Ribeirão Preto, Domingo, 21 de Junho de 2009

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Mais que um hobby, balão é meio de vida para atletas

Esporte é profissão da maioria dos participantes de torneio em Ribeirão

Aparato completo para a prática dessa modalidade pode custar até R$ 80 mil, com turbina de ar frio, lona, cesto e maçarico

DA FOLHA RIBEIRÃO

Os balões que povoaram o céu de Ribeirão Preto de quarta-feira até hoje são o meio de vida de pelo menos 60% dos 25 pilotos e cerca de 75 membros de apoio das equipes que participam do 22º Campeonato Brasileiro de Balonismo.
Apesar de parecer hobby, o balonismo virou profissão para uma seleta elite do esporte que consegue, por meio de voos de apresentação e um bom patrocínio, manter a estrutura.
"Mais da metade deles vive do balão, e muito bem. Uma outra parte é de amadores, amantes do esporte, que têm outras profissões, como empresários ou engenheiros", afirmou Éder Nobre, diretor de marketing da CBB (Confederação Brasileira de Balonismo).
Um balão completo, com a lona (chamada de envelope), o cesto, o maçarico e uma turbina de ar frio custa, em média, de R$ 50 mil a R$ 80 mil. Além dele, as equipes contam, invariavelmente, com uma camionete, que tem a missão de carregar o equipamento antes da decolagem e, após isso, fazer o resgate do piloto no local (geralmente desconhecido) do pouso.
A possibilidade de sucesso no auge da carreira, porém, é consequência de um investimento pesado no início dela, o que torna o balonismo um esporte de elite, como o golfe, o automobilismo e o hipismo.
Edson Romagnoli, presidente da CBB, por exemplo, é dono do frigorífico Marba, um dos maiores do país. Piloto, ele aparece em 24º entre 75 competidores cadastrados no ranking nacional, com participações em competições importantes, mas ainda sem ter pontuado no ano -esta é a quinta competição do calendário oficial do esporte no ano.
O líder do mesmo ranking é Lupércio Lima, goiano, favorito também para conquistar o Brasileiro em Ribeirão Preto, já que era o líder até o fechamento desta edição. Ele travava disputa direta com Luís Silvestre, segundo no ranking e no campeonato em Ribeirão.
A competição contava ainda com outras "feras" do esporte, como o pentacampeão brasileiro Fábio Passos e o hexacampeão Rubens Kalousdian.
A organização de um torneio como o Brasileiro de Balonismo, que é o principal da modalidade, custa cerca de R$ 220 mil, segundo os organizadores. Hoje mais difundido, eles conseguem apoio das cidades.
A prefeita Dárcy Vera (DEM), por exemplo, gastou cerca de R$ 100 mil para trazer a edição deste ano a Ribeirão, fato que já aconteceu em outras duas oportunidades.
"Consideramos que é um reinvestimento da prefeitura. Além do espetáculo no ar, todo o dinheiro que recebemos é gasto com hotéis, alimentação e compras na própria cidade", afirmou o diretor técnico da prova e balonista profissional, Leonel Brites.
Brites, que é também alpinista, presidente da Comissão Aerodesportiva Brasileira e já fez quatro expedições à Antártida, é o juiz do jogo. Nos cinco dias de competição, os pilotos realizam nove voos, que contém duas ou três provas que valem até mil pontos cada.
Os objetivos variam entre acertar uma espécie de peteca (chamada de lastro) em um alvo fixo no chão a cruzar uma linha imaginária em menos tempo, passando por quem consegue contornar o menor ângulo em um caminho de ida e volta.
São mais de 15 provas diferentes, que só são definidas momentos antes de cada voo, pelo juiz. A regra é clara: quem fizer mais pontos ao final de todas as baterias, vence.
Em Ribeirão Preto, os pontos de largada foram às margens da avenida Maurilio Biagi e próximo à Fazenda Experimental do Estado, que sedia anualmente a Agrishow.
"É algo fantástico. Não poderia imaginar que um balão seria tão grande e sua subida, tão emocionante", disse o aposentado Sérgio Miorin, 69, que levou a neta, Maria Eduarda, 8, para assistir ao espetáculo.
(ROBERTO MADUREIRA)

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