Ribeirão Preto, Sábado, 17 de Janeiro de 2009

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Creches e escolinhas pagas perdem alunos

Segundo dados do Censo Escolar, 47,9% das crianças estavam em escolinhas privadas no ano passado, contra 57,9% em 2005

Dificuldade de pagar as mensalidades e pressão popular para aumentar as vagas na rede municipal justificam a queda

Márcia Ribeiro/Folha Imagem
Rosana Tasca Correa compra material com o filho Hevandro, que estuda em escolinha particular

JULIANA COISSI
DA FOLHA RIBEIRÃO

Em 2005, início do governo do tucano Welson Gasparini (PSDB), 57,9% das crianças matriculadas em creches e 39,7% das de pré-escolas infantis em Ribeirão Preto estudavam em instituições particulares. No ano passado, o percentual nas creches privadas caiu para 47,9% e nas escolinhas foi para 35,4%. Em contrapartida, cresceu a matrículas das crianças nas creches e escolinhas da rede municipal.
É o que revelam os dados do Censo Escolar 2008, divulgados ontem pelo Ministério da Educação. Especialistas atribuem a redução à dificuldade dos pais em pagar a mensalidade, à pressão para criar mais vagas na rede municipal e à queda na natalidade.
Segundo o censo, a principal diferença está nas creches, que atendem a bebês até três anos. A pré-escola atende crianças de quatro a seis anos.
Existem aproximadamente 50 creches e pré-escolas particulares em Ribeirão, segundo o Sieeesp (Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino no Estado de São Paulo). Algumas unidades fecharam nos últimos anos pela queda na demanda, disse o diretor regional, João Alberto de Andrade Velloso.
Para Velloso, há uma tendência no país de queda de matrículas nos dois segmentos porque caiu o número de nascimentos. "Já na periferia, a natalidade continua alta. E eles vão para a creche pública."
Outro fator é a renda. A mensalidade na escolinha custa de R$ 250 a R$ 500. "Um aluno assim custa mais do que o de ensino fundamental", diz Velloso.
Mães que mantêm alunos em escolinhas particulares afirmam que a mensalidade realmente aperta o orçamento.
Segundo o presidente do Conselho Municipal de Educação, José Marcelino de Rezende Pinto, a rede municipal se expandiu nos últimos quatro anos. Uma das medidas tomadas pela prefeitura para aumentar o número de vagas foi expandir os convênios com creches filantrópicas.
A filantrópica recebe um valor fixo da prefeitura, de R$ 70 por aluno -um terço menos do que custa um aluno da rede municipal. "A prefeitura quis reduzir sua demanda com esses convênios, mas é ruim, porque a qualidade das filantrópicas é bem pior, os salários são baixos e eles trabalham no limite", disse Rezende Pinto.
A secretária da Educação, Maria Débora Vendramini Durlo, atribui a menor participação das particulares à dificuldade financeira dos pais e à qualidade da rede municipal.
Na opinião da psicóloga Ana Paula Soares-Lima, da USP de Ribeirão, a expansão da rede municipal deve-se a uma ação efetiva das famílias e do Ministério Público em cobrar mais vagas na rede municipal.
O promotor Marcelo Pedroso Goulart, disse que as vagas da rede particulares ainda são excessivas. "É a prefeitura quem tem de garantir vagas."
A rede municipal tem déficit crônico de vagas, especialmente em creches. Segundo o Ministério Público, Ribeirão precisa abrir 9.000 vagas até 2011. A administração tucana estimava a demanda reprimida de 2008 em 1.000 vagas. O atual governo não tem estimativa.


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