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Alfândega e pista travam polo de aviões
São Carlos quer se tornar novo centro aeronáutico do país, mas a cidade ainda esbarra em entraves estruturais
Mão de obra qualificada é o trunfo de uma das principais cidades da região, onde há curso de engenharia aeronáutica
Fotos Silva Junior/Folhapress
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Aviões passam por consertos em hangar no centro de manutenções da TAM, em São Carlos; falta de alfândega dificulta a importação de materiais
DO ENVIADO ESPECIAL A SÃO CARLOS
São Carlos tem "pernas"
para ser um grande polo aeronáutico. A cidade e a região
têm universidades formadoras de mão de obra, empresas
para absorver essa força de
trabalho e a localização pode
atrair ainda mais companhias do setor.
Para ganhar asas e chegar
a um patamar equivalente ao
polo de São José dos Campos,
o maior do Brasil, no entanto, São Carlos precisa vencer
algumas amarras que travam
um desenvolvimento mais
acelerado da indústria de
aviões na região.
Entre os principais entraves, estão a ausência de uma
estrutura alfandegária para
otimizar a importação de materiais e a capacidade limitada da pista do aeroporto Mário Pereira Lopes, que tem
cerca de 1.700 metros.
Essas soluções e também a
maior divulgação do potencial que a cidade já tem dependem basicamente de
vontade política, segundo os
diversos agentes atuantes no
setor, inclusive de acordo
com os próprios políticos.
O vice-presidente de manutenção da TAM, Ruy Amparo, disse que um sistema
de alfândega daria mais competitividade à companhia,
que atualmente emprega cerca de 1.000 profissionais e
faz reparos em aviões de
grande porte.
"Um cliente do Chile não
consegue vir direto para São
Carlos, tem de ir para Guarulhos para passar pela alfândega. Isso induz perda de
tempo e custo adicional. Outros centros de manutenção
da América Latina que não
têm esse problema ficam
mais competitivos."
Mesmo com tecnologia para fazer manutenção em
aviões de grande porte como
Airbus A-340 e Boeings, o
centro da TAM não pode receber hoje esses aviões devido ao comprimento da pista
do aeroporto, que precisaria
de mais 800 metros.
FORMAÇÃO
De acordo com o coordenador do curso de engenharia aeronáutica da USP (Universidade de São Paulo) de
São Carlos, Fernando Catalano, também é preciso "adensar a cadeia produtiva."
Significa aumentar o número de empresas de médio e
pequeno portes fornecedoras
de serviços e produtos para
empresas aeronáuticas.
Além da TAM, a região tem
em Gavião Peixoto (a 50 km
de São Carlos) uma fábrica de
aviões da Embraer.
O professor afirmou que,
do ponto de vista da formação de recursos humanos para trabalhar no setor aeroviário, São Carlos já é "o principal polo do país", abastecendo 80% desse mercado.
O curso de engenharia aeronáutica da USP existe desde 2002 e é o segundo mais
concorrido. Por ano, forma
de 35 a 40 engenheiros.
(ARARIPE CASTILHO)
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