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Contra greening, Bebedouro erradica planta
Murta favorece proliferação da bactéria da doença que destroi plantações de laranja
VENCESLAU BORLINA FILHO
DE RIBEIRÃO PRETO
O boom do número de talhões de laranja contaminados pelo greening em Bebedouro obrigou o prefeito João
Batista Bianchini (PV), o Italiano, a decidir pela erradicação da Murraya paniculata,
planta mais conhecida como murta, da cidade.
A planta é hospedeira da bactéria causadora da doença que inviabiliza o cultivo e
exige a extração total dos pés de laranja no local. Dados do Fundecitrus (Fundo de Defesa da Citricultura) mostram crescimento de 1,7% para 27% de talhões contaminados em Bebedouro.
"A laranja representa 40% da nossa economia e a presença da murta gera um risco
muito grande à produção.
Então, decidimos erradicar a planta em toda a cidade e
substituí-la por vegetação
que não cause problema a citricultores", disse o prefeito.
A erradicação foi aprovada
pelos vereadores em um projeto de lei que prevê, inclusive, multa aos proprietários
de imóveis que não eliminarem a planta. O valor da multa é de R$ 148, após a primeira notificação.
Segundo o prefeito, um levantamento está sendo feito
na cidade para identificar onde estão cultivadas as plantas. Até agora, de acordo com
Bianchini, a maior concentração está no cemitério municipal. "Vamos erradicar toda a plantação [de murta] no
cemitério", disse.
O prefeito afirmou que o
Departamento do Meio Ambiente da cidade deve concluir em breve um levantamento para identificar a melhor espécie para substituir a
planta erradicada.
"Vamos substituir as plantas por arbustos que contribuam com o meio ambiente", afirmou Bianchini.
O presidente do Fundecitrus, Lourival Carmo Mônaco, disse que a murta serve
para multiplicação das bactérias causadoras do greening. "As bactérias entram
nas flores e se multiplicam.
Por isso é importante sua erradicação para não afetar os
pomares", afirmou.
Outros municípios como
Casa Branca, Brotas, Itápolis
e Taquaritinga já fizeram a
erradicação da murta. "Enquanto podemos tomar medidas contra o greening, seguimos em frente com o cultivo", disse Mônaco.
Nesta semana, em Araraquara, o Fundecitrus realizou mais um simpósio para
discutir o avanço da doença
nos laranjais. Os pesquisadores analisaram o tratamento
dado ao caso no Estado de
São Paulo e também na Flórida, nos Estados Unidos.
O Brasil é o maior exportador mundial de laranja e os
Estados Unidos estão em segundo. De acordo com Mônaco, o trabalho feito no Brasil
para prevenir o greening é
melhor que o realizado nos
pomares americanos.
"Nós estamos bem à frente
deles. É uma evolução, tudo
graças à consciência do produtor, das autoridades sanitárias e das indústrias."
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