Ribeirão Preto, Terça-feira, 18 de Maio de 2010

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Negociação entre médicos e Dárcy fracassa

Categoria se reuniu ontem à noite para decidir rumos do movimento; hoje prossegue a paralisação iniciada ontem na rede

Pacientes reclamam da demora nas unidades de saúde e de voltar para casa sem atendimento no 1º dia da manifestação


Edson Silva/Folha Imagem
Maria de Lourdes Felipe, que voltou para casa sem ser consultada na Unidade Básica de Saúde Central, ontem em Ribeirão Preto

DA FOLHA RIBEIRÃO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA RIBEIRÃO

Uma reunião feita ontem à tarde entre representantes dos médicos da rede pública de saúde de Ribeirão Preto e integrantes da prefeitura fracassou na tentativa de acordo sobre as reivindicações da categoria. Por isso, ontem à noite os médicos se reuniram em assembleia que poderia culminar com decretação de greve.
Durante todo o dia, os profissionais realizaram uma paralisação, atendendo apenas casos de urgência nas unidades de saúde. O protesto está previsto para continuar hoje.
Os médicos reclamam principalmente do valor do salário-base de R$ 2.300 por 20 horas semanais. Eles querem incorporação de mais R$ 4.000.
Na reunião ocorrida à tarde, os profissionais chegaram a propor para a prefeita Dárcy Vera (DEM) o reenvio à Câmara do projeto que reajustava o valor do prêmio incentivo -na semana passada o projeto foi barrado por falta de quorum.
Porém, segundo o presidente do Simesp (Sindicato dos Médicos do Estado de SP) em Ribeirão, Marco Aurélio de Almeida, Dárcy disse que não tem como reenviar o projeto.
Já o secretário-interino da Saúde, Stênio Correia Miranda, afirmou que a prefeitura fez a parte dela e que foram os médicos que romperam um acordo existente -na semana passada, após o projeto do prêmio-incentivo ter sido barrado na Câmara, os médicos aprovaram a paralisação ontem e hoje e disseram que, agora, só aceitariam o reajuste de R$ 4.000.
Enquanto o impasse permanece entre prefeitura e médicos, quem sofre as consequências é a população. No protesto de ontem, não faltaram reclamações de pacientes.
Os médicos estabeleceram um sistema de triagem para avaliar apenas os casos mais urgentes. Aqueles que, na avaliação deles, não precisavam de atendimento imediato foram mandados para casa.
À Folha funcionários da UBDS Central afirmaram que todos os pacientes com consultas marcadas para ontem também passaram por avaliação médica antes de ser dispensados. Na prática, no entanto, isso não ocorreu.
Com problemas no ouvido, a dona de casa Maria de Lourdes Felipe, 66, foi ontem à UBDS após três meses de espera pela consulta com o neurologista. Porém, o máximo que conseguiu foi passar pouco mais de 30 segundos pelo consultório, sem ser examinada.
De manhã, mesmo quem passou pelo médico reclamou. Com o pé direito inchado, a aposentada Antônia Alves Ferreira Araújo, 55, disse que foi atendida, mas que o médico receitou injeções sem fazer exame. "Como pode dar uma injeção sem nem saber o que eu tenho no pé? Faz duas noites que eu não durmo de dor."
Ainda na UBDS Central, o instalador de fachadas Fabiano Santos Silva, 31, reclamava de fortes dores nas costas.
Ele disse que esperava desde as 8h e até as 10h30 ainda não tinha sido atendido -já havia passado pela unidade de saúde da Vila Virgínia, onde foi liberado. "Não consigo nem respirar direito por causa da dor."


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