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PM acha vereador foragido na prefeitura
Presidente da Câmara de Igarapava, um dos 5 acusados de cobrar "mensalinho" do prefeito, estava escondido no "arquivo morto"
Na residência de um vereador preso, polícia apreendeu R$ 800 mil em dinheiro e cheques, além
de uma arma calibre 22
Tiago Brandão-18.mar.09/"Comércio da Franca"
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O vereador e ex-prefeito Sérgio Augusto Freitas (PP) é preso por policiais militares em Igarapava
JEAN DE SOUZA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA RIBEIRÃO
GEORGE ARAVANIS
ENVIADO ESPECIAL A IGARAPAVA
Único foragido do grupo de
cinco vereadores acusados de
tentar receber "mensalinho"
do prefeito de Igarapava, o presidente da Câmara, Alan Kardec de Mendonça (PSDB), foi
preso na manhã de ontem, após
passar a noite escondido numa
sala do "arquivo morto" do Departamento de Recursos Humanos da prefeitura, coberto
por uma caixa de papelão.
Mendonça saiu da reunião
em que os vereadores davam o
ultimato ao prefeito Francisco
Molina (PSDB) para pagar
R$ 5.000 por mês a cada um
pouco antes do flagrante dado
por promotores e PMs. Os outros quatro vereadores - José
Eurípedes de Souza (PT), José
Laudemiro Alves (DEM), Sérgio Augusto Freitas (PP) Roberto Silveira (PSDB)- estão
presos desde anteontem.
Na noite da prisão, a polícia
apreendeu na casa do vereador
petista cerca de R$ 850 mil em
cheques e dinheiro, além de
uma arma de calibre 22. Em
2008, o então candidato declarou à Justiça Eleitoral bens no
valor de R$ 5.700.
Na busca por Mendonça, a
Polícia Militar chegou a utilizar
um helicóptero. Ele ficou escondido na prefeitura por pelo
menos 22 horas. Ao prestar depoimento, permaneceu calado.
A prisão dos vereadores foi o
assunto de ontem nas ruas de
Igarapava. Os moradores disseram estar envergonhados, surpresos e revoltados com a descoberta do "mensalinho".
"Isso é uma vergonha para
toda a cidade", disse a doméstica Cícera da Silva.
Para o ex-prefeito Antonio
Augusto Gobbi, que governou a
cidade pelo PT por dois mandatos até 2004, a imagem de Igarapava fica arranhada. Ele diz,
porém, que enquanto administrou a cidade, nunca foi pressionado para pagar mensalinho. "Nunca ouvi falar disso",
afirmou Gobbi, marido da vereadora Denise Mattar Soukef
Gobbi, que deve assumir a presidência da Câmara a partir da
semana que vem -ela é a primeira secretária e única representante da Mesa Diretora que
não foi presa.
Ontem, os quatro vereadores
restantes se reuniram de manhã na Câmara e decidiram que
vão realizar a sessão de segunda-feira, às 19h. Suplentes devem ser convocados, de acordo
com o advogado da Câmara, José Luiz Said.
O prefeito da cidade não foi
localizado em sua casa nem na
prefeitura. Segundo uma fonte
que acompanha as investigações, ele teria declarado que
"ou descumpriria o acordo ou
renunciaria". Por não ter denunciado a tentativa de extorsão, porém, ele pode ser processado por prevaricação.
Para a diretora de Combate à
Corrupção da ONG Amarribo
(Amigos Associados de Ribeirão Bonito), Lizete Verillo, "é
preciso que as pessoas participem da vida pública das cidades, façam um acompanhamento sistemático dos trabalhadores dos vereadores".
A Amarribo ficou conhecida
nacionalmente por, a partir da
mobilização da sociedade civil
de Ribeirão Bonito, ter dado
início a movimentos que derrubaram dois prefeitos da cidade
-em 2002 e 2007. Hoje, é uma
referência nacional na área de
combate à corrupção.
Nas transcrições das ligações
entre vereadores e o prefeito
interceptadas pelo Gaeco e às
quais a Folha teve acesso, o vereador José Laudemiro Alves
(DEM), o Zé da Bola, sugere ao
prefeito que fraude e superfature licitações para pagar o
mensalinho.
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