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Morre menino de 15 anos baleado por PM
Policial militar trabalhava como segurança de forma ilegal em boate de classe média baixa quando atirou no adolescente
Edimar Lopes Júnior foi enterrado ontem à tarde; pai abriu o caixão e cantou parabéns ao jovem que faria aniversário na sexta-feira
VERIDIANA RIBEIRO
DA FOLHA RIBEIRÃO
Morreu anteontem à noite o
adolescente Edimar Lopes Júnior, 15, baleado na madrugada
do mesmo dia por um policial
militar na porta de uma boate
de classe média baixa do bairro
Ipiranga, em Ribeirão Preto.
O soldado Allan Carlos Oliveira Nogueira, 29, trabalhava
ilegalmente como segurança,
segundo a polícia. Anteontem,
ele confessou o crime, segundo
a Polícia Civil, e foi preso.
Pelo menos cem pessoas, entre familiares e amigos, foram
ao sepultamento ontem à tarde. O clima era de revolta.
"Esse homem tinha de ir pra
cadeia. Não é possível ele ficar
impune", dizia Fabiana Fernandes, 28, amiga da família,
em referência ao dono da boate
TNT Clube Mix, Peterson Luiz
Ruciretta, 33, que será investigado pela Polícia Civil. A reportagem não conseguiu localizar
Ruciretta ontem.
A mãe da vítima, Andreia de
Moraes, permaneceu no velório sob efeito de calmantes. À
Folha, ela disse que a família
pretende processar Ruciretta e
o Estado pelo que aconteceu.
Edimar Lopes, 42, pai do
adolescente morto, pediu a interrupção do funeral, abriu o
caixão minutos antes do enterro, e sugeriu às pessoas que
cantassem "Parabéns" ao filho,
que completaria 16 anos na
próxima sexta-feira. Depois da
homenagem, as pessoas gritaram "Justiça" repetidas vezes.
Quatro adolescentes com
idade entre 14 e 16 anos que
participaram o velório contaram à Folha que a boate era
frequentada praticamente só
por menores de 18 anos. "Ia
gente de 12 anos pra cima", disse uma delas. Todas afirmaram
que a venda de bebidas alcoólicas no local não era controlada
e que drogas como maconha
eram consumidas livremente
dentro da boate e nas proximidades da casa noturna.
Edimar Lopes Júnior morreu em frente à boate depois de
levar um tiro na face, na altura
da narina esquerda. A bala
atravessou o crânio e saiu pela
nuca do jovem. Ele chegou a
ser internado no CTI (Centro
de Terapia Intensiva) da Santa
Casa de Ribeirão.
Segundo o delegado Leandro
Árabe, o acusado disse que atirou duas vezes para o alto e que
a bala atingiu acidentalmente
Lopes Júnior. Em depoimento,
segundo a polícia, ele afirmou
que tudo começou a partir de
uma briga dentro da boate, que
gerou um tumulto. O soldado
disse que se desequilibrou ao
ser atingido por um objeto arremessado contra ele, o que teria feito com que o tiro atingisse o adolescente.
Árabe indiciará Nogueira por
homicídio duplamente qualificado. "O motivo do crime foi
fútil, e a vítima estava desarmada, não apresentava condições de defesa."
Assassinato
Na madrugada de ontem,
houve outro homicídio em Ribeirão, no bairro Ipiranga. A
vendedora Katiushia Okuhara,
27, foi encontrada morta em
sua casa, com um tiro no peito.
Vizinhos contaram à polícia
que o possível assassino é o marido da vendedora, que era envolvido com tráfico de drogas e
roubo a banco. Segundo os vizinhos, o casal sempre brigava.
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