Proximidade do centro de compras Iguatemi que será construído na zona sul de Ribeirão "inflaciona" preço de terrenos na área

Proprietário de chácara de 11 mil m2 comprada por US$ 1 mil há 20 anos teve proposta de R$ 1,5 milhão, mas espera preço maior

Silva Junior/Folha Imagem

Sérgio Paris, arrendatário de chácara de 100 mil m2 vizinha ao futuro Shopping Iguatemi que tem sido cobiçada por construtoras

VERIDIANA RIBEIRO
DA FOLHA RIBEIRÃO

Há 20 anos, quando o aposentado Leonel comprou sua chácara nas proximidades da avenida Adelmo Perdiza, continuação da avenida Caramuru, na zona sul de Ribeirão, ele não imaginava que o terreno de 11 mil m 2 pelo qual pagou cerca de US$ 1.300 à época fosse valer hoje mais de R$ 1 milhão.
A expectativa de construção do Shopping Iguatemi nas proximidades da propriedade do aposentado de 74 anos -que não revela seu nome verdadeiro por medo de assalto- criou na região um "bolsão" de especulação imobiliária. A área compreende ao menos seis chácaras e um sítio.
A previsão é que o centro de compras fique pronto em 18 meses (leia mais nesta página).
A Folha conversou ontem com quatro proprietários e cinco funcionários do "bolsão". Segundo eles, não há quem não tenha recebido ao menos uma oferta de compra de empreiteiras, a maioria interessada em construir prédios nos terrenos.
Leonel afirma que recebeu a visita de um corretor há duas semanas. Ele conta que recebeu oferta de R$ 1,5 milhão pela chácara, metade à vista e o resto em parcelas de R$ 100 mil. "Mas eu quero esperar mais uns dias pra valorizar. Se chegar a R$ 2 milhões, eu vendo. Quero comprar um sítio e viver sossegado."
A aposentada Cândida, que também tem um sítio na região onde será construído o Iguatemi, disse que ficou irritada com a quantidade de ligações que ela e o marido (que morreu em outubro) receberam de compradores em potencial. A área, com cerca de 100 mil m2, foi arrendada para funcionários que moram no local e vivem do plantio de hortaliças.
Sérgio Paris, 43, que há 40 anos mora no sítio de Cândida, disse que nunca viu de perto um desses compradores. "Eles oferecem direto para os donos. A filha deles, acho que de tanto receber ligação, falou pra gente dizer que quando isso daqui estiver à venda eles colocam uma placa avisando."
O proprietário da chácara vizinha ao sítio, o produtor de TV Fábio Sabatini, 39, disse que a família recebeu uma "pancada" de ofertas de compradores nos últimos três anos. Ele, porém, espera que a propriedade de 20 mil m2 valorize ainda mais para vendê-la.
"Por menos de R$ 4 milhões eu não vendo. Porque não é só o shopping que vai ter ali. A avenida [Adelmo Perdiza] vai ser estendida até os fundos da chácara. E vão abrir outra pista na avenida [Luiz Eduardo Toledo Prado]", afirmou Sabatini.
Segundo o arquiteto José Luiz de Almeida, chefe da Divisão de Sistema Viário da Prefeitura de Ribeirão, apenas a duplicação das avenidas Luiz Eduardo Toledo Prado e Angelo Genaro Gallo está garantida. Isso porque as obras serão custeadas pelos empreendedores do Iguatemi.


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