Ribeirão Preto, Terça-feira, 16 de Junho de 2009

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Região ganha 312 novos veículos por dia

Em um ano, passaram a rodar nas ruas das 89 cidades mais 113.947 autos; frota ultrapassou barreira do 1,5 mi em março

Maior crescimento percentual ocorreu nas cidades pequenas, com destaque para Trabiju, que registrou alta de 14%


Silva Junior/Folha Imagem
Silhueta de ciclista no trânsito da rua São Sebastião, no centro de Ribeirão Preto, que ganhou quase 27 mil veículos em um ano

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA RIBEIRÃO

A região de Ribeirão incorporou 113.947 veículos em apenas um ano, o equivalente a 312 novos veículos por dia, aponta o mais recente levantamento do Denatran (Departamento Nacional de Trânsito), de março.
Com esse novo contingente, a frota das 89 cidades da região ultrapassou a barreira do 1,5 milhão de veículos, somando 1.568.892, alta de 7,83% em relação a março do ano passado.
O crescimento desse mercado se manteve mesmo em um cenário adverso, com a economia enfrentando os impactos da crise econômica mundial.
Entre as razões para o aumento estão medidas como redução do IPI para os veículos, anunciada pela União, retomada do crédito, com prazos longos e juros mais baixos.
No município de Ribeirão Preto foi verificado o maior crescimento absoluto, com 26.933 veículos, atingindo 341.796 no total -aumento de 8,55%. Mas, percentualmente, o crescimento foi maior em pequenas localidades, como Trabiju. Na segunda menor cidade da região, com população de 1.507 habitantes, a alta foi de 14% -de 307 para 350 veículos.
A frota também cresceu em ritmo maior em São José da Bela Vista, Restinga, Santa Cruz da Esperança, Santa Ernestina, Colômbia, Vista Alegre do Alto, Patrocínio Paulista, Cristais Paulista e Dobrada.
"O carro é uma casa móvel, tem gente que compra um antes de comprar a casa", afirmou Coca Ferraz, professor da área de trânsito e transporte da USP de São Carlos. Segundo ele, o aumento da frota de veículos na região é explicado pelo crescimento econômico, aliado ao status proporcionado pela posse do automóvel.
Para o consultor automotivo André Belchior Torres, o grande impulso na venda de automóveis veio de consumidores com renda mais baixa. Houve uma mudança na dinâmica desse mercado, com pessoas que "antes nem sonhavam" em ter um automóvel passando a frequentar as concessionárias. "Esse consumidor não faz uma conta periódica de quanto vai pagar. Ele quer saber o valor da parcela; como cabe no bolso, ele acaba comprando", diz.
O aumento do número de veículos nas ruas das cidades da região tem pontos positivos e negativos, apontam os especialistas ouvidos pela Folha.
Segundo Torres, uma das consequências benéficas é a renovação da frota, com a substituição de veículos mais antigos por novos, que são menos poluidores e estão sujeitos a causar menos acidentes e interrupções no trânsito.
Por outro lado, mais veículos exigem mais obras como avenidas, ruas e pontes. Esses recursos poderiam ser destinados à melhoria do transporte público, que abrange a maior parte da população, segundo José Antonio Lanchoti, professor de urbanismo do Centro Universitário Moura Lacerda.
Além disso, de acordo com Lanchoti, o acesso cada vez mais fácil aos veículos provoca uma dispersão urbana, com pessoas morando cada vez mais longe do local do trabalho -é o que vem acontecendo com Ribeirão, diz. Essa expansão também demanda investimentos públicos, o que acaba por onerar toda a população, segundo o professor.
"Reconhecendo que é um objeto de desejo, temos que mostrar que é possível usar o automóvel de maneira inteligente", diz o professor Ferraz. Entre as medidas a serem incentivadas, segundo ele, estão o uso do carro só nos finais de semana e a prática da carona.


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