Ribeirão Preto, Quinta-feira, 17 de Junho de 2010

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Usina de Mansur atrasa salários e sofre manifestação

Funcionários da Galo Bravo dizem ter recebido cheques sem fundo; em 3 meses, usina teve ao menos 10 multas

Já a Pignata, arrendada por Mansur, está com a produção parada há cerca de um mês; usina não comenta

LUIZA PELLICANI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE RIBEIRÃO PRETO
LEANDRO MARTINS
DE RIBEIRÃO PRETO

Onze anos depois da falência das redes Mappin e Mesbla, que pertenciam a Ricardo Mansur, funcionários de duas usinas da região ligadas ao empresário sofrem com atrasos salariais e fazem protesto em Ribeirão Preto.
Ontem, trabalhadores da Usina Galo Bravo, em Ribeirão, protestaram contra, segundo o que disseram, o recebimento de salários em cheques sem fundos. Já a Destilaria Pignata, de Sertãozinho, está com a produção parada há cerca de um mês.
Sindicalistas e a Subdelegacia do Ministério do Trabalho confirmam existência de pendências. A Folha tentou ouvir a direção das empresas. Ninguém foi localizado.
No caso da Galo Bravo, comprada por Mansur em agosto passado, o protesto de trabalhadores foi o segundo em menos de dez dias.
A paralisação de ontem envolveu funcionários que atuam no corte da cana. Cerca de 60 trabalhadores, a maioria mulheres, protestaram em frente à usina.
O grupo reclamava que os estabelecimentos comerciais não recebem nem trocam mais os cheques emitidos pela empresa.
"É muita vergonha. Quando andamos em Pontal as pessoas nos apontam como "o povo do cheque sem fundo'", disse a lavradora Ângela Maria Alves, 27.
Os trabalhadores reclamam ainda que o FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) não está sendo depositado, fato confirmado pela Subdelegacia do Ministério do Trabalho.
Segundo o órgão, por causa de irregularidades a Galo Bravo foi autuada ao menos dez vezes nos últimos três meses. "Até as multas são complicadas de receber, porque entram na Justiça e protelam ao máximo. Quando são obrigados a pagar não o fazem e a cobrança é feita pela União", disse a auditora fiscal e chefe de relações do trabalho em Ribeirão, Maria Helena Faria de Vergueiro.
O presidente do Sindicato dos Empregados Rurais de Ribeirão, Silvio Palviqueres, disse que a usina informou que pagaria os valores devidos. "Não acredito que vão pagar, porque estão enrolando desde sempre. Porque resolveriam o problema agora?", questionou.
Na semana passada, segundo o presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Fabricação do Álcool, Químicas e Farmacêuticas, Pedro Jesus Sampaio, 350 trabalhadores da área industrial da Galo Bravo já haviam parado.
O protesto durou um dia, até que os salários atrasados fossem pagos. "A empresa vem passando por dificuldade de reestruturação. O Mansur comprou ela o ano passado e eu esperava que ele tivesse mais fôlego financeiro para reestruturar a empresa", disse Sampaio.

SERTÃOZINHO
Já a Destilaria Pignata, arrendada por Mansur em janeiro, está com a produção parada há cerca de um mês, segundo o diretor do Sindicato da Alimentação de Sertãozinho, Mauro Bissi.
"Não sei se o contrato deixou de ser cumprido por ele [Mansur] ou pela família [Pignata], mas foi rompido."
Com o rompimento, segundo ele, a destilaria voltou a ser controlada pela família. Bissi disse que 80 contratados por Mansur para a safra foram demitidos e não receberam a rescisão. Outros 30 seguem na empresa, mas com salários atrasados.
À Folha Luiz Pignata, um dos diretores da usina, disse que não comentaria.


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