|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Indenização a donos de ranchos do rio Sapucaí causa polêmica
Empresa que vai construir hidrelétrica depositou R$ 3,5 milhões em juízo
DA FOLHA RIBEIRÃO
A desapropriação de uma
área de ranchos entre São Joaquim da Barra e Guará causa
polêmica entre a empresa que
constrói uma hidrelétrica no
local e os donos das casas.
A Central Anhanguera, concessionária da PCH (Pequena
Central Hidrelétrica) Anhanguera, em construção no rio Sapucaí, já depositou em juízo R$
3,5 milhões para os 57 donos de
ranchos desocuparem área onde a empresa fará uma barragem, mas o valor ainda gera discórdia. O dinheiro ainda não foi
embolsado pelos proprietários.
A discussão se arrasta desde
agosto de 2007, quando a Justiça de São Joaquim da Barra
aceitou o pedido de desapropriação e determinou que as famílias deixassem os ranchos no
prazo de um mês.
A indenização inicial paga
pela empresa na época foi de R$
36 mil, o que equivalia a R$ 631
por família. O valor revoltou os
donos de ranchos.
O TJ (Tribunal de Justiça) de
São Paulo derrubou, então, a liminar que obrigava as famílias
a deixar as áreas. Mas, no dia 31
de janeiro, a empresa tomou
posse da área. As obras no local
começaram no ano passado.
A avaliação da área foi feita
por uma perita designada pela
Justiça, que analisou que o Clube de Recreio Rio Sapucaí, que
concentra os ranchos, está estimado em R$ 3,5 milhões.
Porém, os rancheiros reclamam do valor, que ainda pode
ser alterado, já que a perita ainda não entregou a análise final.
"Eles não levaram em consideração os muros e a piscina do
meu rancho, além das árvores",
disse Sérgio Teixeira, um dos
proprietários. Ele deve receber
R$ 70 mil pela propriedade,
mas acha que o local vale ao
menos R$ 100 mil.
Perita
Na disputa, os donos dos ranchos colocam em xeque a isenção da perita escolhida pelo juiz
Alexandre Semedo de Oliveira.
Segundo o advogado do Clube
de Recreio, Gustavo Marchetti,
a perita Mariangela Maito Sostena é mãe de um funcionário
da empresa que está construindo a central hidrelétrica.
Ouvida pela Folha, Mariangela não confirmou nem negou
a informação. Disse apenas que
está impedida de dar entrevistas. O juiz Alexandre de Oliveira afirmou que soube pela "imprensa local" do fato.
Ele disse não poder responder se isso implicaria na designação de um novo perito. "Não
sei se as partes vão alegar isso."
A Central Anhanguera pertence à Seband (Sociedade de
Energia Bandeirantes) e ganhou em 2002 uma autorização da Aneel (Agência Nacional
de Energia Elétrica) para construir a central de pequeno porte, que terá potência de 16
MWH. A previsão é que a usina
deve iniciar seu funcionamento no início de 2010.
GA
Texto Anterior: Ambiente: Ribeirão é a primeira depois de capitais que vai monitorar rio Próximo Texto: Painel Regional Índice
|