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Ribeirão tem um caso de dengue a cada 23 minutos
Desde 1º de janeiro, foram 4.824 registros positivos da doença, média de 62 por dia
Com a aproximação
do período de pico de transmissão, média de confirmações diárias de dengue chega a 200
LEANDRO MARTINS
DA FOLHA RIBEIRÃO
Enquanto você lê esta reportagem, mais um ribeirão-pretano é contaminado pelo mosquito Aedes aegypti e entrará na
lista de casos confirmados de
dengue na cidade. É uma constatação da Secretaria da Saúde
de Ribeirão Preto: em 2010, a
cada 23 minutos uma pessoa
foi contaminada pela dengue.
Nos primeiros 78 dias deste
ano -de 1º de janeiro até anteontem, quando os números
de casos de dengue foram oficialmente atualizados pela última vez pela prefeitura- Ribeirão registrou 4.824 confirmações da doença. Uma média de
62 casos por dia.
Nos últimos dias, porém,
com a aproximação do período
de pico de transmissão da dengue, historicamente registrado
em abril, as confirmações têm
ocorrido de forma mais acelerada, a uma média de 200 casos
por dia. Nesse ritmo, refazendo
os cálculos apresentados no
início deste texto, Ribeirão já
registra uma pessoa contaminada a cada sete minutos.
O que a frieza dos números
revela, também, é uma situação
alarmante que ultrapassa a
barreira de 2010. Neste ano, a
cidade caminha para a pior epidemia de sua história, mas será
a quinta consecutiva e o sétimo
ano epidêmico desde 2001.
Ou seja, as epidemias de dengue se transformaram em um
problema recorrente, registradas em um período no qual
quatro prefeitos administraram Ribeirão Preto -Antonio
Palocci Filho (PT), Gilberto
Maggioni (hoje no PTB), Welson Gasparini (PSDB) e Dárcy
Vera (DEM).
Para o médico epidemiologista Roberto Medronho, chefe
do Departamento de Medicina
Preventiva da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), a complexidade da tarefa
de combate à dengue é um dos
principais motivos para o surgimento das epidemias.
"Sem uma adequada articulação entre os distintos níveis
de governo, sem uma efetiva
participação da sociedade e
sem uma boa articulação intersetorial, a difícil tarefa de combate à dengue torna-se uma luta inglória", disse o médico.
Enquanto em Ribeirão a articulação citada pelo especialista
não chega ao nível necessário
para o combate à doença, a população tem sofrido as consequências das epidemias ano a
ano. Atualmente, não é difícil
encontrar nas unidades de saúde famílias vitimadas pela dengue na epidemia atual e nas dos
últimos anos.
Na última quarta-feira, na
UBDS (Unidade Básica Distrital de Saúde) da Vila Virgínia, a
dona de casa Luciana Silva Palácio, 38, acompanhava o filho
Wellington, 17, que estava com
os sintomas da dengue. O jovem tinha febre alta e dores na
cabeça e nas juntas. "Do jeito
que está a dengue na cidade,
com muita gente doente, tem
que correr para o posto quando
aparecem esses sintomas",
afirmou Luciana.
Há cinco anos, a dona de casa
sentiu na própria pele a situação que agora é vivida pelo filho. Os sintomas foram ainda
mais fortes. "Eu fiquei de cama
duas semanas e meia", disse.
Moradora do Parque Ribeirão
Preto, um dos bairros onde há
mais casos de dengue, a dona
de casa teme voltar a ter a
doença e sofrer do caso hemorrágico.
Se a população é quem mais
sofre com as epidemias de dengue subsequentes em Ribeirão,
também é ela quem deve ajudar mais no combate à doença,
na avaliação da secretária da
Saúde, Carla Palhares.
"Nós já temos 300 agentes de
controle de vetores nas ruas. O
problema é que as pessoas
acham que é obrigação da prefeitura limpar as casas, vigiar se
tem água parada, e não é. É
uma questão de cidadania, as
pessoas precisam se envolver
mais na luta contra os criadouros", afirmou a secretária.
A prefeita Dárcy Vera também afirmou que a prefeitura
tem se esforçado no combate à
doença, mas que é preciso colaboração da comunidade. "Segundo o Ministério da Saúde,
80% dos casos de dengue ocorrem nos quintais das casas."
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