|
Próximo Texto | Índice
Região ganha 312 novos veículos por dia
Em um ano, passaram a rodar nas ruas das 89 cidades mais 113.947 autos; frota ultrapassou barreira do 1,5 mi em março
Maior crescimento percentual ocorreu nas cidades pequenas, com destaque para Trabiju, que registrou alta de 14%
Silva Junior/Folha Imagem
|
|
Silhueta de ciclista no trânsito da rua São Sebastião, no centro de Ribeirão Preto, que ganhou quase 27 mil veículos em um ano
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA RIBEIRÃO
A região de Ribeirão incorporou 113.947 veículos em apenas
um ano, o equivalente a 312 novos veículos por dia, aponta o
mais recente levantamento do
Denatran (Departamento Nacional de Trânsito), de março.
Com esse novo contingente,
a frota das 89 cidades da região
ultrapassou a barreira do 1,5
milhão de veículos, somando
1.568.892, alta de 7,83% em relação a março do ano passado.
O crescimento desse mercado se manteve mesmo em um
cenário adverso, com a economia enfrentando os impactos
da crise econômica mundial.
Entre as razões para o aumento estão medidas como redução do IPI para os veículos,
anunciada pela União, retomada do crédito, com prazos longos e juros mais baixos.
No município de Ribeirão
Preto foi verificado o maior
crescimento absoluto, com
26.933 veículos, atingindo
341.796 no total -aumento de
8,55%. Mas, percentualmente,
o crescimento foi maior em pequenas localidades, como Trabiju. Na segunda menor cidade
da região, com população de
1.507 habitantes, a alta foi de
14% -de 307 para 350 veículos.
A frota também cresceu em
ritmo maior em São José da Bela Vista, Restinga, Santa Cruz
da Esperança, Santa Ernestina,
Colômbia, Vista Alegre do Alto,
Patrocínio Paulista, Cristais
Paulista e Dobrada.
"O carro é uma casa móvel,
tem gente que compra um antes de comprar a casa", afirmou
Coca Ferraz, professor da área
de trânsito e transporte da USP
de São Carlos. Segundo ele, o
aumento da frota de veículos na
região é explicado pelo crescimento econômico, aliado ao
status proporcionado pela posse do automóvel.
Para o consultor automotivo
André Belchior Torres, o grande impulso na venda de automóveis veio de consumidores
com renda mais baixa. Houve
uma mudança na dinâmica
desse mercado, com pessoas
que "antes nem sonhavam" em
ter um automóvel passando a
frequentar as concessionárias.
"Esse consumidor não faz uma
conta periódica de quanto vai
pagar. Ele quer saber o valor da
parcela; como cabe no bolso,
ele acaba comprando", diz.
O aumento do número de
veículos nas ruas das cidades da
região tem pontos positivos e
negativos, apontam os especialistas ouvidos pela Folha.
Segundo Torres, uma das
consequências benéficas é a renovação da frota, com a substituição de veículos mais antigos
por novos, que são menos poluidores e estão sujeitos a causar menos acidentes e interrupções no trânsito.
Por outro lado, mais veículos
exigem mais obras como avenidas, ruas e pontes. Esses recursos poderiam ser destinados à
melhoria do transporte público, que abrange a maior parte
da população, segundo José
Antonio Lanchoti, professor de
urbanismo do Centro Universitário Moura Lacerda.
Além disso, de acordo com
Lanchoti, o acesso cada vez
mais fácil aos veículos provoca
uma dispersão urbana, com
pessoas morando cada vez
mais longe do local do trabalho
-é o que vem acontecendo
com Ribeirão, diz. Essa expansão também demanda investimentos públicos, o que acaba
por onerar toda a população,
segundo o professor.
"Reconhecendo que é um
objeto de desejo, temos que
mostrar que é possível usar o
automóvel de maneira inteligente", diz o professor Ferraz.
Entre as medidas a serem incentivadas, segundo ele, estão
o uso do carro só nos finais de
semana e a prática da carona.
Próximo Texto: Frase Índice
|