Ribeirão Preto, Quinta-feira, 15 de Setembro de 2011

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Peixes mortos no rio Grande
somam 3 t


Contagem é de bióloga da Prefeitura de Colômbia e contradiz número divulgado pela Cetesb na semana passada

Desastre, que começou no rio Pardo, atinge animais em extinção, como o jaú, e filhotes na região de Barretos


Silva Junior/Folhapress
Peixes mortos às margens do rio Pardo, no encontro com o rio Grande; Folha percorreu de barco, ontem, 12 km pelas águas da região de Colômbia

GABRIELA YAMADA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA,
DE RIBEIRÃO PRETO


A contaminação do rio Pardo por material orgânico concentrado entre Morro Agudo e Jaborandi, na semana passada, pode ter matado pelo menos 3 toneladas de peixes e espécies que vivem também no rio Grande, em Colômbia, na região de Barretos.
A afirmação é da bióloga Maria Inácia Freitas, interlocutora em Colômbia do projeto Município Verde Azul, da Secretaria de Estado do Meio Ambiente. Ela irá encaminhar o caso ao Ministério Público Estadual.
O rio Pardo deságua no Grande depois de atravessar a região noroeste do Estado. Na semana passada, um trecho do rio foi contaminado por um lançamento pontual de efluentes, segundo Davi Faleiros, gerente regional da Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo).
Ontem, ele recebeu dados preliminares do laudo que investiga as causas e disse que um caminhão pode ter despejado o resíduo. Só que, para a Cetesb, a mortandade ocorreu num trecho de 1 km do Pardo e teria matado até mil peixes.

PEIXES EM EXTINÇÃO
No entanto, a bióloga afirmou ter percorrido cerca de 10 km de barco no final de semana e constatado um volume maior de peixes mortos, entre eles espécies em extinção, como o jaú.
"Encontramos peixes grandes, de até 50 kg, e também filhotes. A situação deve se normalizar somente em cinco anos", afirmou.
Sobre a contagem da bióloga, Faleiros disse que a Cetesb não tem como refutá-la nem comprová-la.
A Folha percorreu o mesmo trecho ontem, e constatou as consequências para o Grande do despejo irregular do material orgânico. Com o nível do rio baixando, os peixes mortos começaram a aparecer na superfície.
Uma grande quantidade deles ainda está no local e, em sua maior parte, nas margens do rio Grande.
Pescadores ouvidos pela reportagem relataram ter sentido forte cheiro de álcool na água na semana passada, e a Cetesb não descarta que o material despejado irregularmente seja vinhaça.
O problema afeta pelo menos cem famílias de Colômbia, que vivem exclusivamente da atividade da pesca, segundo Maria Inácia. O município tem 5.000 habitantes.
"É um problema também social que a cidade terá que enfrentar", afirmou.
Sérgio Cordeiro de Souza, proprietário de uma pousada em Colômbia que recebe pescadores da região nos finais de semana, teme que o acidente ambiental afete o movimento dos clientes.

Colaborou SILVA JUNIOR, enviado especial ao rio Grande, em Colômbia


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