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Crack cria geração de órfãos na região
Em Ribeirão Preto, de 15 crianças em casa de adoção, todas foram abandonadas por pais usuários de drogas
Por ser barato e viciar bem rápido, o crack está cada vez mais associado a problemas na Vara da Infância, diz promotor
LIGIA SOTRATTI
ENVIADA ESPECIAL A ARARAQUARA
Aos sete meses de idade,
os gêmeos Gabriel e Aline
(nomes fictícios) são amamentados por funcionária de
um abrigo em Araraquara.
Há um mês, foram para o local após os pais serem flagrados usando crack em casa,
segundo o Conselho Tutelar.
Sob proteção da Justiça, as
crianças aguardam a recuperação dos pais para tentar
voltar ao convívio familiar.
Problema que se espalhou
pelo país, o crack é alvo do
governo federal, que lançou
plano de combate na última
quinta-feira, prevendo, entre
outras medidas, aumento de
leitos para dependentes.
A estimativa do Ministério
da Saúde é que cerca de 600
mil pessoas no país sejam dependentes da droga. Na região, o total de usuários cresce e atinge pais de famílias.
Em Ribeirão, das 15 crianças acolhidas no Carib (Centro de Adoção de Ribeirão
Preto), todas foram abandonadas por pais usuários de
drogas -pelo menos metade
usa crack associado a outras
substâncias entorpecentes.
"Pelo jeito que os pais tratam os filhos a gente vê que
têm muito carinho, mas a
pessoa não cuida da própria
vida, por conta da droga, e
não consegue ficar com a
criança", disse a assistente
social da instituição Terezinha do Carmo Santos.
Uma das crianças que chegaram é o quarto bebê de
uma mãe que, entre outras
drogas, é usuária de crack.
"É uma situação muito difícil porque, por mais que a
gente oriente e fale de planejamento familiar, a pessoa
está tão perdida nas drogas
que não se cuida e acaba engravidando novamente."
As crianças abrigadas no
Carib aguardam processo judicial para ver se é possível o
retorno para os pais -ou algum familiar- ou se entram
em processo de adoção.
De acordo com o promotor
substituto da Infância e Juventude de Araraquara Fellipe Demétrio Lopes, o crack
tem se alastrado e o problema reflete em várias áreas,
sendo o abandono de crianças uma das consequências.
"É uma droga bem barata e
que vicia muito rápido. É o
pano de fundo para várias
questões da Vara da Infância
e também na área criminal. É
preocupante o avanço do
crack", afirmou.
Os casos chegam pelo
Conselho Tutelar, que faz a
visita e, constatado o problema, recolhe a criança.
"Os pais são encaminhados para tratamentos de internação e têm direito de defesa. Depois a busca é por familiares que possam assumir
a criança, como pais, tios,
avós. Esgotadas todas as possibilidade é que [a criança]
vai para adoção", disse.
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