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Ciretran "terceiriza" fila de espera por CNH
Após 36 dias, delegacia de trânsito volta a atender parcialmente, mas são as auto-escolas que decidem quem será atendido
Associação diz que senhas vão para quem está há mais tempo na fila; Procon aprova o acordo, mas diz que é preciso fiscalizar
Edson Silva/Folha Imagem
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O presidente da Apaerp, Antônio Geraldo, mostra as senhas que serão distribuídas pelas auto-escolas
ROBERTO MADUREIRA
DA FOLHA RIBEIRÃO
Um acordo entre a Polícia Civil e o Ministério Público garantiu o funcionamento parcial
da Ciretran (Circunscrição Regional de Trânsito) de Ribeirão
Preto, que está em greve há 37
dias, mas transferiu para as auto-escolas a autonomia para
definir quais pessoas serão
atendidas pelo órgão público.
Segundo o acordo, a delegacia deve abrir cem pré-cadastros para emissão de CNH
(Carteira Nacional de Habilitação) e realizar cem provas teóricas. Os dois serviços estavam
suspensos desde o início da greve da Polícia Civil, no dia 16 de
setembro. As provas práticas
continuam suspensas.
O atendimento recomeçou
ontem, mas só serão atendidas
as pessoas que tiveram a senha.
A senhas são confeccionadas e
divididas entre as empresas pela Apaerp (Associação dos Proprietários de Auto-Escolas de
Ribeirão Preto).
"Dividimos entre as empresas proporcionalmente com o
número de processos estagnados em cada uma. A minha [auto-escola], por exemplo, receberá dez senhas por semana e eu vou repassá-las a quem está
esperando há mais tempo", disse o presidente da Apaerp, Antônio Geraldo.
O delegado da Ciretran, Adilson Massei, disse que a decisão
é emergencial e foi tomada para
evitar tumulto na delegacia. "Se
eu só dissesse que iria voltar a
atender, hoje [ontem] estariam
aqui as 3.000 pessoas que
aguardam os serviços."
A Ciretran de Ribeirão já depende bastante das auto-escolas: dos 47 funcionários, 36 são
emprestados e bancados por
auto-escolas. Massei admite
que isso não é o ideal, mas disse
que, não fosse isso, a delegacia
não funcionaria.
O diretor do Procon de Ribeirão Preto, Luiz Alberto Mattos,
não vê irregularidades no acordo, mas disse que investigará as
auto-escolas caso haja suspeita
distribuição preferencial.
"Se as senhas não estiverem
indo para os que esperam há
mais tempo, poderá haver penalização."
O acordo é legal segundo o jurista José de Almeida Sobrinho, especialista em legislação
de trânsito, pois a Apaerp é
uma entidade representativa
de classe cadastrada pelo governo do Estado. "Neste caso,
somente deve ser fiscalizada a
forma como todo esse processo
vai funcionar", disse.
O acordo foi avalizado pelo
promotor Sebastião Sérgio da
Silveira, que o considerou um
"acordo de cavalheiros".
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