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Dívida extra de R$ 111 mi espera prefeito
Valor, que corresponde a 10% do Orçamento atual, terá que ser pago pelo administrador de Ribeirão em 2018
Verba é referente às perdas salariais com o Plano Collor; analista diz que é uma "bomba" e secretário lamenta
ARARIPE CASTILHO
DE RIBEIRÃO PRETO
Uma "bomba" espera pelo
prefeito de Ribeirão que estiver no cargo em 2018. Ele terá
que pagar um extra de R$
111,125 milhões a cerca de
3.500 servidores municipais.
O valor, que representa
quase 10% do Orçamento
atual da prefeitura, é referente à última parcela do acordo
de pagamento das perdas
com o Plano Collor de 1990.
Pelo acordo, que foi firmado em 2008 com o sindicato
da categoria depois de disputa na Justiça e aprovação da
Câmara, as parcelas aumentam ano a ano.
Até o final de 2018, se o
compromisso assumido judicialmente for totalmente
honrado, o município terá
desembolsado R$ 572,666
milhões para quitar uma dívida que, hoje, é de R$
413,916 milhões. Isso porque
o valor principal é acrescido
de juros de 6% a cada ano
(ver quadro nesta página).
Neste ano, por exemplo, a
gestão Dárcy Vera (DEM) prevê pagar R$ 26,476 milhões,
o equivalente a 6,39% da dívida atual, mas, devido aos
juros, só vai abater, na prática, R$ 3,23 milhões.
O resultado dessa equação
é que o total a ser pago por
ano pela prefeitura entre
2010 e 2018, quando terminam as 120 parcelas da dívida, irá crescer 320%. Os cálculos feitos pela administração incluem a expectativa de
inflação do período.
Consultado pela Folha, o
analista financeiro Matheus
Figo, do Inepad (Instituto de
Ensino e Pesquisa em Administração), disse considerar o
acordo "uma bomba" para as
próximas administrações.
"A forma de pagamento
está ruim. Paga-se pouco no
início e muito nos últimos
anos. A distribuição das parcelas poderia ter sido mais
igualitária, em vez de jogar a
maior parte da dívida para o
final", afirmou.
A administração atual
-que aumentou os gastos
públicos, reduziu o caixa
municipal em 67% só no primeiro ano e reinaugurou o
deficit financeiro na prefeitura- queixa-se do compromisso herdado.
O secretário da Casa Civil,
Layr Luchesi Júnior, disse
que o acordo firmado com os
servidores municipais pela
administração de Welson
Gasparini (PSDB) é desfavorável para o governo.
"É um acordo extremamente leonino. Poderia pesar
menos no Orçamento municipal. Não foi uma boa estratégia, na nossa opinião", disse Luchesi.
O ex-prefeito, que deixou
R$ 120,233 milhões em caixa
quando deixou o cargo, no final de 2008, rebate: "O acordo, na época, foi muito bom
para o funcionalismo e era
também para a prefeitura".
O Sindicato dos Servidores
Municipais de Ribeirão afirma que, por enquanto, apesar da queixa do secretário
da Casa Civil, a prefeitura
tem honrado o pagamento
das parcelas do acordo (leia
nesta página).
"FAÇA MELHOR"
Gasparini defendeu o
acordo, mas não quis comentar os aspectos técnicos da
negociação. Deixou essa parte do assunto para o seu então secretário da Fazenda,
Afonso Reis Duarte.
"Quando fizemos o plano,
era condizente com a capacidade de pagamento da prefeitura. O administrador
atual, que vive outro momento, se entende que pode fazer
melhor, que discuta com o
sindicato e envie uma nova
proposta para a Câmara",
disse Duarte.
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