Ribeirão Preto, Sexta-feira, 18 de Setembro de 2009

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SP tira central de transplantes de Ribeirão

Em duas horas de reunião, representante da Secretaria Estadual da Saúde confirma mudança e irrita os médicos do HC

Profissionais de Ribeirão temem que próximo passo seja a unificação das listas de espera por órgãos e vão recorrer ao secretário


LUCAS REIS
DA FOLHA RIBEIRÃO

O Estado confirmou: Ribeirão Preto vai mesmo perder a CNCDO (Central de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos), a única do interior.
O comunicado foi feito ontem pelo coordenador da Central de Transplantes do Estado, Luiz Augusto Pereira, aos representantes da central de Ribeirão, em duas horas de reunião no Hospital das Clínicas.
"O trabalho de distribuição será centralizado. O que vai mudar é a pessoa que vai ligar oferecendo o órgão. Só isso", disse Pereira, que repetiu inúmeras vezes que os pacientes na fila de espera de transplantes não serão prejudicados.
"Não haverá mudanças nos critérios de órgãos ou córneas no Estado. Nenhuma das filas será unificada. Para os pacientes, não mudará nada. Se o órgão for do interior, o receptor será do interior", disse Pereira, que enfrentou o descontentamento dos coordenadores de transplantes de Ribeirão durante toda a reunião.
Silvio Tucci, coordenador da central regional, reclamou da falta de garantias de que as filas não serão unificadas. "E se trocar o secretário, o governador, e mudarem o sistema?"
O problema nesse caso, informou, é que os cerca de 700 pacientes do interior correm o risco de ser prejudicados porque passarão a concorrer com os 4.000 que esperam um órgão na fila da capital.
Tucci e Orlando de Castro e Silva, coordenador do programa de transplante de fígado, questionaram os motivos da mudança e disseram ter saído insatisfeitos do encontro. Na próxima terça-feira, ambos vão se encontrar com o secretário de Estado da Saúde, Luiz Roberto Barradas Barata.
Pereira disse que a desativação vai ocorrer por questões de "logística e estrutura". Os médicos de Ribeirão falam em aumento da burocracia e preveem que a mudança provocará problemas administrativos. "Temos 11 centros transplantadores no interior de São Paulo. Nossa central atende a todos. Com a mudança, cada unidade de transplante, cada centro transplantador, terá de criar seu próprio escritório, sua minicentral", disse Tucci.
Ainda não há um prazo para que as mudanças ocorram. A regulação de órgãos de Ribeirão, pioneira no Estado, funciona no HC com 12 profissionais: seis médicos e seis funcionários. Com a mudança, os funcionários deverão ser remanejados para outras áreas.
A capital paulista passará a ser a única responsável pela organização dos transplantes: ela será comunicada sobre órgãos disponíveis e fará o contato com os receptores. Atualmente, só as filas para transplantes de coração, pulmão e pâncreas são unificadas no Estado. Para fígado, há duas filas; rim e pâncreas, três e córnea, quatro.


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