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Alunos pagam "pedágio" para não apanhar
Quatro garotas de Américo Brasiliense e quatro meninos de Rincão são acusados de extorquir e agredir outros estudantes
Um menino precisou pagar R$ 200 em Rincão; uma garota apanhou até desmaiar, segundo relato
de mães à Promotoria
JULIANA COISSI
ENVIADA ESPECIAL A AMÉRICO E RINCÃO
DOUGLAS SANTOS
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA RIBEIRÃO
Quatro meninas e quatro
meninos com idades entre 13 e
16 anos de Rincão e Américo
Brasiliense são acusados de cobrar "pedágio" de outros estudantes para não agredi-los. As
acusações incluem casos de
agressão e ameaças de morte.
Como consequência, quatro
acusados foram mandados para a Fundação Casa em Ribeirão, duas irmãs foram internados no mesmo órgão em São
Paulo e as outras duas meninas,
que não têm antecedentes, vão
ser ouvidas pela Justiça.
O caso assustou os moradores de Rincão e Américo Brasiliense, municípios com cerca de
10 mil e 33 mil habitantes, respectivamente. Segundo o promotor da Infância, Carlos Alberto Melluso Júnior -que cuida das duas cidades, as ameaças
acontecem há mais de um ano.
As internações foram determinadas pela Justiça após denúncia de duas mães ao promotor.
Melluso Júnior também reuniu denúncias trazidas pelos
conselhos tutelares de outros
pais que reclamaram que os filhos foram coagidos a pagar para não apanhar e mesmo assim
alguns foram agredidos. As
ameaças e agressões aconteciam sempre depois das aulas.
Em Américo Brasiliense, há
15 dias, as quatro meninas teriam agredido uma colega de 14
anos com socos na cabeça e no
corpo a alguns quarteirões da
escola estadual Dinorá Marcondes Gomes.
Segundo a avó da vítima, a
menina chegou em casa carregada por outros cinco colegas.
"Ela não falava nada, só chorava. Ficou com as pernas, costas
e rosto cheio de manchas."
Desde a agressão, a menina
não sai mais de casa sozinha.
"Ela está muito deprimida, dorme na cama com a avó. Nem
quer ir mais dançar no aniversário de 15 anos de uma amiga
da classe", disse a mãe, que mudou a garota de escola.
As irmãs internadas têm 14 e
15 anos. Funcionários da escola
disseram que as reclamações de
que elas praticam extorsão e
agridem outras alunas se repetem há dois anos. Além do dinheiro, as meninas apanharam
por usar roupa nova ou porque
conversaram com algum paquera das agressoras.
As duas meninas que não foram internadas serão ouvidas
ainda nesta semana pelo juiz
Humberto Isaías Gonçalves
Rios. A reportagem não conseguiu ouvir a versão delas ou de
suas famílias, já que os nomes
não foram revelados.
Os quatro adolescentes de
Rincão de 14 a 16 anos foram
enviados para a unidade de internação provisória de Ribeirão
Preto ontem à tarde.
Segundo o promotor, a mãe
de um menino contou que o filho foi obrigado diversas vezes a
pagar uma taxa para não ser
agredido. "Nas primeiras vezes,
foram R$ 2, R$ 3, mas a mãe relata que sumiu R$ 200 de casa.
Ao questionar o filho, ele confessou que tinha entregue o dinheiro aos acusados", disse Melluso Júnior.
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