Cartunista desenvolveu Mangueirinha, criado para retratar a vida de menores infratores atendidos pela Casa das Mangueiras

Atuação social de Glauco na cidade ocorreu de 1973 a 1977, antes de o cartunista iniciar carreira no extinto jornal "Diário da Manhã"

DA FOLHA RIBEIRÃO

Antes de criar personagens que ficaram famosos, como Geraldão e Geraldinho, e quando ainda vivia em Ribeirão Preto, o cartunista Glauco Villas Boas, assassinado a tiros na madrugada do dia 12, fez de sua arte objeto de ação social. O personagem Mangueirinha foi criado por Glauco para retratar a realidade de menores infratores atendidos pela ONG Casa das Mangueiras, de Ribeirão.
A atuação social de Glauco ocorreu antes de ele iniciar carreira no extinto "Diário da Manhã", onde o cartunista publicou seus primeiros trabalhos em Ribeirão, em 1976.
Nas palavras da diretora da Casa das Mangueiras, Sueli Danhone, uma das fundadoras da entidade, Glauco tinha a tarefa de "criar o diálogo entre os infratores e a sociedade, dando o recado para as pessoas que hostilizavam os meninos".
Foi por meio de tirinhas e charges com o personagem Mangueirinha que o artista desempenhou a tarefa -os traços já lembram os de personagens que ganhariam vida pelas mãos do cartunista anos depois.
A instituição da qual o artista participou em Ribeirão surgiu em 1973, segundo Danhone, depois que um grupo de direitos humanos encontrou, em um antigo posto policial, cerca de 40 crianças e adolescentes presos em celas. A ONG surgiu para abrigar os menores.
Segundo Danhone, Glauco e um grupo de artistas participaram, de 1973 a 1977, de atividades culturais para os adolescentes. Com tiras e charges, Glauco deu voz aos menores. Em 1977, sua arte ilustrou um relatório de atividades.
"Era uma pessoa consciente da situação do mais fraco. Solidário e suave." Hoje, a Casa das Mangueiras atende 150 menores -não mais infratores, mas em situação de risco- em oficinas culturais e de geração de renda. (LEANDRO MARTINS)


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