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350 adolescentes viciados precisam de atendimento
Ribeirão tem cerca de 12 mil menores envolvidos com álcool ou drogas
Especialista diz que a cidade não tem como tratar os 3% que vão demandar atendimento médico uma vez por ano
Vinicius de Oliveira/Folhapress
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Adolescente de 17 anos de Ribeirão que se droga há 3 anos
HÉLIA ARAUJO
DE RIBEIRÃO PRETO
A dona-de-casa C.T.F, 57,
não sabe mais o que fazer para que o filho, um jovem de 17
anos, pare de usar drogas.
Ele é um dos cerca de 350
adolescentes de Ribeirão envolvidos com álcool ou drogas que precisam de atendimento para superar o vício.
O adolescente saiu há menos de um mês da segunda
internação numa clínica para dependentes químicos
-se internou em Cravinhos e
Descalvado- e já voltou a
usar drogas.
"Eu estava bem. Fiquei oito meses na clínica, mas,
quando voltei, encontrei uns
amigos e voltei a usar. Queria
parar, mas não sei, parece
que a vontade de usar é mais
forte que eu."
O menor conta que começou a fumar maconha aos 14
anos e logo passou para cocaína. Ele nega usar crack,
mas a mãe não acredita.
"Ele sai de manhã e volta
para casa de madrugada.
Quando chega está totalmente "chapado", todo sujo e
sem se alimentar. Infelizmente acho que o crack já
chegou até ele."
Segundo o psiquiatra Erikson Felipe Furtado, especialista em álcool e drogas da
USP de Ribeirão, a projeção
leva em conta que 3% dos
cerca de 12 mil menores que
usam essas substâncias no
município, pelo menos uma
vez no ano, vão precisar de
tratamento médico.
"O grande problema é que
não temos uma forma de dar
o tratamento esperado a esses jovens. Então, eles têm
que procurar unidades de
saúde, ambulatórios, saúde
da família e outros órgãos
que ajudam, mas não são
adequados", afirmou.
Ainda de acordo com o psiquiatra, uma estimativa da
OMS (Organização Mundial
da Saúde) aponta que 800
menores da região precisam
de internação para tratamento de saúde mental, o que inclui álcool e drogas.
Só que a rede hospitalar
psiquiátrica de Ribeirão tem
apenas 108 vagas para internação de pacientes com problemas de saúde mental. São
80 leitos no Santa Tereza e 28
no Hospital das Clínicas. As
vagas são usadas também
por pacientes da região.
Traduzindo: a região tem
menos de um leito para cada
10 mil habitantes, enquanto
países desenvolvidos, como
a Inglaterra, têm cinco leitos.
"Temos que ter em mente
também que não basta ter
mais leitos. Precisamos de
profissionais qualificados,
vontade política e controle
de qualidade."
Ribeirão conta com um
Caps-AD (Centro de Atenção
Psicossocial - Álcool e Drogas), criado em 1996 com o
intuito de tratar adultos viciados. Com o vício cada vez
mais precoce, estendeu o
atendimento aos menores.
Nos últimos seis anos, a
média mensal de adolescentes que iniciam tratamento
no centro aumentou 167%.
Em 2004, a média mensal de
casos novos era de 3,1. No
ano passado, subiu para 8,3.
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