Ribeirão Preto, Domingo, 24 de Outubro de 2010

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Subsídio é eficaz, mas não põe fim à pobreza

Especialistas defendem que haja mais investimentos em educação

Para sociólogo, é "atraso moral" não entender que oferecer auxílio é proteger os membros mais fracos

DE RIBEIRÃO PRETO

Especialistas ouvidos pela Folha são unânimes em afirmar que o programa Bolsa Família, a um custo relativamente baixo, atuou de forma eficaz contra a miséria. Mas dizem que é necessário dar um passo à frente e investir em educação e também em oferta de emprego.
O sociólogo Jessé de Souza, coordenador do Centro de Pesquisa sobre Desigualdade Social da Universidade Federal de Juiz de Fora, é autor do livro "A Ralé Brasileira", onde aborda a mão de obra barata de cargos não qualificados como babás, porteiros e motoboys que a sociedade não se incomoda em manter.
Souza diz não ver problemas em famílias carentes receberem por 15, 20 anos um auxílio do governo.
"É o Estado e a sociedade assumindo a responsabilidade por seus membros mais fracos. É absurdo, é atraso moral os que não compreendem isso e que igualam esse sujeito do Bolsa Família ao de qualquer outra classe, dizendo que ele é preguiçoso."
Por outro lado, ele defende que o programa é insuficiente para "redimir essa classe da sua situação de exclusão". "Deveria ter mais investimentos, como acesso ao microcrédito."
De acordo com o economista Marcelo Neri, coordenador do Centro de Pesquisas Sociais da FGV-Rio, o Bolsa Família tem um excelente custo benefício: custa 0,4% do PIB e atinge 45 milhões de pessoas.
"É uma boa plataforma. Mas aquilo que você faz a partir dela é que deveria estar sendo mais discutido e não vejo isso."
Para Neri, é preciso colocar o foco na educação, não só verificando se a criança frequenta a escola.
"Precisa pensar na performance escolar dos alunos, em incentivos, em criar prêmios para os alunos que evoluem." (JULIANA COISSI)


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