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Galpão abriga "cracolândia" de Ribeirão
Antigo espaço da Ceagesp é usado em plena luz do dia por viciados em crack que, para fugir da polícia, deixaram a Baixada
Imóvel, que hoje pertence
à Prefeitura de Ribeirão,
não tem mais cobertura
e está abandonado há
mais de uma década
Edson Silva/Folha Imagem
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Usuário de crack entra no antigo galpão da Ceagesp, na V.Virgínia, zona oeste de Ribeirão, que se transformou em novo ponto para utilização de entorpecentes
VERIDIANA RIBEIRO
DA FOLHA RIBEIRÃO
Para fugir da polícia e dos
olhares de quem passa pelo
centro antigo de Ribeirão Preto, usuários de crack estão migrando da região da Baixada para um dos antigos galpões da
Ceagesp (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de
São Paulo), transformando
o local em uma espécie de
"cracolândia".
O imóvel, que pertence à prefeitura, não tem mais cobertura
e está completamente abandonado há mais de uma década.
"Virou uma "cracolândia" isso
daqui. É o dia inteiro gente entrando e saindo. À noite, chegam mulheres. A gente chama a
polícia toda hora, mas eles voltam", disse Maria Auxiliadora
Andrade, 52, uma das moradoras do entorno, em referência à
região central de São Paulo, onde a droga é usada ao ar livre.
No último dia 8, quando a
Folha esteve no galpão, havia
oito homens dentro do imóvel.
Um deles, que se identificou
como ex-funcionário de usinas
da região, mostrou as pedras de
crack à reportagem. "O que eles
deviam fazer era arrumar uma
clínica de recuperação para
nós. Não chamar a polícia. Eu
fumo porque eu gosto", disse.
As informações sobre as consequências da ocupação do galpão por usuários do crack são
contraditórias. Funcionários
do Banco de Alimentos da prefeitura, que funciona no imóvel
vizinho, afirmam que dificilmente têm contato com os
usuários. Já os moradores se
dizem vítimas de furtos praticados por dependentes.
A porta-voz da Polícia Militar Lilian Caporal Nery confirmou que a ocupação do antigo
galpão da Ceagesp por usuários
de crack é recente, mas negou
que haja no município pontos
específicos para o consumo da
droga. "Os usuários deste tipo
de droga procuram lugares
pouco iluminados e com pouca
circulação", disse.
Na última quarta, a Folha
acompanhou a ronda noturna
da Cetrem (Central de Triagem
e Encaminhamento do Migrante, Itinerante e Morador
de Rua), que aborda moradores
de rua oferecendo abrigo. O
galpão da Ceagesp foi um dos
destinos, assim como avenidas
escuras e outros pontos comerciais da cidade, o que comprova
que os locais de uso de drogas
-não necessariamente as ilícitas- são conhecidos.
"No centro, os principais
pontos [de consumo de álcool e
drogas] são o quadrilátero do
Mercadão e a praça Schimidt",
afirmou a psicopedagoga da
Cetrem, Renata Cristina Correa da Silva.
Para o caso específico do galpão da Ceagesp, a Secretaria da
Cultura desenvolveu um projeto para restaurar o imóvel, em
parceria com uma fundação espanhola, e usá-lo como centro
de educação e cultura.
Segundo a titular da pasta,
Adriana Silva, nas vezes em que
o local foi visitado, os usuários
do crack estavam no galpão.
"Isso só evidencia a necessidade de estarmos atuando no local. Nossa ideia é receber a própria comunidade do entorno
em projetos de música, dança e
cinema", disse. A expectativa é
que o contrato de parceria com
a fundação seja assinado até
dezembro. Em 2008, a nova
"cracolândia" chegou a ser posta em leilão, mas a venda foi
cancelada a pedido da prefeita
Dárcy Vera (DEM), após não
aparecerem interessados.
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