Ribeirão Preto, Quarta-feira, 16 de Março de 2011

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Só 13% das cidades estão "livres" da dengue

Entre os 645 municípios de SP, apenas 82 não tiveram a doença nos últimos 5 anos, fato raro, dizem especialistas

Ribeirão lidera ranking paulista, com 3.223 casos neste ano -quase 50% total, segundo órgão do Estado de SP

Silva Junior/ Folhapress
O agente de vetores James Oliveira da Silva faz vistoria em casa do bairro Castelo Branco

HÉLIA ARAUJO
DE RIBEIRÃO PRETO

Apenas 12,7% dos municípios do Estado estão "livres" da dengue. São cidades que não tiveram nenhum caso confirmado da doença nos últimos cinco anos e no primeiro bimestre de 2011.
O levantamento, feito pela Folha -com base nos dados do CVE (Centro de Vigilância Epidemiológica), da Secretaria de Estado da Saúde-, mostra que 82 dos 645 municípios estão nessa situação.
As cidades estão espalhadas por São Paulo, mas a maior parte fica nas regiões de Bauru e Sorocaba.
Segundo o virologista da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) Celso Francisco Granato, esse número de cidades sem o registro da doença nos últimos cinco anos é surpreendente.
Isso porque a dengue tem alta capacidade de proliferação devido às facilidades de reprodução do Aedes aegypti -mosquito transmissor.
Além disso, várias cidades paulistas tiveram epidemia da doença no período.
"Tanto que, depois que [a dengue] chega a uma cidade, fica difícil erradicá-la", afirma o virologista.

GEOGRAFIA
Já o infectologista da USP de Ribeirão Preto, Luiz Tadeu Figueiredo, diz que o clima e a altitude nesses municípios são fatores determinantes para a infestação.
"O mosquito da dengue não se adapta bem a altas altitudes ou climas mais amenos. Por isso, os municípios que têm essas características sofrem menos."
O maior município "livre" do mosquito, segundo o levantamento da Folha, é Embu-Guaçu, cidade com 62.846 habitantes e que tem o clima úmido e frio.
Um trabalho com 36 armadilhas é feito nos limites urbanos de Embu-Guaçu, que evitam, segundo a prefeitura, que o Aedes aegypti se estabeleça na região.
As armadilhas são, na verdade, pneus com água colocados propositalmente em alguns pontos. Uma vez por semana, os ovos colocados nestes recipientes passam por análise.
"Se houver positividade, é feito um trabalho de contenção num raio de 1 km de onde estava a armadilha, com visita casa a casa", dia a enfermeira da Vigilância Epidemiológica, Flávia de Barros.
Em Itaí, cidade de clima quente e úmido da região de Bauru, o trabalho educativo e a colaboração da população são apontados como principais fatores para a eliminação de criadouros.
Em Borá, menor município do Estado com 805 habitantes, o clima quente e úmido também faz com que as autoridades em saúde redobrem a atenção. "O fato de ser uma cidade pequena ajuda, mas temos que tomar cuidado porque o clima é um problema", diz a diretora de saúde, Márcia Deperon.


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