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Estado digitaliza memória de núcleo colonial italiano
Arquivo do Estado traz detalhes da ocupação da zona norte de Ribeirão no século 19
Documentos que foram colocados na internet ajudarão descendentes a obter a cidadania italiana, dizem especialistas
VERIDIANA RIBEIRO
DA FOLHA RIBEIRÃO
Sônia Maria Girotto, 79, é
uma das poucas testemunhas
vivas do início da ocupação da
zona norte de Ribeirão por imigrante europeu. Conviveu com
o patriarca, o avô Guerino Girotto, e descreve em detalhes os
locais onde morou com a família no bairro Ipiranga.
Para os descendentes mais
jovens, que não tiveram a mesma vivência de Sônia, parte da
história do bairro, que integrou
o núcleo colonial senador Antonio Prado, pode ser resgatada
agora pela internet. Documentos dos 35 núcleos coloniais
que existiram no Estado foram
digitalizados pelo Arquivo Público do Estado.
Da família Girotto, a Folha
encontrou o pedido de lote de
Guerino ao governo da época, o
recibo definitivo das terras, situadas no que hoje seria o Ipiranga. Também localizou uma
assinatura em um abaixo-assinado de 1892 no qual moradores requeriam a construção de
uma igreja católica no núcleo.
"Todos os tipos de documentos, desde títulos de propriedade até o registro de brigas de
colonos, existem em nosso arquivo", afirmou o coordenador
do Arquivo Público do Estado,
Carlos Bacellar. A digitalização
do acervo integra o projeto
Presença do Imigrante na Memória Nacional, realizado pelo
órgão durante o ano passado.
Para Adriana Capretz Manhas, a primeira a pesquisar a
história do núcleo Antonio
Prado, a disponibilização dos
papeis na internet premia especialmente os descendentes
dos imigrantes europeus, inclusive os interessados em obter cidadania estrangeira.
"A Itália, em 1887 [data de estabelecimento do núcleo Antonio Prado] ainda não estava
unificada. Por isso, muitas vezes, os descendentes não sabem nem a cidade onde a família nasceu para procurar documentos [exigidos para a obtenção de cidadania]. Esses documentos podem ajudar", afirmou a arquiteta.
Além disso, disse Capretz, a
digitalização representa economia para os pesquisadores.
"Durante o meu mestrado, eu
precisei viajar a São Paulo. Havia documentos que eu não podia manusear, porque eram antigos. O Arquivo precisou mandar uma caixa de disquetes
com documentos microfilmados para a minha casa."
Mesmo para quem não tem
interesse em pesquisa ou cidadania europeia, a leitura dos
documentos surpreende. O diretor do Instituto de Economia
da ACI-RP (Associação Comercial e Industrial de Ribeirão
Preto), Vicente Golfeto, emocionou-se ao saber que existem
documentos do avô Vicenzo,
com quem ele não conviveu,
disponíveis na rede.
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