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SP tira central de transplantes de Ribeirão
Em duas horas de reunião, representante da Secretaria Estadual da Saúde confirma mudança e irrita os médicos do HC
Profissionais de Ribeirão temem que próximo passo seja a unificação das listas de espera por órgãos e vão recorrer ao secretário
LUCAS REIS
DA FOLHA RIBEIRÃO
O Estado confirmou: Ribeirão Preto vai mesmo perder a
CNCDO (Central de Notificação, Captação e Distribuição de
Órgãos), a única do interior.
O comunicado foi feito ontem pelo coordenador da Central de Transplantes do Estado,
Luiz Augusto Pereira, aos representantes da central de Ribeirão, em duas horas de reunião no Hospital das Clínicas.
"O trabalho de distribuição
será centralizado. O que vai
mudar é a pessoa que vai ligar
oferecendo o órgão. Só isso",
disse Pereira, que repetiu inúmeras vezes que os pacientes
na fila de espera de transplantes não serão prejudicados.
"Não haverá mudanças nos
critérios de órgãos ou córneas
no Estado. Nenhuma das filas
será unificada. Para os pacientes, não mudará nada. Se o órgão for do interior, o receptor
será do interior", disse Pereira,
que enfrentou o descontentamento dos coordenadores de
transplantes de Ribeirão durante toda a reunião.
Silvio Tucci, coordenador da
central regional, reclamou da
falta de garantias de que as filas
não serão unificadas. "E se trocar o secretário, o governador, e
mudarem o sistema?"
O problema nesse caso, informou, é que os cerca de 700
pacientes do interior correm o
risco de ser prejudicados porque passarão a concorrer com
os 4.000 que esperam um órgão na fila da capital.
Tucci e Orlando de Castro e
Silva, coordenador do programa de transplante de fígado,
questionaram os motivos da
mudança e disseram ter saído
insatisfeitos do encontro. Na
próxima terça-feira, ambos vão
se encontrar com o secretário
de Estado da Saúde, Luiz Roberto Barradas Barata.
Pereira disse que a desativação vai ocorrer por questões de
"logística e estrutura". Os médicos de Ribeirão falam em aumento da burocracia e preveem
que a mudança provocará problemas administrativos. "Temos 11 centros transplantadores no interior de São Paulo.
Nossa central atende a todos.
Com a mudança, cada unidade
de transplante, cada centro
transplantador, terá de criar
seu próprio escritório, sua minicentral", disse Tucci.
Ainda não há um prazo para
que as mudanças ocorram. A
regulação de órgãos de Ribeirão, pioneira no Estado, funciona no HC com 12 profissionais:
seis médicos e seis funcionários. Com a mudança, os funcionários deverão ser remanejados para outras áreas.
A capital paulista passará a
ser a única responsável pela organização dos transplantes: ela
será comunicada sobre órgãos
disponíveis e fará o contato
com os receptores. Atualmente, só as filas para transplantes
de coração, pulmão e pâncreas
são unificadas no Estado. Para
fígado, há duas filas; rim e pâncreas, três e córnea, quatro.
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