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Fim da "era do ouro" impulsionou Ribeirão
da Folha Ribeirão
O declínio da
extração do ouro nas jazidas
mineiras definiu
a sorte da cidade
de Ribeirão Preto, que até no século 18 estava
fora das rotas dos bandeirantes e
longe do processo de colonização.
Com a escassez do minério, surgiram outras atividades paralelas,
como a pecuária e a agricultura
-nesse período, variadas e ainda
voltadas para a economia local.
"Eram atividades que exigiam
terras em abundância, o que provocou a migração", afirmou o historiador José Antônio Lages, que
escreveu um livro sobre a história
da região até o final do século 19.
A rota dos viajantes desse período passava por São Simão e até por
Batatais, de acordo com documentos e mapas da época.
Lages disse que a geografia do Estado mineiro, repleta de áreas
montanhosas, acelerou a caçada
por terras devolutas, ou seja, áreas
que foram entregues pelo Estado a
"tutores" e que não foram aproveitadas como exigia a lei.
Os primeiros posseiros plantaram, de início, para subsistência de
suas famílias. Depois, principalmente a partir da chegada da família real ao Brasil, em 1810, passaram a aumentar a produção.
O primeiro censo realizado na
"Parochia de São Sebastião do Ribeirão Preto", em 1872, mostra que
os únicos "forasteiros" do local
eram mineiros.
Dos 5.552 habitantes, 96 eram de
Minas Gerais.
"O número é pequeno porque
perguntavam de onde a pessoa tinha vindo e, como Ribeirão era
inexpressivo nessa época, a maioria passava por outra cidade de São
Paulo e acabava registrada no censo como nascida no Estado", afirmou Lages.
Documentos da época, reunidos
por Lages, indicam que existiam
cinco grandes propriedades agrícolas, que, ao longo dos anos, foram sendo redivididas.
O segundo movimento migratório, a partir do final do século 19,
envolve produtores de café das regiões do Paraíba e da Baixada Fluminense, no Rio de Janeiro.
"Eles deixaram as terras cansadas para aproveitar a força da terra
roxa que aparecia em Ribeirão, assim que as matas eram derrubadas", disse o historiador Divo Marino, diretor do Arquivo Histórico
Municipal.
A partir de 1880, cedendo à pressão dos cafeicultores, o governo
paulista começou a trazer imigrantes, principalmente italianos para
trabalhar nas lavouras da região no
lugar dos escravos.
Faltam dados sobre o número de
imigrantes que chegaram a Ribeirão Preto até o fim do ciclo da cafeicultura local.
Na década de 30, com o declínio
do café, surgiram outras culturas,
como o algodão e a cana.
O movimento migratório para
Ribeirão recomeçou na década de
70, com a criação do Pró-Álcool e a
expansão da economia sucroalcooleira na região.
Terras
A própria data de aniversário da
cidade, comemorada hoje, 19 de
junho, está ligada à questão da
propriedade da terra.
Na época em que chegaram os
posseiros, a forma estratégica de
legalizar as posses era doar um pequeno patrimônio para a construção de uma capela.
A doação era registrada nos livros paroquiais e ficava assim reconhecido que o doador era o dono, caso contrário não poderia ter
feito o ato de caridade.
No dia em que ficou definido como sendo a data do aniversário de
Ribeirão, por exemplo, em 1856, o
juiz Rodrigues Mendes despachou
favoravelmente ao pedido de demarcação de terras do patrimônio
doado para São Sebastião, padroeiro da cidade até hoje, feita pelo fabriqueiro Manoel de Nazareth
Azevedo (responsável por demarcar a doação).
Em março de 1863, o vigário de
São Simão, padre Manoel Eusébio
de Azevedo, definiu que a capela
de São Sebastião seria construída
onde hoje está a praça 15 de Novembro. A igreja ficava no mesmo
lugar da atual fonte luminosa, em
frente ao Theatro Pedro 2º.
Segundo Lages, em seu livro "Ribeirão Preto: da Figueira à Barra
do Retiro", a demora para se iniciar a obra se explica pela falta de
recursos.
(ALESSANDRO SILVA)
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