Ribeirão Preto, Domingo, 18 de Outubro de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

"Gulas" preferem bares novos e festas caras

DA FOLHA RIBEIRÃO

Ao contrário dos flanelinhas tradicionais, que geralmente trabalham em pontos fixos de Ribeirão Preto, como a avenida Nove de Julho, os "gulas" são profissionais itinerantes, que seguem o roteiro das baladas e até viajam pela região.
A informação sobre onde estão as melhores vagas, segundo contou um "gula" à Folha, é obtida na internet e em folhetos de distribuição gratuita que divulgam a programação cultural e de lazer da cidade e da região.
Quanto mais nova for a balada e mais caros os convites para festas, mais clientes em "potencial" têm os "gulas".
Um desses flanelinhas, que não quis se identificar, disse que é cozinheiro, mas trabalha apenas como "gula". Segundo ele, é possível ganhar até R$ 3.000 em um mês, dependendo da quantidade de festas realizadas e do movimento dos bares. A renda, ainda de acordo com ele, dificilmente viria da maioria das vagas de trabalho com carteira assinada.
À Folha o "gula" admite que impor preço aos motoristas e exigir o pagamento pela vaga pública é ilegal e cita a palavra "extorsão". "Se a polícia pegar, dá problema", disse.
Para o "gula", não é interessante ter cadastro ou ter a profissão regulamentada. Ele disse que só os flanelinhas mais tradicionais defendem a medida porque se contentam em receber "moedinhas".
É o caso do aposentado Antonio Alves de Lima, 60, que trabalha há 20 anos como guarda noturno de casas e lojas na rua Eliseu Guilherme, no Boulevard, em Ribeirão Preto. Com a abertura do bar Vila Dionísio no ano passado, passou a ser flanelinha para ter mais renda.
Os dias de trabalho como guardador de automóveis são de quinta-feira a domingo e a jornada pode se estender até depois das 5h. Nos outros dias da semana, ele divide o posto com o filho.
Com o aumento de movimento de carros em razão da abertura do bar, chamou Renato Freitas, 32, para ajudá-lo a correr até os veículos que estacionam mais longe para pedir colaboração. Segundo Freitas, é possível tirar até R$ 700 por mês como guardador de carros.
O valor médio pedido, conforme constatou a Folha na última quinta-feira, é de R$ 3. A reportagem pergunta a Lima se os clientes do bar pagam. "Tem uns que sim, outros dão R$ 0,35. Mas a gente vai fazer o quê?", questionou.
O estudante Pedro Rugai, 20, foi um dos abordados por Freitas antes de ir ao Vila Dionísio. Ele considerou que R$ 3 era muito para uma vaga pública, mas não reclamou da abordagem e disse que separaria algum dinheiro para dar aos guardadores na volta. "É melhor que pagar [por uma vaga de estacionamento privado]."


Texto Anterior: Frase
Próximo Texto: Painel Regional
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.