Ribeirão Preto, Segunda-feira, 25 de Janeiro de 2010

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Morre menino de 15 anos baleado por PM

Policial militar trabalhava como segurança de forma ilegal em boate de classe média baixa quando atirou no adolescente

Edimar Lopes Júnior foi enterrado ontem à tarde; pai abriu o caixão e cantou parabéns ao jovem que faria aniversário na sexta-feira

VERIDIANA RIBEIRO
DA FOLHA RIBEIRÃO

Morreu anteontem à noite o adolescente Edimar Lopes Júnior, 15, baleado na madrugada do mesmo dia por um policial militar na porta de uma boate de classe média baixa do bairro Ipiranga, em Ribeirão Preto.
O soldado Allan Carlos Oliveira Nogueira, 29, trabalhava ilegalmente como segurança, segundo a polícia. Anteontem, ele confessou o crime, segundo a Polícia Civil, e foi preso.
Pelo menos cem pessoas, entre familiares e amigos, foram ao sepultamento ontem à tarde. O clima era de revolta.
"Esse homem tinha de ir pra cadeia. Não é possível ele ficar impune", dizia Fabiana Fernandes, 28, amiga da família, em referência ao dono da boate TNT Clube Mix, Peterson Luiz Ruciretta, 33, que será investigado pela Polícia Civil. A reportagem não conseguiu localizar Ruciretta ontem.
A mãe da vítima, Andreia de Moraes, permaneceu no velório sob efeito de calmantes. À Folha, ela disse que a família pretende processar Ruciretta e o Estado pelo que aconteceu.
Edimar Lopes, 42, pai do adolescente morto, pediu a interrupção do funeral, abriu o caixão minutos antes do enterro, e sugeriu às pessoas que cantassem "Parabéns" ao filho, que completaria 16 anos na próxima sexta-feira. Depois da homenagem, as pessoas gritaram "Justiça" repetidas vezes.
Quatro adolescentes com idade entre 14 e 16 anos que participaram o velório contaram à Folha que a boate era frequentada praticamente só por menores de 18 anos. "Ia gente de 12 anos pra cima", disse uma delas. Todas afirmaram que a venda de bebidas alcoólicas no local não era controlada e que drogas como maconha eram consumidas livremente dentro da boate e nas proximidades da casa noturna.
Edimar Lopes Júnior morreu em frente à boate depois de levar um tiro na face, na altura da narina esquerda. A bala atravessou o crânio e saiu pela nuca do jovem. Ele chegou a ser internado no CTI (Centro de Terapia Intensiva) da Santa Casa de Ribeirão.
Segundo o delegado Leandro Árabe, o acusado disse que atirou duas vezes para o alto e que a bala atingiu acidentalmente Lopes Júnior. Em depoimento, segundo a polícia, ele afirmou que tudo começou a partir de uma briga dentro da boate, que gerou um tumulto. O soldado disse que se desequilibrou ao ser atingido por um objeto arremessado contra ele, o que teria feito com que o tiro atingisse o adolescente.
Árabe indiciará Nogueira por homicídio duplamente qualificado. "O motivo do crime foi fútil, e a vítima estava desarmada, não apresentava condições de defesa."

Assassinato
Na madrugada de ontem, houve outro homicídio em Ribeirão, no bairro Ipiranga. A vendedora Katiushia Okuhara, 27, foi encontrada morta em sua casa, com um tiro no peito. Vizinhos contaram à polícia que o possível assassino é o marido da vendedora, que era envolvido com tráfico de drogas e roubo a banco. Segundo os vizinhos, o casal sempre brigava.


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