Ribeirão Preto, Sexta-feira, 20 de Fevereiro de 2009

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Escola proíbe uso de mochila de rodinhas

Diretora da unidade de ensino de São Carlos, Rosângela Fornazieri, disse que rodas riscariam piso novo

ROBERTO MADUREIRA
DA FOLHA RIBEIRÃO

A direção da escola estadual Coronel Paulino Carlos, uma das mais tradicionais do centro de São Carlos, vetou o uso de mochilas com rodinhas dentro da unidade de ensino.
A escola, cujo prédio é tombado como patrimônio público, foi reformada nas férias, e a diretora, Rosângela Fornazieri, diz que as rodas riscariam o novo piso. A proibição vale desde segunda, primeiro dia de aula.
Além do dinheiro investido pelo Estado na reforma, a escola disse ter juntado R$ 12 mil próprios para aplicação de sinteko, espécie de resina para revestimento e conservação do piso. O dinheiro foi arrecadado em três edições de festa junina. "Foi uma recomendação que fiz e não uma ordem. Orientamos os pais desde antes das férias e dissemos os motivos. Além do piso, as mochilas com rodas não são recomendadas por questões de saúde, já que as crianças aqui sobem escadas." Na segunda, várias crianças apareceram com a mochila de rodinhas e foram obrigadas a deixá-las na mesa da inspetora ou tirar as rodas. Ontem, só dois alunos usavam o modelo.
Cerca de 800 crianças estudam no colégio, que atende alunos de 1ª a 4ª séries do ensino fundamental. Ontem eles receberam a mochila oficial cedida pela Secretaria de Estado da Educação -que é carregada nas costas-, mas alguns pais dizem que os filhos não irão usá-las. "Há sapatos que danificam mais [o piso] do que as mochilas. Minha filha prefere esta e já tinha uma. Não vou comprar uma nova", afirmou o eletricista Airton Messias Nascimento, 34, pai de Natália, 8.
A dona-de-casa Solange Soares, 30, disse não concordar, mas respeitou a decisão e comprou outra mochila para a filha Emily, 6. "Ela queria a com rodinhas, mas aceitei a sugestão e comprei a das costas", disse. Na avaliação do professor de Educação Física Germano Peneireiro, mestre em Biomecânica pela Faculdade de Educação Física da USP (Universidade de São Paulo), não é possível afirmar que mochilas de rodinha fazem mal à coluna. "Diferentes crianças respondem de formas diferentes a um mesmo tipo de mochila. O mais indicado a fazer é diminuir ao máximo a quantidade de material", afirmou Germano. Tatiana de Oliveira Sato, professora do Departamento de Fisioterapia da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos), disse concordar. "Não há estudos que comprovem." O presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) em São Carlos, Glaudecir José Passador, disse que a medida não se justifica legalmente. "Se adentrar na Justiça um pai que se sinta incomodado, ele provavelmente vai conseguir uma liminar para o filho."


Colaborou VERIDIANA RIBEIRO

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