Ribeirão Preto, Domingo, 16 de Novembro de 2008

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Legião de peões brasileiros conquista EUA

Adriano Moraes, Ednei Caminhas, Guilherme Marchi e mais 23 disputam dólares e fama na terra que inventou o rodeio

Invasão verde-amarela nas arenas americanas começou na década de 80; brasileiros já ganharam cinco dos 15 títulos disputados


Edson Silva/Folha Imagem
Da esquerda para a direita: Robson Palermo, Paulo Crimber, Valdiron de Oliveira, Guilherme Marchi, Ednei Caminhas e Eurípedes Rosa; agachados, Edimundo Gomes, Adriano Moraes e Leonil Santos

MARCELO TOLEDO
ENVIADO ESPECIAL A LAS VEGAS

Decatur, Gainesville, Tyler, Denton, todas no Texas. Incrustadas nos arredores de Dallas, "velho oeste" dos Estados Unidos, essas pequenas cidades foram conquistadas por peões brasileiros em uma busca muito bem-sucedida de fortuna e reconhecimento.
Desde a ida de peões como Sebastião Procópio e Vilmar Felipe, ex-campeões da Festa do Peão de Boiadeiro de Barretos, aos EUA, na década de 80, o rodeio -lá e cá- se profissionalizou. Hoje, uma legião de 25 competidores brasileiros mora na terra do Tio Sam e disputa prêmios de até US$ 1 milhão, com o bônus de virar ídolos.
Em pequenos ranchos ou em grandes fazendas do Texas, brasileiros como Adriano Moraes, Guilherme Marchi e Ednei Caminhas -todos campeões mundiais- se preparam para as competições e tentam reproduzir ambientes como os que tinham no Brasil antes da fama, em meio a animais e ao convívio com familiares.
Formaram o que se pode chamar de "república dos brasileiros", já que alguns, inclusive, moram na mesma cidade, como Moraes, Robson Palermo e Paulo Crimber -todos vivem em Tyler. Moraes, o principal ídolo das arenas e que se aposentou no último domingo, é dono de uma fazenda. "O Adriano foi puxando todo mundo. No Texas, vive-se disso, com vaqueiros, boiadas... É o centro dos peões", afirmou Eurípedes Célio Rosa, 32, que está nos EUA desde junho. Ele é irmão de Milton Célio Rosa, campeão de Barretos em 1990.
A mudança de país é apenas um dos muitos desafios dos brasileiros que disputam a PBR (Professional Bull Riders), em sua 15ª edição, enfrentam no dia-a-dia nos EUA. Uma mudança bem-vinda se dá na conta bancária: só neste ano, os sete peões que chegaram à final do circuito, em Las Vegas, ganharam US$ 2,32 milhões (R$ 5,4 milhões, no câmbio de anteontem) em premiações.
Enquanto aqui, segundo eles, um bom peão consegue cerca de R$ 80 mil por ano, participando de 40 rodeios, nos EUA, com a mesma performance, em 15 competições, é possível ganhar US$ 60 mil (R$ 136 mil). Por ter sido campeão mundial, Marchi -que tem fazenda e churrascaria nos arredores de Dallas- ganhou US$ 1 milhão na semana passada.
Outro desafio dos "peões brazucas" é manter o nome de batismo. Um exemplo: Eurípedes Rosa foi obrigado a mudar para "Pim Rosa" porque os locutores americanos não conseguiam falar seu nome. Os peões brasileiros foram aos EUA, viram e venceram: em cinco das 15 edições do Campeonato Mundial da PBR um brasileiro levantou o caneco. Foram três títulos de Moraes (1994, 2001 e 2006), um de Caminhas (2002) e o último de Marchi (2008).
"Há espaço para crescer. Respeitam muito a gente aqui nos EUA", disse Caminhas. A temperatura nas arenas deve subir mais ainda a partir de janeiro, quando brasileiros, canadenses, norte-americanos, mexicanos e australianos começam a disputar, paralelamente ao circuito da PBR, vagas para integrar a equipe de seus países na Copa do Mundo, que será disputada durante a Festa do Peão de Boiadeiro, em Barretos.


Os jornalistas MARCELO TOLEDO e EDSON SILVA viajaram a convite de Os Independentes


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