|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Crack também causa estragos na elite
Após dez anos sem consumir drogas, homem tem recaída e agora está internado em uma clínica em Ribeirão Preto
Usuário em tratamento
no Caps de Ribeirão afirma ter consumido "paco", crack de segunda linha que
pode ter chegado à cidade
DA FOLHA RIBEIRÃO
Roberto (nome fictício), 50,
nunca precisou trabalhar para
se manter nem tinha problemas com a família quando começou a fumar maconha aos 12
anos, no Rio de Janeiro. Aos 13
já cheirava cocaína e, alguns
anos depois, passou a fumar
crack. Só com festas, chegou a
gastar US$ 30 mil em um ano.
Há 20 dias, depois de passar
dez anos completamente "limpo" e orientar dependentes em
recuperação, teve uma recaída
e agora está internado em uma
clínica em Ribeirão Preto. Sobre o crack, só tem uma explicação. "É um negócio maligno
mesmo, que veio para acabar
com essa juventude", afirmou.
Apesar de não ter semelhança com a imagem do usuário de
crack construída pelo imaginário comum -além de ser de família rica e tradicional, Roberto tem boa aparência e porte
atlético para a idade- seus relatos sobre as primeiras experiências com a droga são bem
parecidos com os de dependentes da classe baixa.
"O efeito é muito rápido. Por
aqueles cinco minutinhos, você
se desliga de tudo, entra em outro mundo. Se tiver um problema em casa, uma chateação,
aquilo não existe mais. É como
se você cochilasse e, de repente,
acordasse. Por isso que, quem
usa, enquanto tem a pedra, não
vai querer saber de fazer outra
coisa", disse.
Em situações de desespero
por mais drogas, ele conta, chegou a tirar a família de casa no
Rio para que traficantes pudessem levar eletrodomésticos e
outros objetos como pagamento. Há 25 anos, em uma das discussões com a ex-mulher, que
estava grávida de nove meses,
acabou provocando o aborto de
seu filho.
Hoje, isolado da família, só
pensa em se livrar da dependência e ajudar novamente jovens a saírem do vício.
Paco
Uma droga conhecida como
"paco", um crack de segunda linha, pode ter chegado a Ribeirão. Muito consumida pela
classe baixa na Argentina, a
droga é fumada em cachimbos.
José (nome fictício), 34, que
está em tratamento no Caps
(Centro de Atenção Psicossocial) da prefeitura, disse ter usado a substância há três semanas. Tanto a Polícia Militar,
quanto a Polícia Federal, desconhecem apreensões da droga.
Texto Anterior: Galpão abriga "cracolândia" de Ribeirão Próximo Texto: Pontos escuros ou desertos são escolhidos para consumo Índice
|