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Usina de Mansur atrasa salários e sofre manifestação
Funcionários da Galo Bravo dizem ter recebido cheques sem fundo; em 3 meses, usina teve ao menos 10 multas
Já a Pignata, arrendada por Mansur, está com a produção parada há cerca de um mês;
usina não comenta
LUIZA PELLICANI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE RIBEIRÃO PRETO
LEANDRO MARTINS
DE RIBEIRÃO PRETO
Onze anos depois da falência das redes Mappin e Mesbla, que pertenciam a Ricardo Mansur, funcionários de
duas usinas da região ligadas
ao empresário sofrem com
atrasos salariais e fazem protesto em Ribeirão Preto.
Ontem, trabalhadores da
Usina Galo Bravo, em Ribeirão, protestaram contra, segundo o que disseram, o recebimento de salários em
cheques sem fundos. Já a
Destilaria Pignata, de Sertãozinho, está com a produção
parada há cerca de um mês.
Sindicalistas e a Subdelegacia do Ministério do Trabalho confirmam existência de
pendências. A Folha tentou
ouvir a direção das empresas. Ninguém foi localizado.
No caso da Galo Bravo,
comprada por Mansur em
agosto passado, o protesto
de trabalhadores foi o segundo em menos de dez dias.
A paralisação de ontem
envolveu funcionários que
atuam no corte da cana. Cerca de 60 trabalhadores, a
maioria mulheres, protestaram em frente à usina.
O grupo reclamava que os
estabelecimentos comerciais
não recebem nem trocam
mais os cheques emitidos pela empresa.
"É muita vergonha. Quando andamos em Pontal as
pessoas nos apontam como
"o povo do cheque sem fundo'", disse a lavradora Ângela Maria Alves, 27.
Os trabalhadores reclamam ainda que o FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de
Serviço) não está sendo depositado, fato confirmado
pela Subdelegacia do Ministério do Trabalho.
Segundo o órgão, por causa de irregularidades a Galo
Bravo foi autuada ao menos
dez vezes nos últimos três
meses. "Até as multas são
complicadas de receber, porque entram na Justiça e protelam ao máximo. Quando
são obrigados a pagar não o
fazem e a cobrança é feita pela União", disse a auditora
fiscal e chefe de relações do
trabalho em Ribeirão, Maria
Helena Faria de Vergueiro.
O presidente do Sindicato
dos Empregados Rurais de
Ribeirão, Silvio Palviqueres,
disse que a usina informou
que pagaria os valores devidos. "Não acredito que vão
pagar, porque estão enrolando desde sempre. Porque resolveriam o problema agora?", questionou.
Na semana passada, segundo o presidente do Sindicato dos Trabalhadores na
Indústria de Fabricação do
Álcool, Químicas e Farmacêuticas, Pedro Jesus Sampaio, 350 trabalhadores da
área industrial da Galo Bravo
já haviam parado.
O protesto durou um dia,
até que os salários atrasados
fossem pagos. "A empresa
vem passando por dificuldade de reestruturação. O Mansur comprou ela o ano passado e eu esperava que ele tivesse mais fôlego financeiro
para reestruturar a empresa", disse Sampaio.
SERTÃOZINHO
Já a Destilaria Pignata, arrendada por Mansur em janeiro, está com a produção
parada há cerca de um mês,
segundo o diretor do Sindicato da Alimentação de Sertãozinho, Mauro Bissi.
"Não sei se o contrato deixou de ser cumprido por ele
[Mansur] ou pela família
[Pignata], mas foi rompido."
Com o rompimento, segundo ele, a destilaria voltou
a ser controlada pela família.
Bissi disse que 80 contratados por Mansur para a safra
foram demitidos e não receberam a rescisão. Outros 30
seguem na empresa, mas
com salários atrasados.
À Folha Luiz Pignata, um
dos diretores da usina, disse
que não comentaria.
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