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Odor de fábrica provoca mal-estar em Brodowski
Ministério Público investiga indústria cujo cheiro de resina incomoda morador
Fábrica já foi autuada três vezes pela Cetesb e precisa implantar até dezembro filtro que reduza odores,
sob pena de interdição
JULIANA COISSI
ENVIADA ESPECIAL A BRODOWSKI
Uma indústria de Brodowski,
multada por órgãos ambientais, é alvo de ação do Ministério Público Estadual de Ribeirão Preto por causa do forte
cheiro de resina exalado pela
fábrica. Moradores reclamam
que o odor excessivo, sentido
todos os dias, provoca dores de
cabeça e de estômago, náuseas
e ardência nos olhos e na pele.
A Revest-Brás, indústria que
produz tiras laminadas para
móveis, foi autuada três vezes
por fiscais da Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de
São Paulo), a última delas em
junho, com multa diária equivalente a R$ 1.046. A fábrica nega que o odor de resina seja excessivo a ponto de causar mal-estar aos moradores (leia texto
nesta página).
A empresa recorreu na Justiça e conseguiu suspender a cobrança, mas vizinhos ao local
insistem que o forte cheiro continua a provocar dores e incômodo. O caso continua sob investigação no Gaema (Grupo
de Atuação Especial de Defesa
do Meio Ambiente), braço do
Ministério Público.
A denúncia é investigada desde 2007. Há três meses, após
nova reclamação dos moradores, o promotor Cláudio Morelli deu prazo até dezembro para
que a empresa implante um
projeto de controle de poluição
do ar, que minimize os odores
eliminados.
A Revest-Brás deverá apresentar a cada mês um relatório
do que já foi feito. "Se eu constatar que a empresa não está seguindo o cronograma, posso
entrar com ação civil pública e
pedir inclusive a interdição",
disse o promotor.
Ao menos seis moradores
próximos à fábrica registraram
boletins de ocorrência relatando que o cheiro forte provocava
mal-estar e dores.
Um deles é a dona de casa
Laura Faria da Silva, 56. Laura
saiu de São Paulo em 2007 e
mudou-se para Brodowski porque esperava encontrar um local saudável e seguro.
Desde então, conta, vive um
inferno. "Nunca mais tive paz.
Eu já desmaiei, precisei ficar
dias internada por causa do
cheiro forte", disse.
João Carlos da Silva, 83, pedreiro há 30, conta nunca ter
passado mal com produtos da
construção civil. O incômodo
começou com a fábrica, diz. "A
boca fica amarga todo dia, os
olhos ardendo, a gente sente a
pele ruim e uma zonzeira."
O agricultor José Antônio
Bartolomeu, 35, planta hortaliças num sítio vizinho. Desde a
instalação da indústria, conta
que a água do córrego está com
cheiro forte. A Cetesb descartou que a água tenha sido contaminada pela fábrica.
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