Ribeirão Preto, Segunda-feira, 16 de Fevereiro de 2009

Próximo Texto | Índice

Estrada cede pela 2ª vez e motorista morre

Problemas provocados pela chuva em Fernando Prestes fazem prefeitura novamente decretar estado de emergência

Segundo tenente da Polícia Militar Rodoviária, o acidente foi causado porque a tubulação que canaliza a água do córrego rompeu

Márcia Ribeiro/Folha Imagem
Saveiro que foi 'sugada' por estrada que desmoronou em Fernando Prestes, matando uma pessoa; resgate durou quase 13 hora


VERIDIANA RIBEIRO
ENVIADA ESPECIAL A FERNANDO PRESTES

Pela segunda vez em dois anos, a vicinal que liga Fernando Prestes à rodovia Washington Luís, na região de Ribeirão Preto, ruiu, desta vez provocando a morte do técnico agrícola Jaime Rissi Júnior, 25, de Taquaritinga, anteontem. Os estragos provocados pela chuva na cidade fizeram a prefeitura decretar estado de emergência.
Além da vicinal, uma estrada que interliga a zona rural do município a Santa Adélia também ficou impedida por causa da chuva. Os estragos bastaram para o prefeito de Fernando Prestes, Bento Luchetti Júnior (PSDB), reeleito, decretar estado de emergência ainda anteontem. Em 2007, também no verão, uma pessoa morreu na cidade por causa de enchente, que deixou 77 imóveis alagados e atingiu 187 pessoas.
No acidente do final de semana -que matou uma de um total de sete vítimas na região-, Rissi Júnior voltava de Cândido Rodrigues, onde trabalhava como voluntário na organização de um rodeio. Segundo moradores do distrito de Agulha, onde o acidente aconteceu, disseram à polícia, a vicinal começou a ruir por volta das 4h30, após um caminhão carregado de laranja passar pelo trecho.
Ao ouvirem um forte barulho, duas pessoas que moram às margens da vicinal foram até o local e começaram a sinalizar a pista com galhos, na tentativa de evitar acidentes. Quando a Saveiro de Rissi Júnior se aproximou, tentaram avisá-lo gritando e acenando, contou um policial, mas sem sucesso. O carro foi engolido pela cratera e ficou totalmente encoberto pela água do córrego de Agulha, que passa por baixo da vicinal.
Segundo o tenente da Polícia Militar Rodoviária Rogério Júlio, o acidente foi causado porque a tubulação que canaliza a água do córrego rompeu. A hipótese é que a chuva forte registrada na madrugada de anteontem tenha aumentado a pressão na tubulação, que pode ter ficado entupida com galhos e outros tipos de material.
A operação de resgate só foi concluída às 18h de anteontem, 13 horas após ter iniciado. "Foi uma operação muito complexa e delicada porque onde o carro estava havia um redemoinho. Isso impediu as atividades de mergulho, porque os bombeiros poderiam ser sugados", disse o capitão do Corpo de Bombeiros Alexandre Luís dos Santos, coordenador da operação de resgate.
Segundo Santos, havia vários pontos de desmoronamento na pista, por isso, antes de resgatar o carro e retirar o corpo da vítima, foi preciso estabilizar as paredes da cratera aberta na vicinal, para evitar novos desabamentos. Na operação, além de um guindaste, foram usadas duas máquinas retroescavadeiras. Dezenove bombeiros e mais de 20 policiais, entre militares e rodoviários, trabalharam no resgate.
"Ali tinha que ter sido feita uma ponte, desde dois anos atrás. A gente vai acionar o Estado", afirmou Roberto Silva, 48, tio da vítima.
O trecho que ruiu é de responsabilidade do DER, vinculado à Secretaria de Estado dos Transportes. A Folha não conseguiu contatar ninguém do órgão no final de semana. Até a tarde de ontem, segundo a Polícia Militar Rodoviária de Taquaritinga, o trecho continuava interditado, mas há ligação por estrada de terra entre o distrito de Agulha e Fernando Prestes.


Próximo Texto: Família diz que vai à Justiça contra o Estado
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.