Ribeirão Preto, Domingo, 25 de Outubro de 2009

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Parques "virtuais" são maioria em Ribeirão

De 19 parques existentes na cidade, ao menos 11 ainda não foram totalmente implantados ou não receberam melhorias

Moradores vizinhos de algumas áreas reclamam das consequências causadas pela falta de urbanização dos parques da cidade

Edson Silva/Folha Imagem
Geraldo Rodrigues com o neto Gabriel no parque Ribeirão
Verde, que apresenta falta de manutenção


LEANDRO MARTINS
DA FOLHA RIBEIRÃO

Ribeirão Preto tem, no papel, um número de parques públicos de fazer inveja a outros municípios. Porém, na prática, é possível constatar que a maior parte desses espaços não passa de parques "virtuais", que não receberam investimentos e que, quase sempre, são só matas ou áreas de reflorestamento sem atrativos ou melhorias para os bairros próximos.
Levantamento feito pela Folha com base em leis municipais e projetos de parques anunciados mostra que, de um total de 19 parques públicos, ao menos 11 não foram definitivamente implantados.
Outros sete funcionam e mais um deve ser inaugurado em breve, o Parque Roberto de Mello Genaro, que está em conclusão entre as avenidas Santa Luzia e Caramuru.
A área total dos 19 parques pesquisados soma quase 2,1 milhões de m2, sendo que os 11 espaços "virtuais" representam 54,6% de toda essa área: 1,14 milhão de m2.
A prefeitura alega que não há recursos suficientes para investir em todas as áreas. Segundo o secretário do Meio Ambiente, Joaquim Rezende, o alto valor necessário para a manutenção dos parques que já existem também dificulta.
Sem urbanização, algumas das áreas acabam se transformando em alvos de reclamações de moradores vizinhos, por causa do excesso de mato, despejo de lixo e presença de usuários de drogas.
Segundo moradores, situações desse tipo ocorrem com frequência na área prevista para receber o Parque Orestes Lopes de Camargo, no Jardim José Sampaio. A área de quase 20 mil m2 tem uma mata fechada, o que não impede a entrada de usuários de entorpecentes e o despejo de lixo.
A falta de iluminação também preocupa. "A gente tem medo de passar por aqui porque é escuro. É bom ter as árvores, mas precisa cuidar", afirmou a aposentada Valdelice Aparecida Ezequiel, 65.
No Parque José Maria Morgade Miranda, no Jardim Independência, faltam calçadas, equipamentos de lazer e o mato está alto. Há dois campos de futebol improvisados, que foram feitos pela comunidade.
Vizinhos do local também reclamam de insegurança. "Estávamos caminhando aqui e levaram a bicicleta da minha filha. À noite virou uma cracolândia", disse a dona de casa Selma Regina Bastos, 51.
O Parque Ribeirão Verde, no Florestan Fernandes, até chegou a ser preparado para receber visitantes. Nove trilhas foram abertas na mata existente no local e foram colocados bebedouros de água.
Mas a situação atual é de abandono. Um dos poços feitos para fornecimento de água a animais que habitam o bosque está tomado pelo mato.
O diretor de esportes da Associação dos Moradores do Complexo Ribeirão Verde, Geraldo Rodrigues, 52, afirmou que estudantes utilizam o local para caminhadas, mas que poderia ser melhor se tivesse mais estrutura. "Há dez anos escuto falarem que vão melhorar", afirmou o diretor.
A educadora ambiental e presidente do Comdema (Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente), Simone Kandratavicius, disse que os investimentos em parques e jardins são importantes para melhorar a qualidade de vida da população. "Os parques têm a função de regulação climática."


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