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"Gulas" preferem bares novos e festas caras
DA FOLHA RIBEIRÃO
Ao contrário dos flanelinhas
tradicionais, que geralmente
trabalham em pontos fixos de
Ribeirão Preto, como a avenida
Nove de Julho, os "gulas" são
profissionais itinerantes, que
seguem o roteiro das baladas e
até viajam pela região.
A informação sobre onde estão as melhores vagas, segundo
contou um "gula" à Folha, é obtida na internet e em folhetos
de distribuição gratuita que divulgam a programação cultural
e de lazer da cidade e da região.
Quanto mais nova for a balada e mais caros os convites para festas, mais clientes em "potencial" têm os "gulas".
Um desses flanelinhas, que
não quis se identificar, disse
que é cozinheiro, mas trabalha
apenas como "gula". Segundo
ele, é possível ganhar até R$
3.000 em um mês, dependendo
da quantidade de festas realizadas e do movimento dos bares.
A renda, ainda de acordo com
ele, dificilmente viria da maioria das vagas de trabalho com
carteira assinada.
À Folha o "gula" admite que
impor preço aos motoristas e
exigir o pagamento pela vaga
pública é ilegal e cita a palavra
"extorsão". "Se a polícia pegar,
dá problema", disse.
Para o "gula", não é interessante ter cadastro ou ter a profissão regulamentada. Ele disse
que só os flanelinhas mais tradicionais defendem a medida
porque se contentam em receber "moedinhas".
É o caso do aposentado Antonio Alves de Lima, 60, que
trabalha há 20 anos como guarda noturno de casas e lojas na
rua Eliseu Guilherme, no Boulevard, em Ribeirão Preto. Com
a abertura do bar Vila Dionísio
no ano passado, passou a ser
flanelinha para ter mais renda.
Os dias de trabalho como
guardador de automóveis são
de quinta-feira a domingo e a
jornada pode se estender até
depois das 5h. Nos outros dias
da semana, ele divide o posto
com o filho.
Com o aumento de movimento de carros em razão da
abertura do bar, chamou Renato Freitas, 32, para ajudá-lo a
correr até os veículos que estacionam mais longe para pedir
colaboração. Segundo Freitas,
é possível tirar até R$ 700 por
mês como guardador de carros.
O valor médio pedido, conforme constatou a Folha na última quinta-feira, é de R$ 3. A
reportagem pergunta a Lima se
os clientes do bar pagam. "Tem
uns que sim, outros dão R$
0,35. Mas a gente vai fazer o
quê?", questionou.
O estudante Pedro Rugai, 20,
foi um dos abordados por Freitas antes de ir ao Vila Dionísio.
Ele considerou que R$ 3 era
muito para uma vaga pública,
mas não reclamou da abordagem e disse que separaria algum dinheiro para dar aos
guardadores na volta. "É melhor que pagar [por uma vaga
de estacionamento privado]."
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