Ribeirão Preto, Domingo, 21 de Fevereiro de 2010

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Câmbio e crise derrubam exportações

No mês passado, embarques ao exterior somaram US$ 202,87 milhões, ante US$ 217,94 milhões de janeiro de 2009

Real mais caro em relação ao dólar torna exportação menos competitiva no mercado externo e reduz o rendimento de brasileiros


DA FOLHA RIBEIRÃO

Variações do câmbio, resquícios da crise econômica mundial e o fechamento de uma grande exportadora levaram as vendas no mercado internacional das dez cidades mais populosas da região de Ribeirão a registrar o pior início de ano desde 2007, ano em que o Ministério do Desenvolvimento começou a disponibilizar dados sobre exportações municipais.
Em janeiro de 2010, os embarques ao exterior somaram US$ 202,87 milhões, ante US$ 217,94 milhões no mesmo mês do ano anterior. Os dados mostram uma curva descendente das exportações da região ao longo dos últimos anos. Em janeiro de 2007, os dez maiores municípios exportavam US$ 335,7 milhões.
O principal entrave para os exportadores é a valorização do câmbio. O real mais caro em relação ao dólar torna as exportações do país menos competitivas no mercado externo e reduz o rendimento dos produtores brasileiros, segundo o coordenador do Núcleo de Comércio Exterior do Ciesp de Ribeirão, Rodrigo Faleiros.
Em janeiro de 2009, por exemplo, um calçadista de Franca vendia cada par de sapatos a US$ 20 e obtinha cerca de R$ 46,00 (com o dólar a R$ 2,30). Na última sexta-feira, com o dólar a R$ 1,80, ganharia R$ 36. Para continuar ganhando o mesmo, teria de cortar os custos de produção. A outra saída seria repassar a diferença ao comprador internacional.
Além do calçado de Franca, sofrem com essa situação outros produtos da região, como as peças de carne vendidas por Barretos, os instrumentos e aparelhos odontológicos de Ribeirão e os implementos agrícolas de Matão.
Ao obstáculo do câmbio se soma a queda da demanda por mercadorias provocada pela crise econômica. Ao contrário da economia brasileira, pouco contaminada pela crise, países bastante atingidos por ela, como os Estados Unidos e os integrantes da União Europeia, ainda sofrem e não voltaram a comprar como antes da turbulência econômica.
É o caso do suco de laranja vendido por Matão e Araraquara, cidades que viram o consumo do produto se retrair durante a crise.
Já no setor de sementes -cujas exportações em Ribeirão caíram 97% em janeiro de 2009 na comparação com janeiro de 2008- a crise mudou o comportamento dos clientes no exterior, segundo o diretor de exportações da Germiterra. Ailton José Pellegrini.
Antes da crise, seus clientes faziam uma programação de compras de seis meses para os produtos consumidos. A partir da crise, eles passaram a ser mais seletivos e compram de acordo com sua necessidade imediata, segundo Pellegrini.
Nem todos, porém, enfrentam adversidades no mercado mundial. Exportador de liga de estanho, o presidente da White Solder, de Ribeirão, Wagner Torrente, afirma que o mercado de commodities metálicas tem forte demanda, impulsionado principalmente pela China, e que os preços em alta compensam, ao menos em parte, os obstáculos do câmbio. É a mesma situação do açúcar.


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