Ribeirão Preto, Terça-feira, 20 de Janeiro de 2009

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Região corta 25 mil empregos em dezembro

Foi o pior desempenho da década nas dez maiores cidades; saldo no acumulado de 2008 foi positivo, mas inferior a 2007

Franca, que demitiu 11 mil a mais do que contratou, sendo 9.974 apenas na indústria, liderou ranking, seguida por Araraquara

LUCAS REIS
DA FOLHA RIBEIRÃO

Mais de 25 mil postos de trabalho com carteira assinada foram cortados nas dez maiores cidades da região de Ribeirão Preto no mês passado, o pior desempenho da década, segundo o levantamento divulgado ontem pelo Ministério do Trabalho e Emprego.
Desde 2000, quando a contagem passou a ser feita mensalmente, o mês de dezembro não havia tido um resultado tão baixo (veja quadro nesta página). A indústria foi a grande vilã: das 25.368 vagas eliminadas, 16.142 foram na indústria -o equivalente a 63,3% do total.
O agravamento da crise mundial desde novembro, segundo o Ciesp (Centro das Indústrias no Estado de São Paulo), sindicatos e empresários, contribuiu para que o desempenho da indústria também fosse negativo quando considerado todo o ano de 2008: queda de 847 vagas.
Considerando todos os setores, o ano de 2008 teve um saldo positivo de vagas -16.845-, mas apresentou uma redução de 42% em relação a 2007.
Franca teve o pior desempenho da região, com um saldo negativo de 11.101 postos de trabalho em dezembro. Em todo o Brasil, foi o terceiro município que mais cortou vagas, atrás apenas de São Paulo e Manaus. A indústria, que se resume basicamente ao setor calçadista, foi a grande responsável pelo tropeço: 9.974 cortes.
"Os empresários não manteriam seu quadro fixo de funcionários sem saber o que vinha pela frente. É a lógica do lucro. Mas a situação ainda não é alarmante, só vamos saber como Franca foi atingida após março", disse Paulo Afonso Ribeiro, presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Calçados de Franca.
Em Sertãozinho, que concentra a indústria do setor sucroalcooleiro, e Araraquara, o tropeço do setor também foi grande em dezembro: saldo negativo de, respectivamente, 1.376 e 2.534 vagas.
"No momento, ser otimista é perigoso e ser pessimista, desastroso. O principal problema foi a redução das exportações, motivada pelo cancelamento de pedidos. Acreditamos que este primeiro trimestre não terá um bom desempenho", disse Eneida Miranda de Toledo, diretora do Ciesp de Araraquara.
Segundo Fabiano Guimarães, gerente do Ciesp de Ribeirão, dezembro é um período de poucas contratações. Mas a crise agravou a situação. "O primeiro sinal de uma crise é o patrão demitir funcionários."


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