Ribeirão Preto, Sábado, 15 de Outubro de 2011

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Moradores de bairros sobre antigo lixão ainda sofrem com problema

População do Jardim Juliana e do Palmeiras 2 afirma que forte cheiro de gás se intensificou

Preocupação se acirrou após divulgação do caso do shopping Center Norte, em SP, erguido sobre antigo aterro

GABRIELA YAMADA

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA,
DE RIBEIRÃO PRETO


Após 18 anos da construção de conjuntos habitacionais pela Cohab-RP em cima de um antigo lixão no Jardim Juliana e no Palmeiras 2 em Ribeirão Preto, moradores afirmam que um odor semelhante ao de gás sulfídrico, que é venenoso, se intensificou nas últimas semanas.
A reclamação é unânime: o cheiro vem dos ralos, vasos sanitários e bidês, nos banheiros. Além disso, a estrutura de casas visitadas pela reportagem na manhã de ontem estão comprometidas.
Moradores relataram à Folha que estão com medo de continuar morando no local, principalmente depois de problemas constatados no shopping Center Norte, na capital, construído em cima de um antigo aterro sanitário.
O ambientalista Paulo Finotti, vice-presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Pardo, explica que o gás sulfídrico, que tem cheiro semelhante a de ovo podre, ataca diretamente o cérebro e pode causar a morte.
O problema é que na região também há gás metano, que é explosivo. "Uma simples faísca pode causar um enorme estrago", diz.
A dona de casa Irani Cleusa de Oliveira, 50, afirma que o cheiro é mais forte durante a noite e que deseja se mudar o mais rápido possível. "Tenho três filhos que moram comigo e há dias não consigo dormir direito, de preocupação."
Segundo o promotor Carlos Cezar Barbosa, que ajuizou duas ações civis públicas há dez anos, laudos comprovam a existência dos gases.
"Toda a área está comprometida e o problema ainda não foi solucionado."

DESABAMENTO
O medo de possível desabamento também coloca os moradores em alerta.
Por conta da existência de bolsões de gases, o solo é descompactado e as casas apresentam problemas estruturais, como rachaduras.
Na residência da aposentada Irma Oliveira, 59, a parede entre o banheiro e a cozinha cedeu. A pia do banheiro é apoiada por um pedaço de madeira e há trincas espalhadas por toda parte.
"Já gastei muito dinheiro só com reforma. Não quero mais ficar aqui", disse.

SITUAÇÃO REGULAR
O diretor presidente da Cohab-RP, Silvio Martins (PMDB), disse que todas as 222 casas que estavam comprometidas foram demolidas e as famílias, indenizadas.
"O que restou somente será mexido se houver ordem judicial", disse.
Martins afirmou ainda que está amparado com laudo produzido no ano passado, que aponta a inexistência de problema nos bairros.


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