|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Câmbio e crise derrubam exportações
No mês passado, embarques ao exterior somaram US$ 202,87 milhões, ante US$ 217,94 milhões de janeiro de 2009
Real mais caro em relação ao dólar torna exportação menos competitiva no mercado externo e reduz o rendimento de brasileiros
DA FOLHA RIBEIRÃO
Variações do câmbio, resquícios da crise econômica mundial e o fechamento de uma
grande exportadora levaram as
vendas no mercado internacional das dez cidades mais populosas da região de Ribeirão a registrar o pior início de ano desde 2007, ano em que o Ministério do Desenvolvimento começou a disponibilizar dados sobre exportações municipais.
Em janeiro de 2010, os embarques ao exterior somaram
US$ 202,87 milhões, ante US$
217,94 milhões no mesmo mês
do ano anterior. Os dados mostram uma curva descendente
das exportações da região ao
longo dos últimos anos. Em janeiro de 2007, os dez maiores
municípios exportavam US$
335,7 milhões.
O principal entrave para os
exportadores é a valorização do
câmbio. O real mais caro em relação ao dólar torna as exportações do país menos competitivas no mercado externo e reduz
o rendimento dos produtores
brasileiros, segundo o coordenador do Núcleo de Comércio
Exterior do Ciesp de Ribeirão,
Rodrigo Faleiros.
Em janeiro de 2009, por
exemplo, um calçadista de
Franca vendia cada par de sapatos a US$ 20 e obtinha cerca
de R$ 46,00 (com o dólar a R$
2,30). Na última sexta-feira,
com o dólar a R$ 1,80, ganharia
R$ 36. Para continuar ganhando o mesmo, teria de cortar os
custos de produção. A outra
saída seria repassar a diferença
ao comprador internacional.
Além do calçado de Franca,
sofrem com essa situação outros produtos da região, como
as peças de carne vendidas por
Barretos, os instrumentos e
aparelhos odontológicos de Ribeirão e os implementos agrícolas de Matão.
Ao obstáculo do câmbio se
soma a queda da demanda por
mercadorias provocada pela
crise econômica. Ao contrário
da economia brasileira, pouco
contaminada pela crise, países
bastante atingidos por ela, como os Estados Unidos e os integrantes da União Europeia,
ainda sofrem e não voltaram a
comprar como antes da turbulência econômica.
É o caso do suco de laranja
vendido por Matão e Araraquara, cidades que viram o consumo do produto se retrair durante a crise.
Já no setor de sementes -cujas exportações em Ribeirão
caíram 97% em janeiro de 2009
na comparação com janeiro de
2008- a crise mudou o comportamento dos clientes no exterior, segundo o diretor de exportações da Germiterra. Ailton José Pellegrini.
Antes da crise, seus clientes
faziam uma programação de
compras de seis meses para os
produtos consumidos. A partir
da crise, eles passaram a ser
mais seletivos e compram de
acordo com sua necessidade
imediata, segundo Pellegrini.
Nem todos, porém, enfrentam adversidades no mercado
mundial. Exportador de liga de
estanho, o presidente da White
Solder, de Ribeirão, Wagner
Torrente, afirma que o mercado de commodities metálicas
tem forte demanda, impulsionado principalmente pela China, e que os preços em alta
compensam, ao menos em parte, os obstáculos do câmbio. É a
mesma situação do açúcar.
Texto Anterior: Cirurgia sem especialista não é proibida, mas é mais perigosa Próximo Texto: Ribeirão perdeu mais que a região Índice
|