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Promotor vai apurar fraude na Transerp
Ministério Público abre inquérito para investigar saída de veículos do pátio da empresa sem o pagamento das taxas devidas
Folha constatou que uma moto foi liberada sem pagar estadia; direção da empresa afirma que vai ajudar na investigação
ROBERTO MADUREIRA
DA FOLHA RIBEIRÃO
O Ministério Público em Ribeirão Preto abriu inquérito
ontem para apurar um possível
esquema de facilitação de liberação de veículos do pátio da
Transerp (Empresa de Trânsito e Transporte Urbano de Ribeirão Preto) sem o pagamento
das taxas, conforme a Folha
publicou, com exclusividade,
no último sábado.
Segundo o promotor da Cidadania, Sebastião Sérgio da
Silveira, a irregularidade apontada na reportagem é grave e é
preciso investigar se há outros
casos. Inicialmente, o promotor vai requisitar o histórico de
todos os veículos que foram liberados sem ônus.
"Trata-se de uma situação
completamente irregular e julgo necessário, de pronto, ter
acesso a esses arquivos de até
dois anos atrás", afirmou.
Dados obtidos pela reportagem mostram que uma moto
foi retirada do pátio da empresa no dia 18 de fevereiro, 63
dias depois de ser apreendida
por estar em mau estado de
conservação.
Apesar da dívida de R$ 448
(diárias e o guincho), o controle
financeiro da Transerp aponta
liberação "sem ônus".
Um funcionário da Transerp
foi quem retirou o veículo
-outra irregularidade, já que
apenas o dono poderia fazê-lo.
Segundo o promotor, à primeira vista, o caso deve ser enquadrado como improbidade
administrativa. No âmbito criminal, pode ser prevaricação e
corrupção ativa ou passiva.
"Depende da investigação. Mas
não tenho dúvidas que se trata
de um crime."
O superintendente da Transerp, William Latuf, que passou
a acumular a Secretaria de Governo, disse que vai dar colaborar com o promotor.
"Todos os documentos e arquivos que tivermos e sejam
necessários para investigar este caso, estão desde já à disposição", disse Latuf.
O funcionário Aparecido Donizeti Nascimento, responsável pelo setor de liberação do
pátio, disse ontem à reportagem que não sabia da irregularidade, mas admitiu que ela
ocorreu. Ele teme ser responsabilizado pelo que considera
um erro e não ato de má-fé.
"Dão entrada aqui de 30 a 40
carros por dia e só dois funcionários fazem o cadastro. Portanto, não é difícil ter ocorrido
um erro", disse. Ele não soube
explicar, no entanto, por que a
moto foi liberada para um funcionário da empresa que não
era o proprietário do veículo.
Nascimento disse que checou todos os veículos que deixaram o pátio desde sua contratação, em janeiro, e que não
há outra irregularidade.
Um veículo só pode ser liberado do pátio sem pagamento
em três ocasiões: se der entrada como abandonado, se estiver à espera da Justiça ou se estiver recolhido à espera de perícia, para que não haja violação de provas. Para as três situações, é necessária determinação da polícia ou Justiça.
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