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Negociação entre médicos e Dárcy fracassa
Categoria se reuniu ontem à noite para decidir rumos do movimento; hoje prossegue a paralisação iniciada ontem na rede
Pacientes reclamam da
demora nas unidades de
saúde e de voltar para casa
sem atendimento no
1º dia
da manifestação
Edson Silva/Folha Imagem
![](../images/r1805201001.jpg) |
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Maria de Lourdes Felipe, que voltou para casa sem ser consultada na Unidade Básica de Saúde Central, ontem em Ribeirão Preto
DA FOLHA RIBEIRÃO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA RIBEIRÃO
Uma reunião feita ontem à
tarde entre representantes dos
médicos da rede pública de saúde de Ribeirão Preto e integrantes da prefeitura fracassou
na tentativa de acordo sobre as
reivindicações da categoria.
Por isso, ontem à noite os médicos se reuniram em assembleia que poderia culminar com
decretação de greve.
Durante todo o dia, os profissionais realizaram uma paralisação, atendendo apenas casos
de urgência nas unidades de
saúde. O protesto está previsto
para continuar hoje.
Os médicos reclamam principalmente do valor do salário-base de R$ 2.300 por 20 horas
semanais. Eles querem incorporação de mais R$ 4.000.
Na reunião ocorrida à tarde,
os profissionais chegaram a
propor para a prefeita Dárcy
Vera (DEM) o reenvio à Câmara do projeto que reajustava o
valor do prêmio incentivo -na
semana passada o projeto foi
barrado por falta de quorum.
Porém, segundo o presidente
do Simesp (Sindicato dos Médicos do Estado de SP) em Ribeirão, Marco Aurélio de Almeida, Dárcy disse que não tem
como reenviar o projeto.
Já o secretário-interino da
Saúde, Stênio Correia Miranda,
afirmou que a prefeitura fez a
parte dela e que foram os médicos que romperam um acordo
existente -na semana passada,
após o projeto do prêmio-incentivo ter sido barrado na Câmara, os médicos aprovaram a
paralisação ontem e hoje e disseram que, agora, só aceitariam
o reajuste de R$ 4.000.
Enquanto o impasse permanece entre prefeitura e médicos, quem sofre as consequências é a população. No protesto
de ontem, não faltaram reclamações de pacientes.
Os médicos estabeleceram
um sistema de triagem para
avaliar apenas os casos mais urgentes. Aqueles que, na avaliação deles, não precisavam de
atendimento imediato foram
mandados para casa.
À Folha funcionários da
UBDS Central afirmaram que
todos os pacientes com consultas marcadas para ontem também passaram por avaliação
médica antes de ser dispensados. Na prática, no entanto, isso não ocorreu.
Com problemas no ouvido, a
dona de casa Maria de Lourdes
Felipe, 66, foi ontem à UBDS
após três meses de espera pela
consulta com o neurologista.
Porém, o máximo que conseguiu foi passar pouco mais de
30 segundos pelo consultório,
sem ser examinada.
De manhã, mesmo quem
passou pelo médico reclamou.
Com o pé direito inchado, a
aposentada Antônia Alves Ferreira Araújo, 55, disse que foi
atendida, mas que o médico receitou injeções sem fazer exame. "Como pode dar uma injeção sem nem saber o que eu tenho no pé? Faz duas noites que
eu não durmo de dor."
Ainda na UBDS Central, o
instalador de fachadas Fabiano
Santos Silva, 31, reclamava de
fortes dores nas costas.
Ele disse que esperava desde
as 8h e até as 10h30 ainda não
tinha sido atendido -já havia
passado pela unidade de saúde
da Vila Virgínia, onde foi liberado. "Não consigo nem respirar direito por causa da dor."
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