com os próprios políticos.
O vice-presidente de manutenção da TAM, Ruy Amparo, disse que um sistema de alfândega daria mais competitividade à companhia, que atualmente emprega cerca de 1.000 profissionais e faz reparos em aviões de grande porte.
"Um cliente do Chile não consegue vir direto para São Carlos, tem de ir para Guarulhos para passar pela alfândega. Isso induz perda de tempo e custo adicional. Outros centros de manutenção da América Latina que não têm esse problema ficam mais competitivos."
Mesmo com tecnologia para fazer manutenção em aviões de grande porte como Airbus A-340 e Boeings, o centro da TAM não pode receber hoje esses aviões devido ao comprimento da pista do aeroporto, que precisaria de mais 800 metros.

FORMAÇÃO
De acordo com o coordenador do curso de engenharia aeronáutica da USP (Universidade de São Paulo) de São Carlos, Fernando Catalano, também é preciso "adensar a cadeia produtiva."
Significa aumentar o número de empresas de médio e pequeno portes fornecedoras de serviços e produtos para empresas aeronáuticas. Além da TAM, a região tem em Gavião Peixoto (a 50 km de São Carlos) uma fábrica de aviões da Embraer.
O professor afirmou que, do ponto de vista da formação de recursos humanos para trabalhar no setor aeroviário, São Carlos já é "o principal polo do país", abastecendo 80% desse mercado.
O curso de engenharia aeronáutica da USP existe desde 2002 e é o segundo mais concorrido. Por ano, forma de 35 a 40 engenheiros.
(ARARIPE CASTILHO)


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