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Escola proíbe uso de mochila de rodinhas
Diretora da unidade de ensino de São Carlos, Rosângela Fornazieri, disse que rodas riscariam piso novo
ROBERTO MADUREIRA
DA FOLHA RIBEIRÃO
A direção da escola estadual
Coronel Paulino Carlos, uma
das mais tradicionais do centro
de São Carlos, vetou o uso de
mochilas com rodinhas dentro
da unidade de ensino.
A escola, cujo prédio é tombado como patrimônio público,
foi reformada nas férias, e a diretora, Rosângela Fornazieri,
diz que as rodas riscariam o novo piso. A proibição vale desde
segunda, primeiro dia de aula.
Além do dinheiro investido
pelo Estado na reforma, a escola disse ter juntado R$ 12 mil
próprios para aplicação de sinteko, espécie de resina para revestimento e conservação do
piso. O dinheiro foi arrecadado
em três edições de festa junina.
"Foi uma recomendação que
fiz e não uma ordem. Orientamos os pais desde antes das férias e dissemos os motivos.
Além do piso, as mochilas com
rodas não são recomendadas
por questões de saúde, já que as
crianças aqui sobem escadas."
Na segunda, várias crianças
apareceram com a mochila de
rodinhas e foram obrigadas a
deixá-las na mesa da inspetora
ou tirar as rodas. Ontem, só
dois alunos usavam o modelo.
Cerca de 800 crianças estudam no colégio, que atende alunos de 1ª a 4ª séries do ensino
fundamental. Ontem eles receberam a mochila oficial cedida
pela Secretaria de Estado da
Educação -que é carregada
nas costas-, mas alguns pais
dizem que os filhos não irão
usá-las. "Há sapatos que danificam mais [o piso] do que as mochilas. Minha filha prefere esta
e já tinha uma. Não vou comprar uma nova", afirmou o eletricista Airton Messias Nascimento, 34, pai de Natália, 8.
A dona-de-casa Solange Soares, 30, disse não concordar,
mas respeitou a decisão e comprou outra mochila para a filha
Emily, 6. "Ela queria a com rodinhas, mas aceitei a sugestão e
comprei a das costas", disse.
Na avaliação do professor de
Educação Física Germano Peneireiro, mestre em Biomecânica pela Faculdade de Educação Física da USP (Universidade de São Paulo), não é possível
afirmar que mochilas de rodinha fazem mal à coluna.
"Diferentes crianças respondem de formas diferentes a um
mesmo tipo de mochila. O mais
indicado a fazer é diminuir ao
máximo a quantidade de material", afirmou Germano. Tatiana de Oliveira Sato, professora
do Departamento de Fisioterapia da UFSCar (Universidade
Federal de São Carlos), disse
concordar. "Não há estudos
que comprovem."
O presidente da OAB (Ordem
dos Advogados do Brasil) em
São Carlos, Glaudecir José Passador, disse que a medida não
se justifica legalmente. "Se
adentrar na Justiça um pai que
se sinta incomodado, ele provavelmente vai conseguir uma liminar para o filho."
Colaborou VERIDIANA RIBEIRO
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