Ribeirão Preto, Sexta, 23 de abril de 1999

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VIOLÊNCIA
Adolescente que confessou ter matado estudante dentro de escola escapa; polícia já procura um novo suspeito
Acusado de matar aluno foge da Febem

da Folha Ribeirão

O adolescente N.A.S., 13, acusado de matar o estudante Jair Gallasso Filho, 17, na segunda-feira dentro da escola estadual Rafael Leme Franco, em Ribeirão Preto, fugiu na tarde de ontem da Febem (Fundação Estadual para o Bem-Estar do Menor), onde estava detido desde o dia do crime.
A informação sobre a fuga do adolescente, fornecida pela Polícia Militar, ainda não havia sido confirmada pela direção da Febem até as 20h15 de ontem, que também não soube explicar como os jovens escaparam da unidade.
"Não podemos divulgar os nomes porque estamos fazendo a recontagem. Teremos essa informação só amanhã (hoje)", disse José Braga, diretor da Febem por volta das 20h10. No mesmo horário, a PM divulgou a relação dos foragidos e dos recapturados.
Segundo a polícia, o adolescente fugiu junto com outros sete internos da Febem, por volta das 16h40. Três foram recapturados.
O adolescente N.A.S., que confessou ter matado o estudante, pode não ser o autor do assassinato do estudante. O Ministério Público e a polícia investigam a existência de um outro suspeito do crime, que estaria sendo protegido pelo jovem. N.A.S., segundo a Promotoria, seria um "laranja" -assume a autoria de um crime para encobrir o verdadeiro autor.
O jovem foi capturado pela polícia momentos depois do crime nas proximidades da escola e assumiu que deu seis tiros de pistola automática, atingindo mortalmente Gallasso Filho e ferindo a também estudante Josana Carla de Paula Arantes da Silva, 14.
Para o promotor da Infância e da Juventude, Luiz Henrique Pacini Costa, que realizou a apreensão do adolescente, existem contradições nos depoimentos de N.A.S..
"Existem vários pontos obscuros nos depoimentos que levam a crer que ele esteja poupando o verdadeiro autor do crime, possivelmente maior de idade", disse.
Segundo Costa, é comum adolescentes assumirem a autoria de crimes praticados por outras pessoas devido ao fato de as penas serem mais brandas. "Eles, muitas vezes, se comportam como verdadeiros "advogados' e puxam toda a responsabilidade para si."
Em depoimento à polícia, uma garota que afirmou ter presenciado o crime não teria reconhecido N.A.S. como o autor dos disparos.
A arma usada no crime ainda não foi encontrada pela polícia e poderia estar em posse do verdadeiro autor.
Ontem, pais de alunos da escola Rafael Leme Franco se reuniram com diretores e professores e pediram mais segurança no local. Os alunos não compareceram às aulas, com medo de novas ocorrências violentas.



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