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Mais que um hobby, balão é meio de vida para atletas
Esporte é profissão da maioria dos participantes de torneio em Ribeirão
Aparato completo para a prática dessa modalidade pode custar até R$ 80 mil, com turbina de ar frio, lona, cesto e maçarico
DA FOLHA RIBEIRÃO
Os balões que povoaram o
céu de Ribeirão Preto de quarta-feira até hoje são o meio de
vida de pelo menos 60% dos 25
pilotos e cerca de 75 membros
de apoio das equipes que participam do 22º Campeonato Brasileiro de Balonismo.
Apesar de parecer hobby, o
balonismo virou profissão para
uma seleta elite do esporte que
consegue, por meio de voos de
apresentação e um bom patrocínio, manter a estrutura.
"Mais da metade deles vive
do balão, e muito bem. Uma outra parte é de amadores, amantes do esporte, que têm outras
profissões, como empresários
ou engenheiros", afirmou Éder
Nobre, diretor de marketing da
CBB (Confederação Brasileira
de Balonismo).
Um balão completo, com a
lona (chamada de envelope), o
cesto, o maçarico e uma turbina
de ar frio custa, em média, de
R$ 50 mil a R$ 80 mil. Além dele, as equipes contam, invariavelmente, com uma camionete,
que tem a missão de carregar o
equipamento antes da decolagem e, após isso, fazer o resgate
do piloto no local (geralmente
desconhecido) do pouso.
A possibilidade de sucesso no
auge da carreira, porém, é consequência de um investimento
pesado no início dela, o que torna o balonismo um esporte de
elite, como o golfe, o automobilismo e o hipismo.
Edson Romagnoli, presidente da CBB, por exemplo, é dono
do frigorífico Marba, um dos
maiores do país. Piloto, ele aparece em 24º entre 75 competidores cadastrados no ranking
nacional, com participações em
competições importantes, mas
ainda sem ter pontuado no ano
-esta é a quinta competição do
calendário oficial do esporte no
ano.
O líder do mesmo ranking é
Lupércio Lima, goiano, favorito
também para conquistar o Brasileiro em Ribeirão Preto, já
que era o líder até o fechamento desta edição. Ele travava disputa direta com Luís Silvestre,
segundo no ranking e no campeonato em Ribeirão.
A competição contava ainda
com outras "feras" do esporte,
como o pentacampeão brasileiro Fábio Passos e o hexacampeão Rubens Kalousdian.
A organização de um torneio
como o Brasileiro de Balonismo, que é o principal da modalidade, custa cerca de R$ 220
mil, segundo os organizadores.
Hoje mais difundido, eles conseguem apoio das cidades.
A prefeita Dárcy Vera
(DEM), por exemplo, gastou
cerca de R$ 100 mil para trazer
a edição deste ano a Ribeirão,
fato que já aconteceu em outras
duas oportunidades.
"Consideramos que é um
reinvestimento da prefeitura.
Além do espetáculo no ar, todo
o dinheiro que recebemos é
gasto com hotéis, alimentação
e compras na própria cidade",
afirmou o diretor técnico da
prova e balonista profissional,
Leonel Brites.
Brites, que é também alpinista, presidente da Comissão Aerodesportiva Brasileira e já fez
quatro expedições à Antártida,
é o juiz do jogo. Nos cinco dias
de competição, os pilotos realizam nove voos, que contém
duas ou três provas que valem
até mil pontos cada.
Os objetivos variam entre
acertar uma espécie de peteca
(chamada de lastro) em um alvo fixo no chão a cruzar uma linha imaginária em menos tempo, passando por quem consegue contornar o menor ângulo
em um caminho de ida e volta.
São mais de 15 provas diferentes, que só são definidas
momentos antes de cada voo,
pelo juiz. A regra é clara: quem
fizer mais pontos ao final de todas as baterias, vence.
Em Ribeirão Preto, os pontos
de largada foram às margens da
avenida Maurilio Biagi e próximo à Fazenda Experimental do
Estado, que sedia anualmente a
Agrishow.
"É algo fantástico. Não poderia imaginar que um balão seria
tão grande e sua subida, tão
emocionante", disse o aposentado Sérgio Miorin, 69, que levou a neta, Maria Eduarda, 8,
para assistir ao espetáculo.
(ROBERTO MADUREIRA)
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