Ribeirão Preto, Domingo, 23 de Novembro de 2008

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USP treina docente contra violência

Observatório da Violência de Ribeirão pede verba de R$ 100 mil ao MEC

Objetivo da universidade é capacitar professores e profissionais da educação contra a violência dentro das escolas


GEORGE ARAVANIS
DA FOLHA RIBEIRÃO

A USP de Ribeirão Preto pleiteia uma verba de R$ 100 mil do MEC (Ministério da Educação) para treinar 500 professores e profissionais da educação contra a violência dentro das escolas. A idéia é prepará-los para tratar os problemas de indisciplina de alunos sem ter de recorrer sempre à polícia, por meio de aulas com os profissionais da universidade.
O pedido para fazer parte do programa Escola que Protege foi feito pelo Observatório da Violência e Práticas Exemplares da universidade, que estuda casos do tipo em unidades escolares da região.
O programa consiste, de acordo com o site do MEC, também em diagnosticar situações de violência em que a criança é vítima. Se o MEC aprovar o projeto e conceder a verba, os professores e outros funcionários selecionados passarão por um curso dado por docentes da USP. "A verba é pra capacitar professores da região que estão sendo vitimizados, para buscar resolver esses casos dentro da escola, chamar os pais", afirmou o coordenador do observatório, Sérgio Kodato, doutor em psicologia social.
De acordo com ele, a idéia é que os profissionais da educação atuem como uma espécie de "padrinho" das crianças e adolescentes.
A verba destinada deve ser usada para aulas aos professores de Ribeirão Preto e região. Neste ano, ao menos dois casos de violência contra professores dentro da escola se tornaram notícia na região.
O mais recente aconteceu no dia 5 deste mês. Uma mãe e dois filhos entraram na escola estadual Valois Scortecce, em Barretos, e agrediram três professores e um funcionário. A mãe alegava que o filho havia sido agredido pelo professor de música, Adriano Cândido Pereira, 36. Ele nega. "Segurei a mão dele. Quando ele se desvencilhou, se machucou", disse.
Em fevereiro, a professora Paula Aparecida Alves, 37, foi agredida com socos e pontapés por um aluno de 14 anos, da sétima série do ensino fundamental, na escola estadual José Lima Pedreira de Freitas, na Vila Virgínia, em Ribeirão.
O coordenador da Apeoesp na região de Ribeirão Preto, José Wilson de Souza Maciel, afirmou que a idéia do Observatório da Violência não resolve o problema. "A escola é que precisaria ser dotada de mais pessoas para atuar entre a instituição de ensino e o aluno, como psicólogos. O professor não tem tempo para isso. Pode até ser um paliativo, mas não é uma solução", afirmou Maciel.
Já o vice-presidente do Conselho Municipal de Educação, Walter Colombini, afirmou que a idéia é boa e pode ajudar os professores a lidar melhor com o problema nas escolas.
"Hoje, tem professoras que estão até se aposentando antes da hora, abrindo mão de parte da aposentadoria, porque não agüentam mais a pressão", afirmou Colombini.
De acordo com Kodato, o resultado do pedido deve sair até fevereiro do ano que vem.


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