Ribeirão Preto, Segunda-feira, 22 de Novembro de 2010

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350 adolescentes viciados precisam de atendimento

Ribeirão tem cerca de 12 mil menores envolvidos com álcool ou drogas

Especialista diz que a cidade não tem como tratar os 3% que vão demandar atendimento médico uma vez por ano

Vinicius de Oliveira/Folhapress
Adolescente de 17 anos de Ribeirão que se droga há 3 anos

HÉLIA ARAUJO
DE RIBEIRÃO PRETO

A dona-de-casa C.T.F, 57, não sabe mais o que fazer para que o filho, um jovem de 17 anos, pare de usar drogas. Ele é um dos cerca de 350 adolescentes de Ribeirão envolvidos com álcool ou drogas que precisam de atendimento para superar o vício.
O adolescente saiu há menos de um mês da segunda internação numa clínica para dependentes químicos -se internou em Cravinhos e Descalvado- e já voltou a usar drogas.
"Eu estava bem. Fiquei oito meses na clínica, mas, quando voltei, encontrei uns amigos e voltei a usar. Queria parar, mas não sei, parece que a vontade de usar é mais forte que eu."
O menor conta que começou a fumar maconha aos 14 anos e logo passou para cocaína. Ele nega usar crack, mas a mãe não acredita.
"Ele sai de manhã e volta para casa de madrugada. Quando chega está totalmente "chapado", todo sujo e sem se alimentar. Infelizmente acho que o crack já chegou até ele."
Segundo o psiquiatra Erikson Felipe Furtado, especialista em álcool e drogas da USP de Ribeirão, a projeção leva em conta que 3% dos cerca de 12 mil menores que usam essas substâncias no município, pelo menos uma vez no ano, vão precisar de tratamento médico.
"O grande problema é que não temos uma forma de dar o tratamento esperado a esses jovens. Então, eles têm que procurar unidades de saúde, ambulatórios, saúde da família e outros órgãos que ajudam, mas não são adequados", afirmou.
Ainda de acordo com o psiquiatra, uma estimativa da OMS (Organização Mundial da Saúde) aponta que 800 menores da região precisam de internação para tratamento de saúde mental, o que inclui álcool e drogas.
Só que a rede hospitalar psiquiátrica de Ribeirão tem apenas 108 vagas para internação de pacientes com problemas de saúde mental. São 80 leitos no Santa Tereza e 28 no Hospital das Clínicas. As vagas são usadas também por pacientes da região.
Traduzindo: a região tem menos de um leito para cada 10 mil habitantes, enquanto países desenvolvidos, como a Inglaterra, têm cinco leitos.
"Temos que ter em mente também que não basta ter mais leitos. Precisamos de profissionais qualificados, vontade política e controle de qualidade."
Ribeirão conta com um Caps-AD (Centro de Atenção Psicossocial - Álcool e Drogas), criado em 1996 com o intuito de tratar adultos viciados. Com o vício cada vez mais precoce, estendeu o atendimento aos menores.
Nos últimos seis anos, a média mensal de adolescentes que iniciam tratamento no centro aumentou 167%. Em 2004, a média mensal de casos novos era de 3,1. No ano passado, subiu para 8,3.


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