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Aluno é obrigado a viajar 2 h para estudar
Buracos e más condições de pistas no distrito de Santa Eudóxia, em São Carlos, prejudica aulas de cerca de 60 estudantes
Pais, alunos, professores e escolas reclamam da situação; prefeitura afirma que o problema está sendo resolvido
JEAN DE SOUZA
ENVIADO ESPECIAL A SÃO CARLOS
Os buracos e as más condições das pistas da zona rural de
São Carlos, uma das maiores cidades da região, obrigam cerca
de 60 alunos a viajar até duas
horas de ônibus para chegar à
escola no distrito de Santa Eudóxia. Em algumas pistas, o
ônibus que os transporta não
consegue passar, principalmente em dias de chuva.
Por conta das estradas, os
atrasos dos estudantes são comuns, especialmente entre os
que estudam à noite. A dona de
casa Silvia Regina Pedroso Bril,
34, que tem um filho no segundo ano do ensino médio, disse
que os atrasos são normais. "A
primeira aula, ele sempre perde." Seu filho, Fabio Henrique
Bril, 17, pega o ônibus às 19h e
só chega ao distrito depois das
20h -a aula começa por volta
das 19h30. A volta só acontece
após a 0h.
"Isso quando não ligam dizendo que o ônibus está parado
na estrada e pedem para arranjar trator para puxar", disse ela,
que relata ter passado "muitas
vezes" pela situação. A prefeitura admite o problema, mas
diz que ele está sendo resolvido
(leia texto nesta página).
Com dois filhos estudando
em Santa Eudóxia, Andréia
Claudino Darvino, 26, disse
que, mesmo para os alunos que
estudam durante o dia, a rotina
é cansativa. "Eles fazem a tarefa de manhã, vão para a escola e
só voltam à noite. Não têm tempo para mais nada", disse a mãe
dos meninos Lucas e Mateus,
de 6 e 8 anos, respectivamente,
que saem de casa às 9h e só retornam após as 19h.
Frequentadora de um curso
noturno em uma telesala em
Santa Eudóxia, uma estudante
que não quis ter seu nome revelado afirmou que os atolamentos são constantes. "Daí a gente
atrasa, quando não tem que
ajudar a empurrar."
Os recorrentes atrasos -ela
só conseguia assistir meia hora
de aula- levaram-na a reclamar na subprefeitura. "O problema vem de muito tempo e
ninguém resolve."
Nos períodos de chuva, a estrada se torna intransitável e o
transporte escolar deixa de
buscar os alunos, relataram
mães, professores e alunos ouvidos pela Folha. Desde o começo de abril, por exemplo, o
ônibus percorreu seu trajeto
somente duas vezes.
O trabalhador rural Jurandir
Topp, 51, pai de Cristiane Topp,
13, aluna da 7ª série, lamenta.
"Não tem como a gente parar
de trabalhar e vim trazer, então
ela fica perdendo aula."
A aluna, que ficou duas semanas sem ir à aula, conta que
ainda está tentando colocar as
matérias em dia. "Vou emprestar os cadernos para copiar."
Rosilene do Carmo Moreno,
coordenadora pedagógica de
um dos dois colégios estaduais
do distrito, diz que os alunos da
zona rural, principalmente os
que estão na fase de alfabetização, são prejudicados. "Não
acompanham a turma. Isso gera um déficit. E as mães ainda
culpam a escola."
A professora Ana Beatris Appel disse que também é prejudicada. Ela afirmou ligar para
as mães dos faltosos e ouvir o
mesmo discurso. A situação,
segundo ela, gera desinteresse
dos pais, que não fazem questão de enviar os filhos à escola.
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