Ribeirão Preto, Domingo, 21 de Março de 2010

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Ribeirão tem um caso de dengue a cada 23 minutos

Desde 1º de janeiro, foram 4.824 registros positivos da doença, média de 62 por dia

Com a aproximação do período de pico de transmissão, média de confirmações diárias de dengue chega a 200

LEANDRO MARTINS
DA FOLHA RIBEIRÃO

Enquanto você lê esta reportagem, mais um ribeirão-pretano é contaminado pelo mosquito Aedes aegypti e entrará na lista de casos confirmados de dengue na cidade. É uma constatação da Secretaria da Saúde de Ribeirão Preto: em 2010, a cada 23 minutos uma pessoa foi contaminada pela dengue.
Nos primeiros 78 dias deste ano -de 1º de janeiro até anteontem, quando os números de casos de dengue foram oficialmente atualizados pela última vez pela prefeitura- Ribeirão registrou 4.824 confirmações da doença. Uma média de 62 casos por dia.
Nos últimos dias, porém, com a aproximação do período de pico de transmissão da dengue, historicamente registrado em abril, as confirmações têm ocorrido de forma mais acelerada, a uma média de 200 casos por dia. Nesse ritmo, refazendo os cálculos apresentados no início deste texto, Ribeirão já registra uma pessoa contaminada a cada sete minutos.
O que a frieza dos números revela, também, é uma situação alarmante que ultrapassa a barreira de 2010. Neste ano, a cidade caminha para a pior epidemia de sua história, mas será a quinta consecutiva e o sétimo ano epidêmico desde 2001.
Ou seja, as epidemias de dengue se transformaram em um problema recorrente, registradas em um período no qual quatro prefeitos administraram Ribeirão Preto -Antonio Palocci Filho (PT), Gilberto Maggioni (hoje no PTB), Welson Gasparini (PSDB) e Dárcy Vera (DEM).
Para o médico epidemiologista Roberto Medronho, chefe do Departamento de Medicina Preventiva da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), a complexidade da tarefa de combate à dengue é um dos principais motivos para o surgimento das epidemias.
"Sem uma adequada articulação entre os distintos níveis de governo, sem uma efetiva participação da sociedade e sem uma boa articulação intersetorial, a difícil tarefa de combate à dengue torna-se uma luta inglória", disse o médico.
Enquanto em Ribeirão a articulação citada pelo especialista não chega ao nível necessário para o combate à doença, a população tem sofrido as consequências das epidemias ano a ano. Atualmente, não é difícil encontrar nas unidades de saúde famílias vitimadas pela dengue na epidemia atual e nas dos últimos anos.
Na última quarta-feira, na UBDS (Unidade Básica Distrital de Saúde) da Vila Virgínia, a dona de casa Luciana Silva Palácio, 38, acompanhava o filho Wellington, 17, que estava com os sintomas da dengue. O jovem tinha febre alta e dores na cabeça e nas juntas. "Do jeito que está a dengue na cidade, com muita gente doente, tem que correr para o posto quando aparecem esses sintomas", afirmou Luciana.
Há cinco anos, a dona de casa sentiu na própria pele a situação que agora é vivida pelo filho. Os sintomas foram ainda mais fortes. "Eu fiquei de cama duas semanas e meia", disse. Moradora do Parque Ribeirão Preto, um dos bairros onde há mais casos de dengue, a dona de casa teme voltar a ter a doença e sofrer do caso hemorrágico.
Se a população é quem mais sofre com as epidemias de dengue subsequentes em Ribeirão, também é ela quem deve ajudar mais no combate à doença, na avaliação da secretária da Saúde, Carla Palhares.
"Nós já temos 300 agentes de controle de vetores nas ruas. O problema é que as pessoas acham que é obrigação da prefeitura limpar as casas, vigiar se tem água parada, e não é. É uma questão de cidadania, as pessoas precisam se envolver mais na luta contra os criadouros", afirmou a secretária.
A prefeita Dárcy Vera também afirmou que a prefeitura tem se esforçado no combate à doença, mas que é preciso colaboração da comunidade. "Segundo o Ministério da Saúde, 80% dos casos de dengue ocorrem nos quintais das casas."


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