Ribeirão Preto, Domingo, 20 de Setembro de 2009

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Odor de fábrica provoca mal-estar em Brodowski

Ministério Público investiga indústria cujo cheiro de resina incomoda morador

Fábrica já foi autuada três vezes pela Cetesb e precisa implantar até dezembro filtro que reduza odores, sob pena de interdição

JULIANA COISSI
ENVIADA ESPECIAL A BRODOWSKI

Uma indústria de Brodowski, multada por órgãos ambientais, é alvo de ação do Ministério Público Estadual de Ribeirão Preto por causa do forte cheiro de resina exalado pela fábrica. Moradores reclamam que o odor excessivo, sentido todos os dias, provoca dores de cabeça e de estômago, náuseas e ardência nos olhos e na pele.
A Revest-Brás, indústria que produz tiras laminadas para móveis, foi autuada três vezes por fiscais da Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo), a última delas em junho, com multa diária equivalente a R$ 1.046. A fábrica nega que o odor de resina seja excessivo a ponto de causar mal-estar aos moradores (leia texto nesta página).
A empresa recorreu na Justiça e conseguiu suspender a cobrança, mas vizinhos ao local insistem que o forte cheiro continua a provocar dores e incômodo. O caso continua sob investigação no Gaema (Grupo de Atuação Especial de Defesa do Meio Ambiente), braço do Ministério Público.
A denúncia é investigada desde 2007. Há três meses, após nova reclamação dos moradores, o promotor Cláudio Morelli deu prazo até dezembro para que a empresa implante um projeto de controle de poluição do ar, que minimize os odores eliminados.
A Revest-Brás deverá apresentar a cada mês um relatório do que já foi feito. "Se eu constatar que a empresa não está seguindo o cronograma, posso entrar com ação civil pública e pedir inclusive a interdição", disse o promotor.
Ao menos seis moradores próximos à fábrica registraram boletins de ocorrência relatando que o cheiro forte provocava mal-estar e dores.
Um deles é a dona de casa Laura Faria da Silva, 56. Laura saiu de São Paulo em 2007 e mudou-se para Brodowski porque esperava encontrar um local saudável e seguro.
Desde então, conta, vive um inferno. "Nunca mais tive paz. Eu já desmaiei, precisei ficar dias internada por causa do cheiro forte", disse.
João Carlos da Silva, 83, pedreiro há 30, conta nunca ter passado mal com produtos da construção civil. O incômodo começou com a fábrica, diz. "A boca fica amarga todo dia, os olhos ardendo, a gente sente a pele ruim e uma zonzeira."
O agricultor José Antônio Bartolomeu, 35, planta hortaliças num sítio vizinho. Desde a instalação da indústria, conta que a água do córrego está com cheiro forte. A Cetesb descartou que a água tenha sido contaminada pela fábrica.


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