Ribeirão Preto, Quarta-feira, 23 de Dezembro de 2009

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Álcool sobe 12,5% e deixa de ser econômico

Valor vai a R$ 1,79 nos postos de Ribeirão e já fica mais vantajoso para o consumidor abastecer com gasolina, que rende mais

Presidente do Sincopetro diz que aumento das usinas foi abusivo; Única diz que chuva reduziu os estoques do produto


Edson Silva/Folha Imagem
O novo preço do álcool estampado ontem à tarde em posto da Presidente Vargas

LEANDRO MARTINS
DA FOLHA RIBEIRÃO

O preço do litro do álcool atingiu ontem R$ 1,79 em postos de combustíveis de Ribeirão Preto, um aumento de 12,5%. Com isso, o produto deixa de ser vantajoso na comparação com a gasolina. Isso porque o carro a álcool consome mais e, para compensar, o preço do litro deve estar abaixo de 70% do valor da gasolina -cujo litro custa, em média R$ 2,55 na cidade.
"Nesse preço [o álcool] não compensa mais. É desproporcional, ainda mais em Ribeirão, que é um centro de usinas", disse José Alberto Paiva Gouveia, presidente do Sincopetro (Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado de São Paulo).
A alta nos postos é causada pelo aumento nas usinas. De acordo com a cotação do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada) da Esalq/USP, da última sexta-feira, o álcool hidratado subiu 6,17% em uma única semana e atingiu R$ 1,024 nas usinas.
"Os usineiros que me desculpem, mas o aumento foi abusivo", disse Oswaldo Manaia, diretor regional do Sincopetro. Segundo Manaia, a alta chegou rapidamente ao consumidor porque as distribuidoras já estão cobrando os novos valores. Ele disse que pagou, ontem, R$ 1,40 de custo pelo litro do álcool -era R$ 1,26 no início do mês, segundo afirmou.
"Nós já sabíamos que o álcool ia subir, mas nos surpreendeu a rapidez com que aumentou tanto", afirmou Manaia.
A explicação da Unica (União da Indústria da Cana-de-Açúcar) para o aumento é a redução dos estoques do produto. "É um ajuste em função da oferta mais restrita do que se esperava", disse Sérgio Prado, diretor regional da Unica.
A restrição na oferta, diz, está ligada ao clima, pois a chuva atrapalhou a produção. Números divulgados ontem pela Unica reforçam o argumento. No balanço da safra até o último dia 15, a região Centro-Sul moeu 512,94 milhões de toneladas, 4,57% a mais do que o volume moído no mesmo período da safra anterior.
Mas o crescimento não foi acompanhado pela qualidade da cana -a queda de produtos obtidos por tonelada é de 9,83 quilos na safra atual.
Para o professor de estratégia da USP Marcos Fava Neves, o preço é determinado pelo mercado. Com a perda de vantagem em relação à gasolina, o próprio mercado "vai dar paulada" e o valor tende a cair.

Colaborou JEAN DE SOUZA, da Folha Ribeirão



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