Ribeirão Preto, Domingo, 24 de Janeiro de 2010

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Estado digitaliza memória de núcleo colonial italiano

Arquivo do Estado traz detalhes da ocupação da zona norte de Ribeirão no século 19

Documentos que foram colocados na internet ajudarão descendentes a obter a cidadania italiana, dizem especialistas

VERIDIANA RIBEIRO
DA FOLHA RIBEIRÃO

Sônia Maria Girotto, 79, é uma das poucas testemunhas vivas do início da ocupação da zona norte de Ribeirão por imigrante europeu. Conviveu com o patriarca, o avô Guerino Girotto, e descreve em detalhes os locais onde morou com a família no bairro Ipiranga.
Para os descendentes mais jovens, que não tiveram a mesma vivência de Sônia, parte da história do bairro, que integrou o núcleo colonial senador Antonio Prado, pode ser resgatada agora pela internet. Documentos dos 35 núcleos coloniais que existiram no Estado foram digitalizados pelo Arquivo Público do Estado.
Da família Girotto, a Folha encontrou o pedido de lote de Guerino ao governo da época, o recibo definitivo das terras, situadas no que hoje seria o Ipiranga. Também localizou uma assinatura em um abaixo-assinado de 1892 no qual moradores requeriam a construção de uma igreja católica no núcleo.
"Todos os tipos de documentos, desde títulos de propriedade até o registro de brigas de colonos, existem em nosso arquivo", afirmou o coordenador do Arquivo Público do Estado, Carlos Bacellar. A digitalização do acervo integra o projeto Presença do Imigrante na Memória Nacional, realizado pelo órgão durante o ano passado.
Para Adriana Capretz Manhas, a primeira a pesquisar a história do núcleo Antonio Prado, a disponibilização dos papeis na internet premia especialmente os descendentes dos imigrantes europeus, inclusive os interessados em obter cidadania estrangeira.
"A Itália, em 1887 [data de estabelecimento do núcleo Antonio Prado] ainda não estava unificada. Por isso, muitas vezes, os descendentes não sabem nem a cidade onde a família nasceu para procurar documentos [exigidos para a obtenção de cidadania]. Esses documentos podem ajudar", afirmou a arquiteta.
Além disso, disse Capretz, a digitalização representa economia para os pesquisadores. "Durante o meu mestrado, eu precisei viajar a São Paulo. Havia documentos que eu não podia manusear, porque eram antigos. O Arquivo precisou mandar uma caixa de disquetes com documentos microfilmados para a minha casa."
Mesmo para quem não tem interesse em pesquisa ou cidadania europeia, a leitura dos documentos surpreende. O diretor do Instituto de Economia da ACI-RP (Associação Comercial e Industrial de Ribeirão Preto), Vicente Golfeto, emocionou-se ao saber que existem documentos do avô Vicenzo, com quem ele não conviveu, disponíveis na rede.


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