Ribeirão Preto, Domingo, 24 de Outubro de 2010

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Contra greening, Bebedouro erradica planta

Murta favorece proliferação da bactéria da doença que destroi plantações de laranja

VENCESLAU BORLINA FILHO
DE RIBEIRÃO PRETO

O boom do número de talhões de laranja contaminados pelo greening em Bebedouro obrigou o prefeito João Batista Bianchini (PV), o Italiano, a decidir pela erradicação da Murraya paniculata, planta mais conhecida como murta, da cidade.
A planta é hospedeira da bactéria causadora da doença que inviabiliza o cultivo e exige a extração total dos pés de laranja no local. Dados do Fundecitrus (Fundo de Defesa da Citricultura) mostram crescimento de 1,7% para 27% de talhões contaminados em Bebedouro.
"A laranja representa 40% da nossa economia e a presença da murta gera um risco muito grande à produção. Então, decidimos erradicar a planta em toda a cidade e substituí-la por vegetação que não cause problema a citricultores", disse o prefeito.
A erradicação foi aprovada pelos vereadores em um projeto de lei que prevê, inclusive, multa aos proprietários de imóveis que não eliminarem a planta. O valor da multa é de R$ 148, após a primeira notificação.
Segundo o prefeito, um levantamento está sendo feito na cidade para identificar onde estão cultivadas as plantas. Até agora, de acordo com Bianchini, a maior concentração está no cemitério municipal. "Vamos erradicar toda a plantação [de murta] no cemitério", disse.
O prefeito afirmou que o Departamento do Meio Ambiente da cidade deve concluir em breve um levantamento para identificar a melhor espécie para substituir a planta erradicada.
"Vamos substituir as plantas por arbustos que contribuam com o meio ambiente", afirmou Bianchini.
O presidente do Fundecitrus, Lourival Carmo Mônaco, disse que a murta serve para multiplicação das bactérias causadoras do greening. "As bactérias entram nas flores e se multiplicam. Por isso é importante sua erradicação para não afetar os pomares", afirmou.
Outros municípios como Casa Branca, Brotas, Itápolis e Taquaritinga já fizeram a erradicação da murta. "Enquanto podemos tomar medidas contra o greening, seguimos em frente com o cultivo", disse Mônaco.
Nesta semana, em Araraquara, o Fundecitrus realizou mais um simpósio para discutir o avanço da doença nos laranjais. Os pesquisadores analisaram o tratamento dado ao caso no Estado de São Paulo e também na Flórida, nos Estados Unidos.
O Brasil é o maior exportador mundial de laranja e os Estados Unidos estão em segundo. De acordo com Mônaco, o trabalho feito no Brasil para prevenir o greening é melhor que o realizado nos pomares americanos.
"Nós estamos bem à frente deles. É uma evolução, tudo graças à consciência do produtor, das autoridades sanitárias e das indústrias."


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